quarta-feira, 27 de setembro de 2023

VIA LÁCTEA – AUTORIA OLAVO BILAC - NARRAÇÃO MUNDO DO POEMA


Ora, direis, ouvir estrelas, certo

Perdeste o senso, e eu vos direi, no entanto

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto

 

E conversamos toda a noite, enquanto

A via-láctea, como um pálio aberto

Cintila; e, ao vir do Sol, saudoso e em pranto

Inda as procuro pelo céu deserto

 

Direis agora: Tresloucado amigo

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?

 

E eu vos direi: Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.

 

Composição: Olavo Bilac.




OLAVO BRÁS MARTINS DOS GUIMARÃES BILAC nasceu no Rio de Janeiro, no dia 16 de dezembro de 1865 e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de dezembro de 1918 foi um jornalista, contista, cronista e poeta brasileiro, considerado o principal representante do parnasianismo no país. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 15 da instituição, cujo patrono é Gonçalves Dias.

Conhecido por sua atenção à literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, Bilac era um ativo republicano e nacionalista, também defensor do serviço militar obrigatório (codificado à época pela Lei do Sorteio)em um período em que o exército usufruía de amplas faculdades políticas em virtude da proclamação da República em 1889.

Foi o responsável pela criação da letra do Hino à Bandeira, inicialmente criado para circulação na capital federal (na época, o Rio de Janeiro), e mais tarde sendo adotado em todo o Brasil. Também ficou famoso pelas fortes convicções políticas, sobressaindo-se a ferrenha oposição ao governo militar do marechal Floriano Peixoto. 

Em 1907, foi eleito "príncipe dos poetas brasileiros", pela revista Fon-Fon. É autor de alguns dos mais populares poemas brasileiros, como os sonetos Ora (direis) ouvir estrelas e Língua portuguesa.

 



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