terça-feira, 16 de dezembro de 2025

CELEBRAÇÃO DO DIA DO TEATRO AMADOR – 16 DE DEZEMBRO


Epígrafe  - "O teatro amador é o sopro vital que mantém acesa a chama da arte, mesmo quando os holofotes se apagam." – Alberto Araújo


O Focus Portal Cultural cumprimenta e felicita todos os profissionais, artistas e apaixonados que labutam nessa área incrível, o Teatro Amador, celebrado oficialmente no dia 16 de dezembro. Esta data é um marco de reconhecimento e valorização de uma prática que transcende palcos, cenários e cortinas: é a celebração da arte feita com amor, entrega e coragem.

O teatro amador não é apenas uma atividade cultural; é uma verdadeira escola de vida. Nele, homens e mulheres, jovens e idosos, encontram espaço para expressar suas emoções, suas histórias e suas visões de mundo. É nesse ambiente que se revelam talentos, que se constroem amizades e que se fortalecem comunidades inteiras. 

Porta de entrada para talentos: muitos atores e atrizes que hoje brilham nos palcos profissionais começaram sua trajetória em grupos amadores. 

Resistência cultural: em tempos de escassez de recursos, o teatro amador se mantém firme, mostrando que a arte não depende apenas de grandes produções, mas da verdade e da paixão de quem a realiza. 

Educação e cidadania: além de formar artistas, o teatro amador educa plateias, desperta consciência crítica e promove inclusão social. 

O Dia do Teatro Amador foi instituído para homenagear todos aqueles que, sem remuneração ou reconhecimento imediato, dedicam tempo e energia à arte de representar. É uma forma de valorizar o esforço coletivo de grupos que, muitas vezes, ensaiam em escolas, associações de bairro ou espaços improvisados, mas que conseguem transformar qualquer ambiente em palco. 

Essa prática é antiga e universal. Desde as primeiras manifestações teatrais populares, o amadorismo esteve presente como força criadora. No Brasil, especialmente, o teatro amador foi responsável por difundir a arte em cidades pequenas e comunidades afastadas dos grandes centros culturais.

O teatro amador é, acima de tudo, um espaço de encontro. Ele aproxima pessoas de diferentes idades, profissões e origens, criando laços de solidariedade e pertencimento. É também um espaço de resistência contra a homogeneização cultural, pois valoriza histórias locais, sotaques, tradições e modos de vida que muitas vezes não encontram espaço nos palcos comerciais.

Além disso, o teatro amador contribui para o desenvolvimento pessoal: 

Autoconfiança: ao subir ao palco, o ator amador supera medos e inseguranças.

Trabalho em equipe: cada montagem exige colaboração, disciplina e respeito mútuo.

Criatividade: com poucos recursos, os grupos amadores reinventam cenários, figurinos e técnicas, mostrando que a arte floresce mesmo em condições adversas. 

O teatro amador é também um legado intergeracional. Muitos grupos sobrevivem por décadas, passando o bastão de uma geração para outra. Pais e filhos, professores e alunos, vizinhos e amigos se unem em torno da paixão pela arte. Essa continuidade garante que o teatro permaneça vivo, mesmo em tempos de crise cultural. 

Em cada cidade, em cada bairro, há histórias de grupos que resistem, que se reinventam e que mantêm viva a chama da representação. São histórias de perseverança que merecem ser contadas e celebradas.

Neste 16 de dezembro, o Focus Portal Cultural presta sua homenagem a todos os que fazem do teatro amador uma realidade pulsante. A cada ensaio, a cada estreia, a cada aplauso conquistado, vocês reafirmam que a arte é um direito de todos e que o palco é um espaço democrático, aberto às vozes diversas que compõem nossa sociedade. 

O teatro amador é feito de sonhos, de suor e de esperança. É feito de pessoas que acreditam que a arte pode transformar vidas, que o riso e a lágrima compartilhados em cena podem aproximar corações e que o palco é um espelho da vida.

Que este Dia do Teatro Amador seja celebrado com alegria, reconhecimento e gratidão. Que cada grupo, cada ator, cada diretora e cada técnico sinta-se valorizado e lembrado. Vocês são os guardiões da arte, os semeadores de cultura, os construtores de um futuro mais humano e sensível. 

O Focus Portal Cultural reafirma seu compromisso de apoiar, divulgar e enaltecer o teatro amador, pois nele reside a essência mais pura da arte: a capacidade de emocionar e transformar, mesmo sem grandes recursos, mas com imensa paixão. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural




 

16 DE DEZEMBRO - 160 ANOS DO NASCIMENTO DE OLAVO BILAC - EFEMÉRIDES DO FOCUS PORTAL CULTURAL

160 anos do nascimento de Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros. Dedicamos a especial postagem ao Presidente de Honra da Academia Fluminense de Letras, Dr. Waldenir de Bragança, que sempre se manifestou sobre os escritos de Olavo Bilac. 

No dia 16 de dezembro de 1865, nascia no Rio de Janeiro aquele que se tornaria um dos maiores nomes da literatura brasileira: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. Poeta, jornalista, cronista e contista, Bilac atravessou sua época como figura pública de grande influência, sendo reconhecido como o principal expoente do Parnasianismo no Brasil e, por muitos, considerado o maior poeta nacional. Em 1907, foi oficialmente aclamado pela revista Fon-Fon como o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, título que sintetiza sua consagração literária e cultural. 

Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e Delfina Belmira Gomes de Paula, Olavo Bilac cresceu em um ambiente típico da classe média carioca do século XIX. Desde cedo demonstrou inteligência e disciplina nos estudos. Aos 15 anos, obteve autorização especial para ingressar na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, atendendo ao desejo do pai, médico que servira na Guerra do Paraguai. No entanto, a vocação literária falou mais alto: Bilac abandonou tanto o curso de Medicina quanto o de Direito, iniciado posteriormente em São Paulo, para dedicar-se ao jornalismo e à literatura. 

Bilac destacou-se como jornalista e cronista, colaborando em periódicos e revistas que marcaram a vida cultural da Primeira República. Escreveu para publicações como A Imprensa, A Leitura, Branco e Negro, Brasil-Portugal, Azulejos e Atlântida. Sua estreia literária ocorreu em 1884, com o soneto “Sesta de Nero”, publicado na Gazeta de Notícias. O texto recebeu elogios de Artur Azevedo e abriu caminho para sua carreira poética. 

Além de poemas, Bilac produziu textos publicitários, livros escolares e crônicas satíricas, sempre atento às transformações sociais e políticas de sua época. Sua escrita, marcada pelo rigor formal e pela musicalidade, tornou-se referência para gerações de leitores e estudantes. 

Em 1888, Bilac lançou sua primeira coletânea, “Poesias”, obra que lhe garantiu ampla aceitação do público e consolidou sua posição como líder do movimento parnasiano no Brasil. Junto a Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, formou a célebre Tríade Parnasiana, responsável por difundir no país os ideais de perfeição formal, objetividade e culto à beleza clássica. 

Sua obra poética é vasta e multifacetada: escreveu versos eróticos, épicos, políticos, intimistas e sociais. Também se dedicou à literatura infantil e à poesia cívica, sempre com a preocupação de exaltar valores nacionais e republicanos. O soneto “Língua Portuguesa”, por exemplo, tornou-se um hino à identidade cultural brasileira, celebrando o idioma como patrimônio da pátria. 

Bilac não se limitou ao papel de poeta. Foi um intelectual engajado nas questões políticas e sociais de seu tempo. Participou da fundação da Academia Brasileira de Letras em 1897, ocupando a cadeira número 15. Envolveu-se em campanhas cívicas, como a defesa do serviço militar obrigatório, implementado em 1915 durante a Primeira Guerra Mundial. Sua atuação foi decisiva para convencer jovens brasileiros a se alistarem, reforçando o sentimento de patriotismo.

Também se destacou como opositor do governo de Floriano Peixoto. Em 1891, fundou o jornal O Combate, de linha antiflorianista, o que lhe custou quatro meses de prisão na Fortaleza da Laje. Essa experiência reforçou sua imagem de intelectual combativo e comprometido com a liberdade.

A vida amorosa de Bilac foi marcada por desencontros. Seu grande amor foi Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira. Chegaram a ficar noivos, mas o compromisso foi desfeito por oposição familiar. Um segundo noivado, com Maria Selika, também não prosperou. Bilac viveu sozinho até o fim de seus dias, sem constituir família. 

Entre os episódios curiosos de sua vida, destaca-se o acidente automobilístico de 1897, quando perdeu o controle de seu carro Serpollet na Estrada da Tijuca. Tornou-se, assim, o primeiro motorista a sofrer um acidente de automóvel no Brasil, fato que entrou para a história. 

Nos últimos anos de vida, Bilac continuou ativo na cena cultural. Em 1917, recebeu o título de professor honorário da Universidade de São Paulo, reconhecimento por sua contribuição à literatura e à educação. Faleceu em 28 de dezembro de 1918, vítima de edema pulmonar e insuficiência cardíaca, sendo sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. 

Olavo Bilac deixou uma obra vasta e diversificada, que inclui títulos como:

Poesias (1888)

Crônicas e novelas (1894)

Crítica e fantasia (1904)

Conferências literárias (1906)

Tratado de versificação (1910, em parceria com Guimarães Passos)

Dicionário de rimas (1913)

Ironia e piedade (1916)

Tarde (1919, póstuma) 

Contos: Pátrios e Através do Brasil, em colaboração com Coelho Neto e Manuel Bonfim. O célebre Hino à Bandeira, que se tornou símbolo do civismo nacional. 

Sua produção literária e jornalística revela um homem profundamente comprometido com a arte e com a pátria. Bilac acreditava que a verdadeira identidade nacional estava no idioma, como expressou em célebre frase: “A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo.”

Celebrar os 160 anos do nascimento de Olavo Bilac é reconhecer a importância de um intelectual que marcou a literatura e a vida pública brasileira. Poeta de rigor formal e sensibilidade lírica, jornalista combativo e cidadão engajado, Bilac permanece como referência incontornável da cultura nacional. Sua obra continua a ecoar nos versos que exaltam a língua portuguesa, nos hinos que celebram a pátria e nas páginas que revelam a beleza da poesia parnasiana. 

Mais do que um poeta, Bilac foi um símbolo de sua época: um homem que soube unir arte, civismo e paixão pelo Brasil. Ao lembrarmos sua trajetória, reafirmamos o valor da literatura como força viva da identidade nacional. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural


Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865 e faleceu na mesma cidade em 28 de dezembro de 1918. Foi poeta, jornalista, cronista e contista brasileiro, reconhecido como o principal expoente do parnasianismo no país e identificado por muitos como o maior poeta brasileiro, sendo por vezes alcunhado como “o príncipe dos poetas brasileiros”. Sua obra poética, que abrangeu a produção infantil, erótica, política, épica, intimista e social, destacou-se pelo rigor formal e pela divulgação de valores cívicos, nacionalistas e republicanos. Foi também uma importante figura pública durante a Primeira República, tendo sido membro fundador da Academia Brasileira de Letras, defensor do serviço militar obrigatório, opositor político do governo de Floriano Peixoto e letrista do Hino à Bandeira do Brasil.

Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e de Delfina Belmira Gomes de Paula, teve infância e adolescência comuns para sua época. Era considerado um aluno aplicado, conseguindo, aos 15 anos — antes, portanto, de completar a idade exigida — autorização especial para ingressar no curso de Medicina da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, a gosto do pai, médico durante a campanha da Guerra do Paraguai, mas a contragosto próprio. Passou a frequentar as aulas da faculdade após rápida passagem pelo colegial, porém seu precoce trabalho na redação da Gazeta Acadêmica absorveu-o e interessou-o mais do que a prática medicinal. Por esse motivo, Bilac não concluiu o curso de Medicina, nem o de Direito, que frequentou posteriormente em São Paulo.

Bilac foi jornalista, poeta e frequentador de rodas boêmias e literárias no meio letrado do Rio de Janeiro. Sua projeção como jornalista e poeta, bem como o contato com intelectuais e políticos da época, conduziram-no a um cargo público: o de inspetor escolar. Considerando a importância dada aos cargos escolares naquele período — principalmente o de professor da Escola Pedro II, onde diversos eruditos disputaram famosas preleções, como Euclides da Cunha e Astrojildo Pereira —, não é de somenos importância perceber o relevo social dessa profissão. Sua participação na vida cotidiana e cultural foi uma marca patente em sua imagem. Sabe-se, por exemplo, que em 1897 Bilac perdeu o controle de seu automóvel Serpollet e o bateu contra uma árvore na Estrada da Tijuca, no Rio de Janeiro, tornando-se o primeiro motorista a sofrer um acidente de carro no Brasil.

Aos poucos, profissionalizou-se: produziu, além de poemas, textos publicitários, crônicas, livros escolares e poesias satíricas. Visava, então, retratar, através de seus manuscritos, a realidade presente em sua época. Prestou colaboração em publicações periódicas como as revistas A Imprensa (1885-1891), A Leitura (1894-1896), Branco e Negro (1896-1898), Brasil-Portugal (1899-1914), Azulejos (1907-1909) e Atlântida (1915-1920). Sua estreia como poeta nos jornais cariocas ocorreu com a publicação do soneto “Sesta de Nero” na Gazeta de Notícias, em agosto de 1884. Recebeu comentários elogiosos de Artur Azevedo, precedendo dois outros sonetos seus no Diário de Notícias. Ademais, escreveu diversos livros escolares, ora sozinho, ora em coautoria com seus amigos Coelho Neto e Manuel Bonfim. Em 1888, Olavo Bilac estreou como poeta e lançou sua obra intitulada Poesias, que obteve ampla aceitação do público.

Em 1891, com a dissolução do parlamento e a posse de Floriano Peixoto, inúmeros intelectuais perderam seu protetor, o dr. Portela, ligado ao primeiro presidente republicano, Deodoro da Fonseca. Como reação, Bilac participou da fundação de O Combate, órgão antiflorianista e opositor do estado de sítio declarado pelo presidente Floriano Peixoto após a ameaça de novo golpe político contra a ainda instável república. Nesse contexto, o poeta foi preso e constrangido a passar quatro meses detido na Fortaleza da Laje, no Rio de Janeiro.

O grande amor de Bilac foi Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira. Chegaram a ficar noivos, mas o compromisso foi desfeito por oposição de outro irmão da noiva, desconfiado de que o poeta era um homem arruinado. Seu segundo noivado foi ainda menos duradouro, com Maria Selika, filha do violonista Francisco Pereira da Costa. Viveu sozinho, em consequência desses descasos amorosos, sem constituir família até o fim de seus dias. Faleceu em 28 de dezembro de 1918, vítima de edema pulmonar e insuficiência cardíaca, sendo sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.

“A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo.” — Olavo Bilac

Já consagrado em 1907, o autor do Hino à Bandeira foi convidado a liderar o movimento em prol do serviço militar obrigatório, já matéria de lei desde 1907, mas apenas implementado em 1915, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Bilac desdobrou-se para convencer os jovens a se alistarem.

É como poeta que Bilac se imortalizou. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, foi a maior liderança e expressão do Parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade Parnasiana. A publicação de Poesias, em 1888, rendeu-lhe consagração.

Já no fim de sua vida, em 1917, Bilac recebeu o título de professor honorário da Universidade de São Paulo.

Principais obras

Dentre os escritos de Olavo Bilac, destacam-se:

  • Alma inquieta
  • Antologia poética
  • Através do Brasil
  • Conferências literárias (1906)
  • Contos Pátrios
  • Crítica e fantasia (1904)
  • Crônicas e novelas (1894)
  • Dicionário de rimas (1913)
  • Hino à Bandeira
  • Ironia e piedade (1916)
  • Língua Portuguesa (soneto)
  • Livro de Leitura
  • Poesias (1888)
  • Tarde (1919, org. de Alceu Amoroso Lima, 1957)
  • Teatro Infantil
  • Tratado de Versificação, em colaboração com Guimarães Passos
  • Tratado de versificação







Língua Portuguesa - Olavo Bilac
Narração do Mundo dos Poemas.

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura;

Ouro nativo, que, na ganga impura,

A bruta mina entre os cascalhos vela...

 

Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela,

E o arrolo da saudade e da ternura!

 

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceanos largos!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

 

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!








 


 

LÍNGUA PORTUGUESA - POEMA DE OLAVO BILAC COM NARRAÇÃO DE MUNDO DOS POEMAS

(CLICAR NA IMAGEM)

LÍNGUA PORTUGUESA - OLAVO BILAC

NARRAÇÃO DO MUNDO DOS POEMAS.

 

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura;

Ouro nativo, que, na ganga impura,

A bruta mina entre os cascalhos vela...

 

Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela,

E o arrolo da saudade e da ternura!

 

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceanos largos!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

 

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!




segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

CECÍLIA MEDEIROS - A BORBOLETA QUE ENSINA A VOAR - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO VÍDEO)

No dia 22 de novembro, Cecília Medeiros celebrou mais do que um aniversário, ela celebrou um renascimento. A festa foi realizada no dia 27 de novembro. Cercada por amigos e familiares, em um encontro marcado pela ternura e pela beleza no Restaurante Jambeiro, em Niterói, Cecília não apenas comemorou mais um ciclo de vida, mas reafirmou sua vocação de ser luz, de ser ponte, de ser asas. 

Cecília é dessas pessoas raras que não passam pela vida, elas a transformam. Professora por ofício e por alma, ela não ensina apenas conteúdos, mas desperta consciências. Sua presença é como um sopro de primavera: onde chega, florescem ideias, brotam afetos, renascem esperanças. Ela é a educadora que compreende que ensinar é um ato de amor, e que o saber só se completa quando é compartilhado com generosidade. 

Na celebração de seu aniversário, ladeada por aqueles que a admiram e a amam, Cecília irradiava a mesma energia que sempre ofereceu aos outros: acolhimento, escuta, entusiasmo. O mural de asas de borboleta diante do qual posou para a foto do convite não foi apenas um cenário, foi metáfora viva. Cecília é borboleta: passou por metamorfoses, enfrentou os casulos da vida, e hoje voa com leveza e propósito, inspirando outros a alçarem seus próprios voos.

Sua trajetória é marcada por uma profunda conexão com a cultura, com a arte, com o pensamento crítico. Cecília não se contenta com o óbvio, ela provoca, instiga, convida ao mergulho. Em seus encontros educacionais, em suas conversas, em seus gestos cotidianos, ela cultiva o espírito da liberdade: liberdade para pensar, para agir, para amar e para sonhar, como ela mesma escreveu em seu convite. E essa liberdade, longe de ser solitária, é compartilhada. Cecília acredita na força dos sonhos coletivos, na beleza dos encontros, na potência das amizades. 

Quem conhece Cecília sabe que ela está sempre presente, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Ela é aquela amiga que envia uma mensagem no momento certo, que aparece com um sorriso quando o mundo parece cinza, que oferece palavras como quem oferece abrigo. Seu apoio é constante, silencioso às vezes, mas sempre firme. Ela é o tipo de pessoa que nos faz acreditar que não estamos sós, que há ternura no mundo, que há pessoas que realmente se importam. 

Na noite do dia 27 de novembro, o Restaurante Jambeiro se encheu de vozes, de risos, de memórias. Mas, acima de tudo, se encheu de gratidão. Gratidão por Cecília existir, por ela ser quem é, por ela tocar tantas vidas com sua presença luminosa. Os amigos que ali estavam não celebravam apenas uma data, celebravam uma mulher que é símbolo de resistência, de afeto, de sabedoria. 

Cecília Medeiros é um patrimônio afetivo. Sua vida é uma obra em constante construção, feita de palavras, de gestos, de silêncios eloquentes. Ela é a professora que nos ensina que o conhecimento não é um fim, mas um caminho. Que a cultura não é ornamento, mas essência. Que o amor não é promessa, mas prática. 

Neste aniversário, Cecília nos convidou a sonhar juntos, a voar mais alto. E nós, seus amigos, seus alunos, seus admiradores, aceitamos o convite com alegria. Porque sabemos que, ao lado dela, o voo é seguro, é belo, é transformador. 

Parabéns, Cecília. Que seus dias sejam sempre repletos de poesia, de encontros verdadeiros, de descobertas. Que você continue sendo essa borboleta que pousa suavemente nos corações e os ensina a bater com mais coragem. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural

 










Parabéns, Cecília!
Celebrou-se muito mais do que um aniversário, celebrou-se a beleza de uma alma que inspira, acolhe e transforma. Cecília, você é dessas raras presenças que iluminam caminhos, que oferecem asas aos que precisam voar, que estendem a mão com ternura e sabedoria.

Neste novo ciclo, que eleve ainda mais seus sonhos e fortaleça sua liberdade de pensar, agir, amar e sonhar. Que a vida continue lhe presenteando com encontros verdadeiros, afetos sinceros e momentos de encantamento. Você é um holofote que brilha intensamente para os amigos, abrigo para os que buscam apoio, e exemplo de generosidade para todos que têm o privilégio de caminhar ao seu lado. Que sua jornada siga plena de poesia, cultura e voos altos, como a borboleta que você representa tão bem. Feliz renascimento. Feliz vida. Feliz você! Com carinho e admiração, Alberto Araújo



O DIA 15 DE DEZEMBRO É OFICIALMENTE CELEBRADO COMO O DIA DA MULHER ADVOGADA NO BRASIL.


 


Foi instituído em 2016 pelo Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A homenagem remete à trajetória de Myrthes Gomes de Campos, a primeira mulher brasileira a obter registro profissional como advogada, em 1906. A data reconhece a força, coragem e pioneirismo das mulheres na advocacia, que historicamente enfrentaram barreiras em um ambiente predominantemente masculino. 

É também um momento de reflexão sobre igualdade de gênero no Direito, valorizando a sensibilidade e a técnica que as mulheres trazem para a profissão. 

Hoje, as mulheres ocupam cada vez mais espaços de liderança na advocacia e no sistema de Justiça. 

O dia 15 de dezembro serve como símbolo de reconhecimento e incentivo para que novas gerações continuem ampliando sua presença e influência no mundo jurídico 

Myrthes Gomes de Campos nasceu em 1875, em Macaé (RJ), e foi a primeira mulher a exercer a advocacia no Brasil. Formou-se em Direito no Rio de Janeiro e, em 1899, atuou pela primeira vez no Tribunal do Júri, defendendo um acusado de agressão. Em 1906, conseguiu se inscrever oficialmente no Instituto dos Advogados do Brasil, tornando-se a primeira advogada registrada do país. 

Ela enfrentou forte resistência em uma época em que mulheres eram desencorajadas a seguir carreiras jurídicas, mas abriu caminho para que outras pudessem ocupar esse espaço. Além da advocacia, trabalhou no Ministério da Justiça e defendeu causas ligadas aos direitos das mulheres. 

Myrthes faleceu em 1965, mas sua trajetória inspirou a criação do Dia da Mulher Advogada, celebrado em 15 de dezembro, como reconhecimento ao pioneirismo e à luta feminina na advocacia. 

HOMENAGEM ÀS MULHERES ADVOGADAS 

Neste 15 de dezembro, o Focus Portal Cultural ergue sua voz em reverência às mulheres que, com coragem e sabedoria, escrevem diariamente capítulos de justiça e dignidade. 

Ser mulher advogada é carregar nos ombros a força da lei e no coração a sensibilidade humana. É transformar a palavra em ponte, o argumento em escudo, e a resiliência em bandeira. Cada uma de vocês é guardiã da democracia, intérprete da verdade e protagonista de uma história que não se cala.

Hoje, celebramos todas as mulheres advogadas dos nossos grupos de convivência e amizade, que com excelência profissional e espírito incansável dignificam a advocacia. E, em especial, rendemos honras à presidente do Elos Internacional, a vice-presidente da OAB-Niterói e procuradora da Instituição, Matilde Slaibi Conti, que o Focus Portal Cultural traz como símbolo e representação de todas vocês. Ao lado do presidente Pedro Gomes e dos demais diretores, Matilde integra uma gestão que realiza um trabalho muito bonito, marcado pela dedicação e pelo compromisso com a advocacia e com a sociedade. 

Que esta data seja mais que uma celebração: seja um chamado à memória de Myrthes Gomes de Campos, pioneira que abriu caminhos, e um convite à continuidade da luta por igualdade e reconhecimento. 

Às mulheres advogadas, nossa gratidão e aplauso. Vocês são poesia viva na defesa da justiça, cultura em movimento na construção de um mundo mais justo, e eternas protagonistas da história da advocacia brasileira.

© Alberto Araújo 


 



O FANTASMA DE PEDRA DO PALÁCIO MONROE – VERSÃO AMPLIADA - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

 


Foi por intermédio de um vídeo que encontrei no Instagram da Revista Insight Inteligência que me vi novamente diante do Palácio Monroe. A crônica "O Fantasma de Pedra do Palácio Monroe" já existia em mim, como uma ferida cicatrizada que ainda pulsa. Mas hoje, ao ver as imagens geradas por inteligência artificial, decidi ampliá-la. Porque há fantasmas que merecem ser revisitados com mais vagar, mais afeto, mais palavras. 

Logo cedo, ao deslizar distraidamente pela página Maravilhas do Rio, fui surpreendido por uma imagem que me fez suspender o tempo. Lá estava ele: o Palácio Monroe, fotografado em 1959, com sua imponência de cúpula erguida, colunas altivas e uma aura de grandiosidade que parecia querer dialogar com as montanhas e com o mar da Guanabara. Era como se o passado tivesse se insinuado por entre os pixels da tela, exigindo atenção, respeito, memória. 

Não era apenas um prédio. Era um gesto. Uma ousadia em pedra e cimento, um símbolo de modernidade que o Rio um dia abraçou e, depois, deixou escapar pelos dedos. O Palácio Monroe não se limitava à sua arquitetura neoclássica. Ele era um manifesto silencioso, uma tentativa de dizer ao mundo que o Brasil também sabia erguer monumentos que falavam de beleza, de poder, de civilidade. 

Olho a foto e imagino a vida ao redor: os carros discretos circulando, o frescor das árvores que ainda guardavam sombra generosa, os passantes que talvez não se detivessem diante dele, como quem não percebe a beleza que tem todos os dias diante dos olhos. O Palácio Monroe era assim: uma joia de presença tão forte que parecia eterna. E, no entanto, não resistiu ao descaso. 

Demolido em 1976, sob justificativas que hoje soam frágeis, o palácio foi apagado do mapa, mas não da alma da cidade. O lugar onde se erguia agora abriga apenas o vazio e a pressa, como se o Rio tivesse decidido esquecer uma parte de si. E é nesse instante que entendo: algumas ausências são mais barulhentas que qualquer monumento.

O Palácio Monroe, ainda que demolido, permanece vivo, não na Cinelândia, não no asfalto, mas na lembrança daqueles que sabem olhar para trás sem medo da saudade. Ele vive nas fotografias amareladas, nos postais antigos, nas conversas entre arquitetos e historiadores, nas crônicas como esta. Vive, sobretudo, na dor silenciosa de quem viu a cidade perder um pedaço de sua alma. 

A imagem gerada por inteligência artificial, que me levou de volta ao palácio, tem algo de mágico e inquietante. Ela não é apenas uma reconstrução visual. É uma evocação. Um chamado. Como se a tecnologia, paradoxalmente, nos ajudasse a resgatar o que a modernidade destruiu. E ali, diante daquela imagem, percebo que o Palácio Monroe não é apenas um fantasma de pedra. É um símbolo da luta entre o efêmero e o eterno, entre o progresso e a preservação.

O Rio perdeu o palácio, mas não perdeu a poesia de quem se comove com sua lembrança. E talvez seja essa poesia que nos salve. Que nos faça olhar para os prédios que ainda resistem com mais cuidado, com mais reverência. Que nos impeça de repetir o erro. Porque cada demolição injusta é uma amputação na memória coletiva. E a memória, sabemos, é o que nos dá identidade. 

Hoje, ao ampliar esta crônica, não quero apenas lamentar. Quero celebrar. Celebrar a beleza que existiu, a coragem de quem a construiu, a sensibilidade de quem ainda se emociona. O Palácio Monroe pode ter sido demolido, mas permanece como um farol invisível, guiando os que acreditam que a cidade é feita também de suas cicatrizes. 

© Alberto Araújo

Link da postagem original

Revista insight inteligencia

https://www.instagram.com/p/DSI_MzgAe0w/  

 


A DEMOLIÇÃO DO MONROE: UM SILÊNCIO QUE ECOA

O Palácio Monroe não foi apenas um edifício. Foi um gesto arquitetônico, uma afirmação de modernidade e civilidade em pedra e cimento, que o Rio de Janeiro ergueu com orgulho e destruiu com pressa. Sua trajetória, da pedra fundamental em 1905 à demolição em 1976, é um retrato fiel das contradições urbanas, políticas e culturais do Brasil republicano.

Inaugurado ainda inacabado para a 3ª Conferência Pan-Americana, o Monroe rapidamente se tornou palco de eventos diplomáticos, científicos e legislativos. Recebeu a Câmara dos Deputados, depois o Senado, e foi reformado para acomodar os novos usos, perdendo parte de sua elegância original. Durante a Revolução de 1930, virou quartel das tropas gaúchas, cenário de cavalos pastando em seus jardins. Já nos anos 1950, o Senado cogitou abandoná-lo, e um concurso arquitetônico chegou a prever sua substituição por uma pirâmide truncada. Mas Brasília interrompeu esses planos.

Com a transferência do Senado, o Monroe virou abrigo de serviços administrativos e da Constituinte do Estado da Guanabara. Nos anos 1970, foi disputado por órgãos sem sede, como o TSE, e por entidades como o Clube de Engenharia e o CREA, que ofereceram restaurá-lo. As obras do metrô ameaçaram sua estrutura, mas engenheiros projetaram curvas para preservá-lo. Mesmo assim, escadarias foram demolidas e os leões de mármore removidos.

Em outubro de 1975, sem decreto publicado, o Palácio foi demolido por ordem de Geisel, num gesto autoritário e simbólico. A decisão fazia parte de um plano maior: apagar a antiga capitalidade do Rio e consolidar Brasília como centro de poder. O Catete virou museu, o Tiradentes, assembleia, e o Monroe, ruína. Falcão mobilizou a imprensa para criar clima favorável à demolição, enquanto a opinião pública ignorava os planos geopolíticos por trás do ato.

O Palácio Monroe era fruto de um projeto modernizador iniciado em 1904, com o pavilhão brasileiro em Saint Louis. A arquitetura eclética buscava romper com o passado colonial e afirmar valores universais. A Primeira República apostava no corpo técnico de engenheiros e na transformação urbana, com prefeitos como Pereira Passos, Souza Aguiar e Paulo de Frontin. O Monroe simbolizava essa fé no progresso.

Mas esse modelo não se conciliou com o nacionalismo do período Vargas, que valorizava o colonial e o folclórico. A Nova Arquitetura de Costa, concretizada em Brasília, buscava mitos fundadores. O ecletismo do Monroe ficou excluído. Sua demolição, embora injusta, abriu espaço para o reconhecimento de outros edifícios ecléticos, como os do Conjunto da Avenida Rio Branco.

O Palácio Monroe foi sacrificado em nome de uma modernidade que não soube dialogar com sua própria história. Sua ausência ecoa como um silêncio eloquente, lembrando que o progresso sem memória é apenas ruína disfarçada. E que, por trás de cada pedra derrubada, há sempre uma história que insiste em ser contada.