quarta-feira, 3 de abril de 2024

JOAQUIM ANTÔNIO ALVES RIBEIRO, O “MÉDICO DA POBREZA”. O 1º MÉDICO BRASILEIRO FORMADO EM HARVARD.

 

Estudou nos EUA e atuou boa parte da carreira em Fortaleza, Ceará.

Joaquim Antonio Alves Ribeiro era natural da cidade de Icó - CE e foi o primeiro brasileiro a se formar em medicina na Universidade Harvard, nos EUA.

Após concluir o curso de medicina em 1853 nos Estados Unidos, Dr. Alves Ribeiro voltou ao Brasil para exercer a profissão em seu país. Aqui, passou por volta de quatro anos trabalhando na cidade do Recife, posteriormente, permaneceu provavelmente um ano no interior do Rio Grande do Norte, para, só então, no final de 1858, retornar definitivamente à cidade de Fortaleza. Ao regressar ao Ceará, ele foi nomeado “médico da pobreza”, ou seja, o médico pago pelo governo provincial para cuidar dos doentes desprovidos de recursos, pois não havia nem na cidade e nem na província, naquele momento, um hospital público para cuidar e tratar dos doentes. Somente em 1861 houve a inauguração da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, o primeiro hospital do Ceará. Dr. Joaquim Antonio Alves Ribeiro foi o primeiro médico dessa instituição.

Ao mesmo tempo em que desenvolveu sua atividade profissional como médico da Santa Casa de Fortaleza, o cearense formando nos Estados Unidos deu sequência aos seus estudos com foco em história natural, criando nesse influxo, um museu particular de história natural. Inicialmente, o museu era uma coleção privada, vindo a ser doada à Província do Ceará, que a recebeu com certa relutância. Foi ainda, o museu particular do Dr. Alves Ribeiro que originou o primeiro museu oficial da Província do Ceará. De forma bastante resumida, essa foi a trajetória profissional do sujeito que montou o primeiro museu do Ceará, o Museu de História Natural no Ceará, iniciado nos últimos anos da década de 1850. Diversos aspectos dessa intrigante história chamam a nossa atenção, dentre elas, a ausência de pesquisas e registros históricos mais precisos tanto acerca do criador quanto da própria instalação. O fato ganha maior relevo sobretudo se levarmos em consideração que os museus de história natural, no século XIX.

O Dr. Alves Ribeiro publicou um livro para auxiliar o trabalho das parteiras e criou uma das primeiras publicações médicas-científicas do país, com o título A Lancêta, numa provável alusão ao tradicional periódico científico inglês The Lancet.

O médico fundou o primeiro museu do Ceará, a partir de uma coleção de objetos de história natural, fósseis, penas, pedras… que acumulou durante a sua vida.

Apesar desses feitos, a trajetória de Alves Ribeiro passou, praticamente, sem chamar a atenção de quase ninguém por mais de um século e meio por fatos e contextos que, em diferentes níveis, afetaram e ainda afetam o Ceará, o Brasil e o mundo.



UM POUCO SOBRE ALVES RIBEIRO

Joaquim Antonio Alves Ribeiro, nascido em 1830, na cidade de Icó, no interior sul do Ceará e falecido em 1875 na cidade de Fortaleza, capital do estado. Formou-se em medicina pela Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, em 1853; voltou ao Ceará após a conclusão do curso e foi contratado pelo governo provincial para ser o médico da Santa Casa de Misericórdia.

Simultaneamente às suas atividades médicos-profissionais, constituiu uma coleção pessoal de objetos de história natural, inicialmente para estudos próprios. Doadas, posteriormente, à Província do Ceará, as peças por ele coletadas serviram de base para a criação do Gabinete de História Natural  ou Museu Cearense de História Natural, no início dos anos de 1870, o primeiro museu do Ceará. Ainda em Fortaleza, editou o periódico médico-científico A Lancêta, o primeiro do gênero na Província. Além disso, entre outras, participou como representante oficial da comissão brasileira que representou o país na Exposição Universal de 1873, na Áustria; realizou estudos sobre a qualidade das águas do açude Pajeú; coletou plantas, animais e minerais para suas pesquisas; trocou correspondência com instituições científicas, jornais e intelectuais dentro e fora do Brasil; importou equipamentos e técnicas em moda no Estados Unidos e na Europa para aplicá-las no Ceará.

Mesmo com a extensa lista de realizações o Dr. Alves Ribeiro e suas atividades científicas continuam sendo praticamente desconhecidas dentro e fora do Ceará.

FONTE: Antes do Sol Matar a Flor: Joaquim Antonio Alves Ribeiro, o Gabinete de História Natural e a Ciência no Ceará, segunda metade do século XIX. Tese de Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos apresentada ao Programa de Pós-graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em História.

 





Nenhum comentário:

Postar um comentário