A noite chega a
Icaraí como quem dança, leve, perfumada de maresia, cheia de pequenos encantos.
É como se o céu trocasse o calor do dia por um vestido bordado de estrelas e
saísse para passear pela orla.
As luzes se acendem
e ganham reflexo no mar, que sorri em ondas suaves, como criança feliz
brincando com a própria sombra. Há um brilho nos olhos do bairro. Há vida nas
varandas, nos bares, nas calçadas onde os amigos se encontram sem pressa.
Os coqueiros balançam
ao ritmo do vento e parecem conversar entre si, trocando segredos noturnos com
a brisa que vem da Baía. Lá no alto, o Cristo Redentor se ilumina, sereno,
estendendo seus braços sobre tudo, como um abraço de paz para a cidade que se
deixa embalar.
As bicicletas
deslizam, os cachorros passeiam, os casais sorriem. Crianças ainda correm,
teimando em dormir cedo. Tudo respira uma alegria mansa, uma felicidade que não
precisa gritar.
Porque Icaraí à
noite não faz barulho: ela canta. Em notas baixas, mas doces. Uma canção que
diz, no íntimo, que tudo está bem, que viver é bom, e que a vida, quando vista
de frente para o mar, tem gosto de eternidade.
© Alberto Araújo
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