Pierre de Ronsard, nasceu em 11 de setembro de 1524, em berço aristocrático, no castelo de la Poissonière, em Vendôme, na ribeira do Loire. Filho do humanista Louis de Ronsard, com quem cedo se iniciou nos serviços de pajem de delfins e príncipes, aos doze anos Ronsard já escrevia versos “au profond des vallées, dans les hautes forêts”, no ambiente campestre de sua infância, cujas imagens povoaram sua memória e se refletiram, permanentemente, em sua obra poética. Foi o principal representante da La Pléiade, grupo de poetas cujos principais modelos foram os líricos greco-romanos e italianos, de grande importância na renovação da literatura francesa. Também considerado “o poeta dos príncipes e o príncipe dos poetas”, ainda em vida. Gozou de grande prestígio até o fim do século XVII.
Estudou dois anos no Collège de Navarre, de 1533 a 1534 e, com seu pai, serviu à corte de François I, na condição de pajem do futuro rei Henri II. Em seguida, esteve na Escócia, onde serviu na corte de James V, passando depois pela Alemanha e pela Itália.
Durante uma missão à Alsácia, 1540, contraiu uma doença que o deixou parcialmente surdo, aos 17 anos, em 1543 e, então, entrou na carreira religiosa onde chegou a tomar ordens menores, mas não se ordenou, começou a escrever suas primeiras odes, imitando Pindaro, Anacreonte e Horácio.
Decidido para a literatura, entrou no colégio parisiense de Coquelet, 1547 onde foi discípulo do humanista Jean Dorat, que o orientou a estudar os poetas gregos e latinos e a poesia italiana.
Com Joachim Du Bellay e Jean-Antoine de Baïf, entre outros, fundou, 1547 o grupo poético La Brigade, célula de origem do famoso grupo La Pléiade. Esta nova constelação de poetas tinha por objetivo criar uma escola literária inspirada na lírica grega, porém de língua francesa, pois esta encontrava-se ameaçada pelo latim.
Três mulheres preencheram de amor o seu coração romântico. Primeiro, Cassandra de Salviati, filha de um banqueiro florentino, que ele conhece num baile da corte em Blois. Dez anos depois, Marie Dupin, uma camponesa de Bourgueil, e, por fim, Helène de Surgéres, dama da corte de Cathérine de Médicis, a quem Ronsard conhece quando ele era já cinquentenário. A cada uma das três, ele dedicou centenas de excelentes sonetos.
Como era clérigo e surdo, pouco se aventurava eroticamente no regaço daquelas belezas de quinze anos. Restava-lhe a disciplina de cantar os amores sublimados. Ao que parece, somente Maria Dupin foi alvo de certo atrevimento, motivado por seus ardores sensuais. Apesar da deficiência auditiva, Ronsard foi, desde 1547, durante sete anos, brilhante aluno do helenista Jean Dorat 1508-1588, no collège Coqueret, fundado pelo padre Nicolas Coqueret, sacerdote de Amiens, no alto da montanha de Sainte-Geneviève, na basse-cour do antigo hôtel de Bourgogne, entre as ruas de Lanneau, d’Écosse e Chartière.
Conheceu ali Joachim du Bellay, 1522-1560, com quem traduziu latinos e gregos e criou o grupo Brigade, que posteriormente, veio a se chamar Pléiade.
Foi nomeado poeta da corte por Carlos IX, após a eclosão das guerras religiosas, 1558, onde demonstrou seu apoio incondicional à monarquia católica. Após a morte do rei, 1574, retirou-se da vida pública e, depressivo, morreu em Saint-Cosme, perto de Tours, em 27 de dezembro de 1585.
Em uma produção poética com obras cheia de lirismo, e outras sobre questões filosóficas, religiosas, mitológicas e históricas e também com poemas satíricos, destacaram-se Quatre premiers livres des odes, 1550, Les Amours de Cassandre, 1552, Meslanges, 1554, Les Amours de Marie, 1555, Les Hymnes, 1555-1556, Discours sur les misères de ce temps, 1562-1563, La Franciade, 1572 e Sonnets pour Hélène, 1578 e o póstumo Derniers vers, 1586.
POESIAS
PARÁFRASE
DE RONSARD
Foi
para vós que ontem colhi, senhora,
Este
ramo de flores que ora envio.
Não
o houvesse colhido e o vento e o frio
Tê-las-iam
crestado antes da aurora.
Meditai
nesse exemplo, que se agora
Não
sei mais do que o vosso outro macio
Rosto
nem boca de melhor feitio,
A
tudo a idade enfeia sem demora.
Senhora,
o tempo foge… o tempo foge…
Com
pouco morreremos e amanhã
Já
não seremos o que somos hoje…
Porque
é que o vosso coração hesita?
O
tempo foge… A vida é breve e é vã…
Por
isso, amai-me… enquanto sois bonita.
*****
QUANDO
FÔRES BEM VELHA…
Quando
fôres bem velha, à noite junto à vela,
Sentada
ao pé do fogo, enovelando e fiando,
Dirás,
cantando os versos meus e te enlevando:
“Ronsard
me celebrava ao tempo em que era bela”.
Então
nem haverá, ouvindo o recital,
Serva,
ao fim do trabalho e semi-sonolenta,
Que,
com som do meu nome, não desperte atenta
A
saudar o teu nome em louvor imortal.
Estarei
sob a terra e, fantasma sem osso,
Pelas
sombras dos mirtos terei meu repouso;
Tu
serás à lareira uma anciã encolhida
Chorando
o meu amor e o teu fero desdém.
Se
me crês, não espere o amanhã também:
Vive,
colhe desde hoje as rosas desta vida.
– Pierre de Ronsard. Traduções de José Lino Grünewald. Artigo publicado no jornal Correio da Manhã, em 19 de outubro de 1968.
FONTE:
Extraído
do livro: “Paris e seus poetas visionários” de Márcio Catunda
https://www.revistaprosaversoearte.com/pierre-de-ronsard-poemas/
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