terça-feira, 5 de setembro de 2023

MÁRCIA PESSANHA E ALBERTO ARAÚJO ENCANTARAM-SE COM A OBRA: CARMINA BURANA: MAGIA E QUESTIONAMENTO CULTURAL, DA ESCRITORA DALMA NASCIMENTO, E COM SEUS OUTROS LIVROS RECÉM-LANÇADOS.

 


Com este título em letras garrafais, em que a cultura foi o ponto alto, eu, Alberto Araújo, jornalista e escritor do Focus Portal Cultural, expresso o que ocorreu ontem à tarde, na casa da professora Dalma Nascimento, quando Márcia Pessanha e minha esposa, Shirley Araújo, visitamos a autora da obra Carmina Burana: magia e questionamento (leia-se Cármina). Nossos corações palpitaram de emoção e nossas almas bateram palmas de alegria ao vê-la, sentada na poltrona da sala, mostrando, de forma prazerosa, detalhes do livro.

As fotos ilustram momentos em que ela, com afetividade, falava sobre essa fantástica obra que, durante vinte anos, esteve escrevendo, junto a muitos outros assuntos transformados em livros de diferentes temas e estilos que agora vem lançando. Em 2023, além das vinte e tantas obras já impressas, Dalma publicou, no presente ano, oito livros. São eles: Conversas com Nélida (o quarto volume da série sobre escritora); com 355 páginas; A grande árvore de Izaura; Viagem de Helena Parente Cunha à Absoluz; Re-vivescências de Autran Dourado; Croniescrevendo lembranças d´ALMA;  Ramos de Artes da Amiga Myriam; Memórias, resenhas e alguns ensaios — e é claro — sua obra máxima Carmina Burana: magia e questionamento cultural.

A conversa rolou entre Literatura e Cultura e a todo o momento vinha à baila o grandioso trabalho com 475 páginas de Dalma Nascimento sobre o seu livro montado à maneira de uma representação teatral, dividindo as cenas iniciadas pelos preparativos no camarim, onde estão as bases específicas do livro referentes ao tema, método e comentários gerais. Aí, o leitor já fica a par dos Carmina, poemas medievais, em sua maioria anônimos, escritos em latim, atribuídos aos goliardos. Assim eram chamados os poetas fanfarrões, itinerantes, sempre bêbedos, embora dotados de cultura clássica e escolástica que iam pelas estradas e vilas medievais dos séculos XII e XIII, criticando a Igreja de onde eles foram expulsos pela iconoclastia e a vida desregrada que levavam. 

A estes cantores de estrada foram atribuídos os Carmina, encontrados, no século XIX, na abadia bávara de Benedikt-Beuren, tendo sido anteriormente guardados na abadia de Sekau, atual Áustria. Editados em 1847 pelo filólogo Johann Andreas Schmeller, que lhes deu o título de Carmina Burana (poemas ou canções de Beuren), daí o nome burana, uma curruptela de Beuren, compõem-se de canções críticas à Igreja e à sociedade. Existem também cânticos primaveris e amorosos e de jogos e taberna nos quais se preconiza o carpe diem inclusive em paródias dos ofícios litúrgicos, além dos acurados estudos sobre os celtas, sobre a Idade Média com inúmeros detalhes, nos títulos dos variados capítulos confluentes enfocados no grande texto de Dalma. 

Tudo isso, em contraponto a ocorrências do século XX, no qual a professora-escritora aprofunda a vida e obra de Carl Orff e os mínimos detalhes da cantata cênica que o extraordinário músico alemão produziu a partir dos prováveis versos goliárdicos. Por fim, eis a parte talvez, a mais emocionante do livro. A autora mergulha nos detalhes cênicos, míticos, culturais da montagem do filme-balé do coreógrafo Jean-Pierre Ponnelle, tendo por suporte a estonteante música de Orff. São mais de 100 fotos de vibrante colorido analisados pela especialista professora. E o final do livro é epifânico — conforme Dalma Nascimento gosta de usar, quando se sente tocada por algo extraordinário.

 Ao publicar os “seus” Carmina Burana, Dalma não se esqueceu da obra de Nélida Piñon. Mesclada a esse longo estudo, a escritora, recentemente falecida, deixou marcas no livro da autora. Ela está presente ora em epígrafes de alguns capítulos — e disso é exemplo o introito do capítulo “Os bastidores da Idade Média” — ora no interior do texto quando há uma ponte entre Nélida e os goliardos, tema também muito presente nos relatos medievais de Nélida. Porém, a áurea referência de Dalma à Nélida está na conclusão do livro, quando a teórica dos Carmina Burana traça identidades e diferenças entre o fazer estético de Orff e Ponnelle. Lá diz Dalma  com sua linguagem poética na página 439 com algumas modificações:

 

Apesar das criativas diferenças entre Orff, Ponnelle e Piñon, várias aproximações existem entre os três. Dotados de inventividade nos específicos registros, eles imergiram na seiva fecunda do primordial. (...) Tanto Nélida quanto Orff e Ponnelle acolheram espaços marginais, as atmosferas do limbo, unindo o popular ao erudito. Ao mesmo tempo, voltaram-se para questões atemporais, seduzidos pelo tema do Destino. As três artes, com suas peculiares linguagens irmanaram-se na visão cósmica e nas turbulências dos dramas humanos. Piñon escreve como se escavasse e lavrasse a terra da linguagem. Orff busca a seiva musical no húmus dos sons inaugurais como esclarece em sua Obra escolar. Ponnelle acompanha-o nos fundamentos originários. O trio se harmoniza também pelo eixo congregador da Idade Média e pela presença das milenares civilizações dos gregos, romanos e celtas.

Sempre partindo de marcações teatrais, o livro começa com “Os bastidores da cena textual”, depois “abrem-se as cortinas do relato”, com a Idade Média e o canto marginal e pervertido dos goliardos. A seguir, “no palco do século XX”, Carl Orff e Jean-Pierre Ponelle estão em diálogo criador com os cantares goliárdicos e com os mitos greco-latinos. Neste tópico, há recriações e emblemas da montagem cênica de Orff-Ponnelle. A partir da Roda da Fortuna, existem capítulos sobre Janus, Diabruras do curinga, a nau dos loucos e procedimentos carnavalescos, misturados à alquimia, ao esoterismo da música, a representações litúrgico-profanas do teatro medieval, à fixidez emblemática das alegorias medievais, à memória e à revivescência da Grande-Mãe na cantata cênica, à seriedade do Riso. Além de outras lâminas do tarô em inventivas estelizações, existe esquema gráfico da cantata em convergência ao tema tutelar da Roda da Fortuna.

Agora, “O espetáculo de Orff-Ponnelle vai começar” com a leitura dos vários atos do movimento da cantata cênica, do filme Orff-Ponnelle. Por fim, o cenário se fecha e chega-se à última parte sobre “As coxias e a rotunda auxiliares do espetáculo textual”. Todas essas representações fotográficas tiveram direitos autorais quitados e a amistosa autorização da família de Ponnelle, conferida pelo filho o maestro Dominique Ponnelle.

Convém ainda mencionar que o livro traz a apresentação dos escritores Ricardo Cravo Albin e Eduardo F. Coutinho. Ambos laudatórios aos meandros da obra, que foi entregue em agosto de 2012 à Editora da UFRJ. E somente agora, em 2023, finalmente, é publicada.

 Voltando à amistosa reunião da tarde de ontem. Márcia Pessanha foi agraciada com inúmeras obras e ficou muito contente ao recebê-las. Vale dizer que a escritora Márcia foi paraninfa de Dalma Nascimento, em 2015, ao ingressar na Academia Niteroiense de Letras. Em 2019, Márcia também a recepcionou quando neste ano Dalma recebeu o título de A Intelectual do Ano, em manhã engalanada, na sala de conferências da ANL.

Em seguida, foi servido um pequeno lanche, frisando que as guloseimas deliciosas, todas feitas pela Cristiana, adorável enfermeira que acompanha Dalma. Para laurear a ciranda de afeto, quando estávamos sendo servidos, outros amigos chegaram para abrilhantar à tarde/noite, como a historiadora e mestre em História, Denise Porto, e o vice-presidente da ANE, o escritor Pedro Caldas.

 Presenteamos a autora de Carmina Burana com orquídeas e alguns CDs. Um com a estonteante música da magnífica obra do Carmina Burana; outro com o ORFF; e mais um com poesias de minha esposa, Shirley, declamadas pela poetisa Anna Müller.

Por fim, terminado o lanche, nos despedimos com o coração e alma encharcados de carinho. Eternizamos os afáveis momentos na alma.  

 

_____________________________

 




PARABÉNS, DALMA NASCIMENTO! PELA PUBLICAÇÃO DA RELEVANTE OBRA CARMINA BURANA: MAGIA E QUESTIONAMENTO CULTURAL.

        Amiga Dalma, é uma alegria em poder compartilhar deste seu momento feliz, em ver publicado o livro CARMINA BURANA: MAGIA E QUESTIONAMENTO CULTURAL. Obra tão esperada por você e por todos nós os seus companheiros na literocultura brasileira.

    Parabéns, Dalma Nascimento! Maravilhados estamos, além, por ter convivido e presenciado toda a sua dedicação e aprofundamento nos estudos sobre a poesia dos goliardos (clérigos vagantes da Idade Média Central dos séculos XII e XIII, os quais foram expulsos da Igreja e, provavelmente, os autores dos Carmina). Parabéns pela análise nos ínfimos detalhes da cantata cênica de Carl Orff e do balé cinematográfico de Jean Pierre Ponnelle.

    Também os nossos cumprimentos pelas significantes apresentações dos escritores: Ricardo Cravo Albin — Presidente do PEN Clube do Brasil — e Eduardo F. Coutinho — Professor Emérito de Literatura Comparada da UFRJ. Ambos os ícones de altas expressividades na literocultura brasileira.

 

Alberto Araújo - Editor do Focus Portal Cultural.


ALGUMAS IMAGENS DO ENCONTRO


Márcia Pessanha e Dalma Nascimento

Dalma Nascimento e Alberto Araújo


Márcia Pessanha, Dalma Nascimento
e Alberto Araujo.






Orquídeas ofertadas a Dalma Nascimento

CDs ofertados a Dalma Nascimento


LIVROS RECÉM-LANÇADOS PELA PROFESSORA ESCRITORA DALMA NASCIMENTO 


01 – CARMINA BURANA – Magia e questionamento cultural – Editora da UFRJ, Rio, 2023.

02 - Memórias, resenhas e alguns ensaios – H.P. Comunicação Associados, Rio, 2023. 


03 - Conversas com Nélida – H. P. Comunicação Associados, Rio, 2023.
 

04 - Re-Vivesciências de Autran Dourado – H.P. Comunicação Associados, Rio, 2023.

05 - Ramos de Artes da Amiga Myriam – H.P. Comunicação Associados, Rio, 2023. 

06 -  Viagem de Helen Parente Cunha à Absoluz – H.P. Comunicação Associados, Rio, 2023.

07 - Croniescrevendo lembranças d’Alma – H.P. Comunicação Associados, Rio, 2023.



CRÉDITOS DAS FOTOS DO ENCONTRO: MÁRCIA PESSANHA










Nenhum comentário:

Postar um comentário