CONVITE
Ao Leitor:
O que é um haicai?
O haicai é poesia
epigramática, tipicamente japonesa, composta de versos de 5-7-5 sílabas
métricas. Nasceu do renka, poema bipartido originário de waka, tradicional
poesia japonesa da era mitológica, de trinta e uma sílabas (5-7-5-7-7). O renka
era geralmente composto por dois ou mais poetas em estrofes alternadas e
formado por 36, 50, 100, 1000 ou mais estrofes.
Como diz o mestre
brasileiro Luís Antônio Pimentel, Matsuo Munefusa, nascido em Tóquio, no século
XVII, foi o Petrarca do haicai, estabelecendo seus cânones. Bashô, como era
mais conhecido, mantinha a prática com seus discípulos durante viagens e
escreveu muitos hokku – a primeira, e a mais importante, estrofe de um renka.
Em termos
genéricos, o haicai é um sansei, ou seja, a terceira geração. O modelo canônico
traz o aspecto da sazonalidade, com as estações do ano, direta ou
indiretamente, presentes nos poemas.
O poeta capta, no
presente, variações concretas da natureza, cores e imagens, de modo suave e
harmonioso, nos moldes de uma foto. Deve expressar o máximo com um mínimo de
palavras. A primeira pessoa nunca deve estar incluída, mas somente os encantos
da vida.
Com a morte de
Bashô, o haicai passou por um período de decadência. Misturou-se com o zappai,
diferentes formas de haicai, e com o senryu, poesia jocosa ou satírica. Ambas
muito populares, no século XVII, transmitiam ideias, políticas e filosóficas,
carregadas de ironia. Desenvolvida por Karai Senryu, esta última foi uma das
últimas formas e um dos mais conhecidos tipos de zappai, com clara expressão de
sentimentos do povo no seu dia a dia.
No século XVIII, o
haicai começa a se reabilitar e no século XIX, o hokku ganhou destaque e
autonomia ao ser chamado de haiku por Masaoka Shiki, que o entendia como uma combinação
de haikai com hokku. Já no século XX, o haiku floresceu em todo o mundo,
adaptado para diversos idiomas. No Brasil, nunca deixou de ser chamado de
haikai ou haicai.
O livro do escritor e poeta Geraldo Caldas oferece ao leitor a poesia de
estilo puro. E um tanto de filosofia. Percebe-se a influência das variações da
natureza na alma do autor, impregnada de suave lirismo e denso poder emocional.
Leda Mendes Jorge
Explicações necessárias:
Este livro é fruto de
quase três anos de hibernação. São páginas humildes de um coração envelhecido,
mas que traz a lume os lampejos da inspiração, vindo do mundo poético da sua
alma.
São haicais singelos,
mas que encerram, na subjetividade dessa forma sintética de expressar, um
profundo amor a Deus, aos seres humanos e à natureza. Tais versos procuram, na
sua contenção, traduzir não só a alegria de viver e de conviver, como
também os anseios que todos temos dentro d’alma.
A delonga no
lançamento deste livro deveu-se ao meu precário estado de saúde: insuficiência
cardíaca, aliada a uma anemia perniciosa que perturbou grande parte da minha
vida, levando-me a hospitais: Casa de Saúde São José – Rio de Janeiro, onde
estive internado por 8 vezes, e no Sírio-Libanês – São Paulo, onde fui operado
do coração. Além do mais, o coração enfraquecido obrigou-me a três transfusões
de sangue.
Diante desse
quadro, posso asseverar que, se tenho alcançado certa longevidade, devo-o
a minha fé inabalável em Deus, que jamais me abandonou.
Quanto aos haicais,
tenho a dizer que são composições muito simples, mas parecia-me, a princípio,
faltarem alguns adereços que lhes aclarassem detalhes e emprestassem certo
efeito estético. Como uma força inexorável do destino, eis que conheci o
ilustre médico, poeta, escritor e Acadêmico Wanderley Francisconi Mendes, uma
personalidade verdadeiramente encantadora, e sua esposa Maria. Tive o
privilégio de receber algumas obras da autoria do confrade Francisconi, todas
com dedicatória e esse fato faz-me lembrar Xavier Placer, ao dizer: “Ó Céus! Ele
tem a poesia! Tem e a distribui aos outros...”
No volume Antologia
& Novos Poemas, Francisconi, numa dedicatória improvisada, deixa o seu
abraço no soneto que consta neste Gotas de Orvalho. “A Geraldo Caldas, Poeta”.
Assim, lendo as obras do ilustre escritor, percebi-lhes algumas ilustrações,
todas de uma beleza sem par. Resolvi então conhecer o artista e contactei
com ele, pois estava decidido a dar maior destaque e alguma harmonia ao meu
modesto trabalho. David Queiroz, este é o seu nome, é autor de vários projetos
para diversas obras, e artista renomado, de quem tive a honra de me tornar
admirador e amigo.
Quero acrescentar
que, se minha saúde permitir, pretendo lançar mais dois livros, um de discursos
acadêmicos, que está em fase de revisão, e outro que estou preparando, com
poemas e alguns escritos.
Ficam aí estes
haicais ilustrados, esperando possam agradar a quem tiver em mãos o meu
despretensioso trabalho.
Geraldo Caldas
Prefácio:
Sinto-me grato e
envaidecido por haver sido escolhido por meu conterrâneo ilustre, o poeta
Geraldo Caldas, – nascido como eu na maravilhosa Miracema do Milagre de Santo
Antônio – para prefaciar esta bem-vinda publicação.
Seu livro de versos
de origem nipônica, denominados haicais – a menor poesia canônica da literatura
universal, sem rima, sem título, respeitando apenas a métrica, intitula-se
“Gotas de Orvalho”. Nome feliz. Quase metafórico. Por sua transparência e
cintilância e, principalmente, por sua síntese, é um nome feliz.
Seus versos de poesia
típica japonesa do Século XVII, codificados por Matsuo Bashô, são formados por
três versos apenas – 1 verso de 7 sílabas ensanduichado por 2 de 5.
Sem agressões
semânticas, seus belos e fulgurantes haicais irão, por certo, formar com outros
autores do mesmo estilo canônico, a nossa biografia nacional haicaísta.
“Gotas de Orvalho”,
do poeta lírico Geraldo Caldas, obra de primeira plana no gênero entre
nós, vai nos mostrar, embora sem alarde, a atividade literária de Miracema de
Santo Antônio dos Brotos.
Luís Antônio Pimentel
Primeira Orelha:
O advogado e poeta
Geraldo Caldas, com este “Gotas de Orvalho”, seu primeiro livro de haicais,
leva ao prado miracemense a poesia síntese. Colheu no campo poético o prazer de
contar segredos. Da fazenda. Moendo histórias.
Membro de algumas
academias, destaque para a Miracemense e a Fluminense de Letras, Geraldo Caldas
é poeta com um carrossel de lembranças. Boas. Daquelas que não escapam do
paraíso que é a sua cidade natal.
Água de moringa,
(5) / Fazenda dos meus avós. (7) / Saudades da infância. (5)
Ao reacender sua
memória, o poeta Caldas vai escrevendo suas reminiscências como quem ara a
terra. Fértil. E, depois da chuva de palavras surge, límpido, mais um haicai:
Na tarde cinzenta,
(5) / os pingos de chuva fina (7) / são o sol em pranto. (5)
Sempre encantado
com as amizades duradouras, o poético Geraldo vai se envolvendo numa atmosfera
de encantamentos que, inesperadamente, se depara com tantas ausências expressas
em nomes: Nemécio, Élio, Thomas e Alaôr... e é deste antigo rábula que registra
sua saudade:
Espumas de
lágrimas. (5) / Rio Paraíba chora (7) / Poeta Alaôr. (5)
Não dá para separar
o bacharel do haicaista, sempre engajado no ofício da oratória. E é para sua
terra miracemense que Geraldo Caldas expressa o amor de filho pródigo:
Eterna saudade (5)
/ Do Nilo e da Filhinha (7) / Meus queridos pais. (5)
É curso que segue
neste rio de flores que vai brotando às margens do pensamento. Engajamentos.
Pelo bem viver. Querência do espírito romântico amparado na sabedoria e na fé.
Duas violetas, (5)
/ pequenas e perfumadas, (7) / são olhos de Deus. (5)
Os haicais de
Geraldo Caldas mostram seu entusiasmo ao percorrer a lida do mestre nos braços
da afetividade. Somente os grandes poetas conseguem transmitir esta
sensibilidade. Que prazer ter mais um haicaista dos bons entre nós!
Paulo Roberto Cecchetti
Segunda Orelha:
Iluminados instantes
pela síntese do haicai
Retratos de vida e
pensamentos se aglutinam nas linhas deste livro. Haicais desfilam pelas
páginas, e a beleza, em linguagem sintetizada, alia-se à sabedoria e ao
espírito inquieto do escritor. Da observação arguta, fragmentos de existência –
fatos, saberes e experiências – emergem.
O advogado
transparece no pragmatismo das ideias, enquanto o poeta transborda imagens.
Geraldo de Freitas Caldas congregou, nesta obra, a essência do ser,
transformado em poesia: palavra e sonho, espírito e matéria, raízes e futuro.
As mãos trabalharam e o coração se emocionou. Tudo se integra: o esteta e o
bacharel, o professor e o eterno aprendiz.
A inspiração
primordial vem-lhe da infância, de Miracema, pequeno rincão do Noroeste
Fluminense. Lá, Geraldo buscou estrelas onde não havia mar, entre paisagens de
verdejantes elevações. Ao chegar a Niterói, descobriu brilhos fosforescentes
nas águas do mar e novas estrelas se incorporaram à imaginação.
Sua bagagem poética
enriqueceu-se com múltiplas visões amealhadas. Poesia só poderia ser o
resultado.
O artista pôs no
ritmo das palavras o bater do coração, o compasso da vida na brevidade das
linhas de toda uma existência. É o criador de imagens, pois só o poeta sabe
transformar ideias em arte escrita. Assim é Geraldo Caldas, doando pedaços de
sapiência e arte.
Em Gotas de
Orvalho, o haicai que dá nome ao livro, sua sensibilidade transparece em poucas
palavras ao criar o efeito do “frescor da manhã em gotas de orvalho”.
Temos, aqui, uma
ode em louvor à natureza, canto que o escritor nos oferece em inspiradas
linhas.
Mauro Carreiro Nolasco
GERALDO FREITAS CALDAS
Nasceu em Miracema. Bacharelou-se em Direito, em 1953, na Faculdade
de Direito de Niterói, incorporada, em novembro de 1965, à Universidade Federal
Fluminense com a denominação de Faculdade de Direito da Universidade Federal
Fluminense.
Foi conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil – seção Niterói e
diretor da Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Presidiu o Serra Clube de Niterói, de âmbito internacional. É detentor do
título de Cidadão Honorário dos municípios fluminenses de Niterói, São Gonçalo
e São Fidélis, assim como das medalhas D. João VI (concedida pelo Instituto
Histórico e Geográfico de Niterói) e do Ministério Público/RJ. Além de integrar
o quadro de acadêmicos titulares da ANL, filia-se às seguintes instituições:
Instituto Histórico e Geográfico de Bom Jardim (cofundador); Academia
Fluminense de Letras; Academia Miracemense de Letras; Instituto Histórico e
Geográfico de Niterói; e Elos Clube de Niterói.
Tem, prontos para o prelo,
os livros Palavras ao vento (discursos),
Reminiscências (autobiografia)
e Gotas de orvalho (haicais).
Possui poemas publicados nos volumes I, II, III e IV de Gotas literárias –revista da Academia Miracemense de
Letras e textos literários
na Revista do Cenáculo
Fluminense de História e Letras, edições de 2009 a
2012.
Local do Lançamento:
Clube Central
Praia de Icaraí 335 – Icaraí
- Tel.: 2711-0889
Dia 23 de junho de 2015 – 3ª feira às
17 horas.
REALIZAÇÃO
Parthenon Centro de Arte e Cultura
Rua General Andrade Neves 40 – Centro
24210-000 - Niterói – RJ
Tel.: 2722-2256 -
3619-8119
APOIO E DILVUGAÇÃO
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