Hoje, ao deslizar distraidamente pela página de Mana Pereira no Facebook, deparei-me com uma fotografia que me atravessou a alma como um raio de luz. Era a igreja de Santa Luzia, erguida firme no coração da minha cidade natal. A mesma igreja que testemunhou os primeiros passos da minha fé, onde fui batizado, fiz minha primeira comunhão e crisma.
Ali está ela, imponente e serena, com sua torre apontando para o céu como um dedo que insiste em lembrar-nos de onde viemos e para onde vamos. Seu amarelo vibrante parece aquecer a memória, como se as paredes guardassem os ecos dos cânticos, o cheiro das flores nas festas de padroeira e o murmúrio das orações sussurradas por tantas vozes ao longo do tempo.
Naquele chão, eu era apenas um menino de calças curtas, com os olhos curiosos e o coração aprendendo a decifrar o mistério da vida. O tempo passou, e eu segui meu caminho. Mas a imagem da igreja, agora diante de mim em pixels luminosos, trouxe de volta o menino que fui, devolveu-me sua ingenuidade, sua fé intacta e sua alegria simples diante do sagrado.
Há fotos que não apenas mostram: elas
tocam. Essa, em especial, foi um tiro certeiro nas reminiscências, um chamado
doce e inevitável às raízes que nunca se desfazem. A igreja de Santa Luzia não
é apenas pedra, pintura ou torre; é o altar silencioso onde repousam pedaços da
minha história.
E, diante dela, mesmo de longe, o
tempo se ajoelha.
Crédito da foto: Mana Pereira
@Alberto Araújo
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