quarta-feira, 20 de agosto de 2025

QUANDO AS AMENDOEIRAS VESTEM AGOSTO - AS AMENDOEIRAS LÍRICAS DA PRAIA DE ICARAÍ - PROSA POÉTICA DE ALBERTO ARAÚJO

 

É em agosto que a Praia de Icaraí se enfeita de outono mesmo no coração do inverno. As amendoeiras, generosas guardiãs da orla, derramam sobre o calçadão um manto de cores rubras, douradas e alaranjadas, como se cada folha fosse um fragmento de sol adormecido no tempo.

Ali, entre o azul sereno do mar e o concreto da cidade, as árvores oferecem um intervalo de beleza. São testemunhas antigas das manhãs de sol, das tardes de brisa e das noites em que a lua repousa sobre as ondas. E quando o vento sopra, as folhas rubras dançam e caem, como cartas de amor lançadas ao chão da praia.

Os moradores de Icaraí já sabem: é nesse tempo que o coração se aquece mesmo no inverno, pois a natureza se veste de festa e memória. As amendoeiras não apenas embelezam a paisagem, elas recordam que o tempo passa em ciclos de cor e renascimento.

Quem caminha sob suas copas percebe: não são apenas árvores, são memórias em flor. Testemunhas de encontros à beira-mar, de conversas demoradas ao entardecer, de sorrisos que a brisa do oceano leva para longe e devolve em forma de saudade. 

Sob suas copas, a vida parece mais lenta. O chão se cobre de folhas que dançam ao vento, lembrando cartas de um outono secreto que insiste em nascer mesmo quando a cidade corre apressada. 

As amendoeiras de Icaraí não precisam de aplausos. Sua beleza é um milagre repetido a cada agosto, um recado da natureza de que tudo se transforma, mas nada se perde. Pois até a folha que cai guarda em si a promessa de renascer. 

© Alberto Araújo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário