sábado, 17 de junho de 2023

MUSEU DE CLUNY – PARIS – FRANÇA


O MUSEU DE CLUNY, oficialmente, chamado de Museu Nacional da Idade Média (em francês: Musée National du Moyen-Âge), é um museu de Paris dedicado à preservação de um rico acervo de arte medieval.

O Museu está instalado em dois edifícios históricos adjacentes: as Termas Galo-Romanas (séculos I-III d.C.) e a ala residencial dos monges de Cluny (século XV), chamada de Hôtel de Cluny. 


Sua coleção vem sendo reunida desde a formação do núcleo original de peças pertencentes ao colecionador Alexandre du Sommerard, que por algum tempo residiu no local. Desde sua fundação como museu em 1843 a coleção vem sendo ampliada, e hoje é capaz de formar um panorama abrangente de arte e história desde a Gália Romana até o século XV 

No início do século XIII a Universidade de Paris se transferiu para a região que mais tarde se tornaria o Quartier Latin. Como era hábito, a universidade era a um tempo centro de estudo e moradia. O colégio foi erguido na segunda metade do século XIII onde hoje é a Sorbona, e já não existe mais, e a parte residencial foi levantada a partir de 1334, incorporando o frigidário das antigas Termas Galo-Romanas. Foi reconstruído no século XV pelo abade de Cluny, Jacques d'Amboise, numa combinação de elementos góticos e renascentistas, criando um pátio cercado de muros e duas alas de aposentos, de dois andares.

Em anos posteriores o edifício serviu para várias finalidades, e entre seus ocupantes estiveram Maria Tudor e o Cardeal Mazzarino, sendo confiscado pelo estado em 1793. Alexandre de Sommerard se mudou para lá em 1833 e instalou sua grande coleção de peças medievais e renascentistas, que constituíram o núcleo inicial do museu. Falecendo em 1842, sua coleção foi adquirida pelo estado e seu filho foi indicado curador, sendo aberta ao público no ano seguinte. A configuração do interior ainda é a mesma da época de sua construção, e o conjunto é um dos mais significativos exemplos de arquitetura do fim da Idade Média em Paris. 

As Termas Galo-Romanas são um dos mais importantes sítios arqueológicos romanos em solo francês, remanescentes de um tempo em que Paris, a antiga Lutécia, se desenvolvia em uma grande cidade, com imponentes monumentos e villas aristocráticas. Parte do edifício está em um estado bastante razoável de conservação em virtude de seu uso continuado ao longo de toda a Idade Média, servindo a diferentes usos após sua desativação como casa de banhos. Divide-se em três espaços principais: O antigo frigidário (anexado ao Hôtel), uma calda e um caldário, estes últimos em estado de ruína parcial, mantendo ainda as paredes e fragmentos decorativos como mosaicos.

Os espaços do Hôtel e das Termas estão integrados num percurso museal unificado, com cerca de 20 salas de exposição. O complexo é completado por um jardim de 5 mil m² que recria em uma interpretação livre o espírito dos jardins medievais.

A COLEÇÃO. O ACERVO DO MUSEU DE CLUNY ESTÁ DIVIDIDO NOS SEGUINTES DEPARTAMENTOS:

Antiguidade e início da Idade Média, com peças que atestam o processo de romanização da Gália e outras dos povos bárbaros invasores de períodos mais tardios, com joias, elementos de cantaria e esculturas, placas de marfim esculpido, e peças litúrgicas. Muitos itens são originários de regiões distantes como o Egito, Ásia Menor, Império Bizantino e Espanha, registrando o intenso intercâmbio cultural e comercial entre a Gália e outras regiões do império romano. 

Mundo Românico, com variedade de peças ilustrando as variadas correntes estilísticas em atuação no período, provenientes de diversas partes das Europa, com tapeçarias, iluminuras, esmaltes, vitrais, estatuária, além de vários capitéis e esculturas resgatados aquando da demolição das abadias de Saint-Germain-des-Prés e de Sainte-Geneviève durante o Império.

TAPEÇARIA DA SÉRIE A DAMA E O UNICÓRNIO

Tapeçarias, Tecidos e Bordados, com uma das mais importantes coleções em seu gênero, com obras provenientes do Império Bizantino, Oriente Médio, Egito e Europa. Dentre as peças mais notáveis estão as tapeçarias da série A Dama e o Unicórnio, a Libertação de São Pedro, e a Vida de Santo Estevão. 

Escultura Gótica, com rico acervo de peças que mostram a evolução da arte da escultura na Paris dos séculos XII e XIII, com uma série peças e fragmentos originários de catedrais e outras igrejas, que haviam sido roubadas ou depredadas na Revolução Francesa, e que vêm sendo recuperadas em uma feliz série de coincidências. 

Pinturas, Miniaturas e Vitrais, reunindo itens de técnicas diversas, mas que têm a cor como interesse central.

Marfim e Ourivesaria, com uma das mais ricas coleções de peças em metais e pedras preciosas e esmaltes, com obras-primas como as Coroas de Guazarrar, de Toledo, e o Altar de Bale, proveniente do tesouro da Catedral de Bale, e uma das maiores esculturas em marfim da Madonna hoje existentes.

Empréstimos, com uma variedade de obras em exposição temporária emprestadas de grandes museus da França, Europa e América.


O Frigidário das Termas Galo-Romanas, um dos trechos mais bem preservados dessas ruínas.

Tapeçaria da série A Dama e o Unicórnio


A tapeçaria do século XV A Dama e o unicórnio (La Dame à la licorne) encanta o visitante que adentra na sala escura do Musée Cluny, em Paris. O museu medieval abriga esse conjunto de seis enormes tapeçarias que possuem uma grande alegoria sobre os cinco sentidos, e um sexto, que alimenta o grande mistério sobre tal personagem e a criatura ao seu lado. Com tons avermelhados, de vinho nobre e detalhes em dourado, a tapeçaria se ergue enorme diante dos olhos e reserva uma história para contar.

Descoberto em 1841 por Prosper Mérimée em Boussac Castelo (Creuse), a tapeçaria é adquirida em 1882 por Edmond Du Sommerard, primeiro diretor do Museu de Cluny. A obra é composta por seis tapeçarias, como alegorias dos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. O mistério da sexta, porém, é que ela ganha o título apenas de “Mon seul désir”, meu único desejo. As possibilidades de sua representação trazem à tona uma ênfase no amor humano ou mesmo na ascensão espiritual que seria esse sexto sentido. A sequência das tapeçarias, também, pode sugerir a ascensão social desta dama que se oferece ao casamento. 

Na tapeçaria, há presente o luxo das roupas com texturas de veludo, musselina e seda, além de joias detalhadas evidenciando a posição social da personagem. E ainda dezoito tipos de flores e espécies domésticas e selvagens: faisão, falcão, garça, pato, papagaio, gralha, perdiz, gato-do-mato, coelho, raposa, cabra, cão, cordeiro, macaco, lobo, pantera, leão, e um jovem unicórnio. Toda essa profusão de natureza e vida nobre doméstica concede o cenário certo para o fantástico e o simbólico.

A atmosfera criada pela tapeçaria é de um universo poético particular, onde coelhos, cordeiros e cães dividem espaço com a criatura fantástica e as árvores que adornam o fundo. As cores são de nobreza e de raro uso em tapeçarias da época, reunindo o vermelho e o azul junto aos detalhes bordados. Supõe-se que a tapeçaria foi encomendada pela família Le Viste, de Lyon, prestigiosa no Parlamento parisiense.  A tapeçaria teria sido feita pouco depois de 1500,  e há a hipótese de que a presença de A e I ao lado da inscrição “Mon seul désir” indicam as iniciais de dois amantes ou cônjuges, além das bandeiras com três luas como insígnia da família.

As cores e a técnica

Segundo o material fornecido pelo museu, é preciso observar que os tons em A dama e o unicórnio não se esgotam no vermelho, dourado e azul. Mas encontramos na tapeçaria tons mais raros, como um marrom violeta obtido a partir de urzela, substância corante extraído de alguns líquenes. Incluindo verdes que se tornaram azul no local por perda do componente amarelo. Cada cor está disponível em três tonalidades, claro, médio e escuro, com gradações sutis de seu arranjo. Além disso, várias cores podem ser justapostas. O artista desconhecido utilizou a lã e a técnica mais usada na época, “as mil flores”, em que o bordado das flores se mistura aos fios da lã. E, sobre a autoria, há um conjunto de tapeçarias em Nova York em que os personagens têm o mesmo estilo, bem como algumas gravuras publicadas em Paris no final do século XV, o que parece indicar ser do mesmo artista desconhecido.

 

Os cinco sentidos

 

Na tapeçaria A visão, a dama oferece, ao unicórnio, a visão dele pelo espelho. É pelo reflexo que ela oferece, de maneira quase sedutora à criatura pura, a imagem superficial dele mesmo. A presença do espelho, na arte, remonta à capacidade de contemplar a própria imagem, mas uma busca incessante pela alma, que só os olhos revelam por um vislumbre. O unicórnio se encontra no colo da donzela em uma relação de íntima confiança, e é nesta relação em que se funda o esforço da donzela em desvelar a imagem ao unicórnio, isto é, ela tenta apresentar a ele a sua própria imagem, mais do que ele, criatura tão inocente, imagina de si mesmo. Em O tato, a jovem segura um estandarte enquanto acaricia ao mesmo tempo em que se apoia na raridade do chifre do unicórnio com a mão esquerda, isto é, a dama pode tocar o simbolismo heroico do estandarte enquanto domina, também, a pureza.

 

A AUDIÇÃO

O OLFATO

O PALADAR

O TATO

A VISÃO



 

 

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_de_Cluny#/media/Ficheiro:Musee_de_Cluny_1.jpg

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