O livro: "Caderno de Clara Maria Joana", sem dúvida alguma, marca a estreia da poetisa Beatriz Chacon na prosa. Versátil, a escritora é conhecida pelos livros de poesia, como “Mesa Posta” e “Veios do Corpo”, além do infantil “Uma História Barriguda”. O romance "Caderno de Clara Maria Joana" de Beatriz Chacon foi semifinalista do Prêmio Internacional de Literatura Oceanos em 2018 Países lusófonos, entre mais de 2.000 concorrentes de Brasil, Portugal e países africanos.
“Caderno de Clara Maria Joana” é uma história de memórias e sonhos de Clara, contada através de suas lembranças da mãe e da avó. Com uma escrita marcada pela oralidade e criatividade. Beatriz Chacon acolchoa uma história extremamente, sensível, cheia de Amor, Carinho e Memórias.
O livro é conversado, cheio de causos e episódios, fragmentos da memória de Clara que induzem o leitor a amá-los com a fantasia.
Excelente! Parabéns,
Abraços do Alberto Araújo.
PREFÁCIO DE MARY DEL PRIORI
Ler Bia Chacon é um encantamento, mas é também participar a uma "encantação". Seu texto tem virtudes mágicas capazes de nos transportar aos tempos de ontem. Tempos em que as relações afetivas, tal como bordados e costuras, se teciam no silêncio e na concentração. Sim, para ficar mais bonitos, para expressar mais e melhor os sentimentos. Da cozinha, do quintal, das ruas do bairro se evolam cheiros, cores, gestos reconstituídos graças a um refinado jogo de palavras, a fulgurâncias poéticas, às mil e umas "trouvailles" descritivas e a imagens que, de tão familiares, se tornam inusitadas.
Tal como em tantas histórias femininas, as de suas personagens reciclam, revisitam, retomam o cotidiano reencontrando nas pequenas coisas, os grandes significados. Alegrias, lágrimas, regras, fome, pele e cabelos são tantos caminhos que balizam seus percursos. As janelas da casa se abrem para as ruas, mas também para a vida e o mundo. Corpos de mulher evoluem sob um mesmo teto construindo uma poderosa memória feminina. A vida secreta das flores é também o segredo de mulheres-flor. Conhecer seu texto não é só o prazer de ler ou de se deixar embalar pelas vozes que o habitam, é , também, a possibilidade de mergulhar numa língua que só pertence à autora. Língua que Bia tritura, refoga ou caseia, dando ao texto a beleza dos panos coloridos que descreve, brilhando ao vento e ao sol.
Mary Del Priore - escritora e historiadora
"Caderno de Clara Maria Joana" a obra transcursa
três gêneses, três mulheres: A Avó, a mãe e a filha. Relatos de três vidas,
onde Clara irá contar sobre sua juventude, com lembranças da avó e da mãe.
Maria, a avó, negra, de cabelos cacheados. Joana, a mãe,
branca, não gostava de ver sua mãe Maria ter que justificar a presença do pai
branco quando perguntavam se era babá da criança. Clara, a filha e neta, criada
nos mesmos costumes, não era uma moça prendada nos bordados, cuidado da casa,
cozinha, tinha seu caderno, onde escrevia suas canções, sonhava em gravar um
disco, não queria aquela vida, queria mais, ser famosa, ser livre, cantar.
A obra é uma homenagem a Cordélia Santos, uma radioatriz que
iniciou sua carreira na década de 50 e faleceu em 2016, no Dia Mundial do
Rádio.
Tem uma linguagem não só própria, mas sem qualquer regra, sem pontuações, sem ser exatamente, coerente. Tem forte presença do regionalismo, com uma narrativa marcada por aspectos culturais.
COMENTÁRIOS DE MARISE RODRIGUES
Como um diário, Caderno de Clara Maria Joana, de Beatriz Escorcio Chacon, é uma história de memórias, contada por Clara, a personagem principal, através das lembranças de Joana, sua mãe, e de Maria, sua avó, percorrendo suas histórias de vida.
A narrativa, elaborada com linguagem extremamente criativa, numa oralidade sem limites e com pontuação de estilo não convencional, apresenta uma estrutura de natureza híbrida, podendo ser uma novela, um diário, ou vários contos, lembrando o estilo das contadoras de histórias. Eis a narrativa de Beatriz Escorcio Chacon - uma fala conversadeira, sem rodeios, que apresenta armadilhas fantásticas na elaboração dos enredos e de suas personagens. Cada episódio apresenta um título, um fragmento do próprio texto que desafia o leitor a atar tantos laços imaginativos, como num jogo de quebra-cabeça.
Entre o desejo inicial de Clara de querer ser cantora da noite, cantora do radio, e sua realização, há uma efusão de memórias, histórias alinhavadas pela personagem sobre as lembranças de sua mãe e de sua avó, suas raízes primeiras, tão amorosas e sensíveis; histórias que se deixam registrar em seu caderno, um diário de lembranças, como sempre fizeram as moças de tantas épocas. A ideia do caderno sempre nos leva a pensar nos escritos secretos, nas confissões, como nos diários antigos, cadernos guardados a sete chaves, principalmente em se tratando dos textos escritos por mulheres - provavelmente escreviam para não se perderem no esquecimento. No caso da personagem Clara, era preciso "nunca mais morrer de sonho guardado", como fizeram as "moças que até fugiam de casa para encantar multidões", e realizar seu sonho - cantar numa noite "verde-azul-lilás", e ser a Estrela Clara das cantigas inesquecíveis do rádio eterno de Maria e Joana.
Assim como Clara, a personagem que adorava ficar "enchendo cadernos e cadernos de sentimento, (...) um cantar pra dentro, (que) desengasga um pouco", a autora Beatriz Escorcio Chacon também nos oferece este Caderno, uma primorosa narrativa literária das memórias afetivas de Clara, Maria e Joana, três mulheres manuscritas e com muitos desengasgos poéticos! - Marise Rodrigues - escritora e professora
Obra: "Caderno de Clara Maria Joana",
Autora: Beatriz Escorcio Chacon
ISBN: 978-85-7823-291-7
Cidade/editora: Rio de Janeiro/Ibis Libris
Ano de Publicação: 2017
Páginas: 120
Beatriz Escorcio Chacon é carioca de Piedade e hoje mora em Niterói. Jornalista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), é autora dos livros Mesa posta (1991), Surpresa de Quintal (1998) e Veios do corpo (2000), Caderno de Clara Maria Joana (2018) e também participou de coletâneas.
Escreve desde menina e começou a mostrar seu trabalho poético em 1987, por meio de cartazes com versos. Com essa poesia “pra pintar paredes”, iniciou intensa participação em movimentos culturais, também declamando poemas em escolas, bibliotecas, bares, teatros e praças. Aparentemente aposentada e dona de casa, só a tratar de plantas, netos e poemas na cozinha, faz apresentações com seus versos por Niterói e pelo Rio de Janeiro.
illustrations for children's book.
Texto: Beatriz Escorcio Chacon.
Editora Rovelle | 2015
Pintura: acrílica, lápis de cor, pastel seco e grafite
MEMÓRIA DO FOCUS: Publicação através da inspiração da amiga Eurídice Hespanhol que acabara de adquirir o livro: "Caderno de Clara Maria Joana", de Beatriz Chacon. Boa leitura, prezada Eurídice, o Livro é excelente! Abraços do ALBERTO ARAÚJO.
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