terça-feira, 4 de junho de 2024

MAPAS E FICÇÕES: SÉCULOS XVI A XVIII ROGER CHARTIER MERGULHA NO UNIVERSO DOS MAPAS FICCIONAIS

 


Caminhando por diversas obras clássicas e pela cartografia ficcional, historiador oferece uma nova abordagem sobre a mobilidade das ficções e suas interpretações. 

Obras como O Hobbit, As crônicas de Nárnia e O Senhor dos Anéis familiarizaram o público moderno com a inclusão de mapas em livros de fantasia, guiando os leitores por terras imaginárias. No entanto, essa prática não é recente. Já nos primórdios da era moderna, entre os séculos XVI e XVIII, mapas começaram a ilustrar narrativas ficcionais, apesar dos desafios que isso representava. Afinal, a impressão de mapas encarecia a produção dos livros. 

Além disso, a capacidade das palavras de evocar imagens mentais parecia torná-los desnecessários. Para mergulhar nesse universo da cartografia ficcional, o historiador francês Roger Chartier traz a lume Mapas e ficções, lançamento da Editora UNESP. 

“Como diz Franco Moretti, a geografia literária pode ter dois objetos diferentes: o estudo da literatura no espaço ou o estudo do espaço na literatura. A primeira perspectiva permite a elaboração de mapas das edições das obras e de suas traduções; a segunda, o registro dos lugares das ações e deslocamentos dos personagens, diz respeito à geografia interna dos textos, não ao espaço de circulação dos livros”, escreve, na introdução, Chartier. “Em ambos os casos, uma cartografia é possível, mas, em ambos, é feita no presente. Assim como os espaços do comércio livreiro, os escolhidos e descritos pelas ficções ganham tradução visual. Produzidos por palavras, tornam-se mapas, itinerários ou atlas. Essa operação deixa escapar uma realidade, ínfima, mas nem por isso menos verdadeira: a presença dos mapas em edições de obras quando de sua primeira publicação.”

Neste percurso escrito, a jornada começa com os mapas das aventuras de Dom Quixote e se estende até as edições venezianas de obras de Ariosto e Petrarca. Duas linhagens principais emergem: a inglesa, que retrata as viagens de aventureiros fictícios como se fossem reais, como em As viagens de Gulliver e Utopia; e a francesa, de caráter alegórico, que tem como marco o Mapa do reino de Ternura, da obra Clélia, de Mademoiselle de Scudéry, e seus sucessores, repletos de simbolismo e crítica social. 

Ao longo da história, os mapas literários assumiram múltiplos papéis: representaram mundos invertidos, satíricos, utópicos ou distópicos; borraram as fronteiras entre a realidade e a ficção; alimentaram a razão e os sonhos, transcendendo as limitações do texto escrito. Ao explorar essas diversas obras clássicas, Roger Chartier oferece uma nova perspectiva sobre a mobilidade das ficções e suas interpretações, revelando como os mapas literários enriquecem a experiência do leitor e ampliam os horizontes da imaginação. 

SOBRE O AUTOR

O historiador Roger Chartier é especialista em história do livro, da edição e da leitura. Professor emérito no Collège de France, foi titular, entre 2007 e 2016, da cátedra Écrit et cultures dans l’Europe moderne. Dirigiu com Henri Jean Martin a Histoire de l’édition française, em quatro volumes, Fayard, 1989-1991. Pela Editora UNESP, publicou A aventura do livro do leitor ao navegador, 1998, Os desafios da escrita, 2002, Leituras e leitores na França do Antigo Regime, 2004, Inscrever & apagar, 2007, Origens culturais da Revolução Francesa, 2009, A mão do autor e a mente do editor, 2014 e Editar e traduzir, 2022.

 

Título: Mapas e ficções: Séculos XVI a XVIII

Autor: Roger Chartier

Tradução: Pedro Paulo Pimenta

Número de páginas: 200

Preço: Sessenta e nove reais.

 

Mais informações sobre a Editora Unesp estão disponíveis no site oficial

 

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da UNESP 




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