sábado, 30 de agosto de 2025

O SUSSURRO DAS HORAS - PROSA POÉTICA DE ALBERTO ARAÚJO

Hoje amanheci assim: com sede de saber, com fome de conhecimento. Abri a estante e, ao tocar os livros, senti que cada página era um cálice de sabedoria, saboreei Camões como quem atravessa mares bravios, ouvi Pessoa como quem escuta vozes de dentro, caminhei com Cecília entre nuvens de infância e sorri com Machado, mestre das ironias do coração humano.

As horas me perguntaram quem eu era, e respondi com o silêncio das páginas que li. As folhas das amendoeiras diante da janela, verdes e leves, tornaram-se páginas de um livro vivo, revelando segredos que apenas o vento traduz.

E ao contemplar o horizonte, vi que a cultura também se ergue em pedra e memória: a Pedra do Índio, guardiã das marés, parece ainda ouvir os cantos ancestrais; a Pedra de Itapuca, partida e inteira em sua beleza, recorda que a vida também se faz de rupturas e reencontros; e o MAC, flutuando sobre a paisagem, abre suas asas de concreto para dizer que a arte é sempre um voo em direção ao futuro. 

O mar, eterno poeta, trouxe em suas ondas o sussurro que hoje desejo partilhar: que cada um de nós encontre nas palavras o sopro da alma, e na cultura a chama que acende a alegria de viver. 

@Alberto Araújo


 

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