segunda-feira, 26 de junho de 2023

EFEMÉRIDES: HÁ 115 ANOS, EM 27 DE JUNHO DE 1908 NASCEU JOÃO GUIMARÃES ROSA POETA, DIPLOMATA, NOVELISTA, ROMANCISTA, CONTISTA E MÉDICO BRASILEIRO, CONSIDERADO POR MUITOS O MAIOR ESCRITOR BRASILEIRO DO SÉCULO XX E UM DOS MAIORES DE TODOS OS TEMPOS.



Os contos e romances escritos por Guimarães Rosa ambientam-se quase todos no chamado sertão brasileiro. A sua obra destaca-se, sobretudo, pelas inovações de linguagem, sendo marcada pela influência de falares populares e regionais que, somados à erudição do autor, permitiu a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos e palavras populares, invenções e intervenções semânticas e sintáticas.

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, em 27 de junho de 1908 e faleceu vítima de um ataque cardíaco, no Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967, ano em que foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. 

Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 06 de agosto de 1963, sendo o terceiro ocupante da Cadeira n.º 2, que tem como Patrono Álvares de Azevedo, na sucessão de João Neves da Fontoura e recebido pelo acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco em 16 de novembro de 1967. 

Começou ainda criança a estudar diversos idiomas, iniciando pelo francês quando ainda não tinha 6 anos. Em entrevista concedida a uma prima, anos mais tarde. Ainda pequeno, mudou-se para a casa dos avós, em Belo Horizonte, onde concluiu o curso primário. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João Del-rei, mas logo retornou a Belo Horizonte, onde se formou. O tio Adonias, fazendeiro muito rico, dono da fazenda Sarandi, patrocinou os estudos de Guimarães Rosa no Colégio Arnaldo. Em 1925 matriculou-se na então "Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais", com apenas 16 anos. 

Em 27 de junho de 1930 casou-se com Lígia Cabral Pena, de apenas 16 anos, com quem teve duas filhas: Vilma e Agnes. Ainda nesse ano se formou e passou a exercer a profissão em Itaguara, então distrito de Itaúna, onde permaneceu cerca de dois anos. Foi nessa localidade que passou a ter contato com os elementos do sertão que serviram de referência e inspiração a sua obra. 

De volta de Itaguara, Guimarães Rosa serviu como médico voluntário da Força Pública (atual Polícia Militar), durante a Revolução Constitucionalista de 1932, indo para o setor do Túnel em Passa Quatro (MG) onde tomou contato com o futuro presidente Juscelino Kubitschek, naquela ocasião o médico-chefe do Hospital de Sangue. Posteriormente, entrou para o quadro da Força Pública, por concurso. Em 1933 foi para Barbacena na qualidade de Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria. Aprovado no concurso do Itamaraty, passou alguns anos de sua vida como diplomata na Europa e na América Latina. 

No início da carreira diplomática, exerceu, como primeira função no exterior, o cargo de cônsul-adjunto do Brasil em Hamburgo, na Alemanha, de 1938 a 1942. Lá, conheceu e veio a casar-se com Aracy de Carvalho, funcionária da Itamaraty que, no contexto da Segunda Guerra Mundial, para auxiliar judeus a fugir para o Brasil, emitiu mais visto do que as cotas legalmente estipuladas. Por essa razão, Aracy de Carvalho ganhou, por essa ação humanitária e de coragem, no pós-guerra, o reconhecimento do Estado de Israel. É a única mulher brasileira homenageada no Jardim dos Justos entre as Nações, no Yad Vashem, que é o memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto. 

Depois de servir em Hamburgo, Guimarães Rosa serviu ainda, como diplomata, nas embaixadas do Brasil em Bogotá e em Paris.

Sua obra mais marcante foi “Grande Sertão: Veredas”, romance qualificado por Rosa como uma "autobiografia irracional", marcada por elementos regionalistas, existencialistas e religiosos. Talvez a explicação esteja na própria travessia simbólica do rio e do sertão de Riobaldo, ou no amor inexplicável por Diadorim, maravilhoso demais e terrível demais, beleza e medo ao mesmo tempo, ser e não ser, verdade e mentira, estar e não estar. Diadorim-Mediador, a alma que se perde na consumação do pacto com a linguagem e a poesia. Riobaldo (Rosa-IO-bardo), o poeta-guerreiro que, em estado de transe, dá à luz obras-primas da literatura universal. 

No Brasil, Guimarães Rosa, na segunda vez em que se candidatou para a Academia Brasileira de Letras, foi eleito por unanimidade (1963). Temendo ser tomado por uma forte emoção, adiou a cerimônia de posse por quatro anos. Em seu discurso, quando enfim decidiu assumir a cadeira da Academia, em 1967, chegou a afirmar, em tom de despedida, como se soubesse o que se passaria ao entardecer do domingo seguinte: "…a gente morre é para provar que viveu." Faleceu três dias mais tarde na cidade do Rio de Janeiro, em 19 de novembro. Seu laudo médico atestou um infarto. Guimarães Rosa foi ainda indicado ao prêmio Nobel de Literatura, pouco antes de falecer de ataque cardíaco. Foi sepultado no panteão da Academia Brasileira de Letras no Cemitério de São João Batista na cidade do Rio de Janeiro.

 

OBRAS

 

1936: Magma

1946: Sagarana

1952: Com o Vaqueiro Mariano

1956: Corpo de Baile: Noites do Sertão

1956: Grande Sertão: Veredas

1962: Primeiras Estórias

1964: Campo Geral

1967: Tutaméia – Terceiras Estórias

1969: Estas Estórias (póstumo)

1970: Ave, Palavra (póstumo)

2011: Antes das Primeiras Estórias (póstumo) 




















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