"A arte é a fogueira que aquece a alma sem queimar a essência."
Hoje, ao revirar os livros em minha biblioteca, minhas mãos encontraram algo que não buscavam, mas que parecia me esperar havia muito tempo: um marcador. Não era apenas um pedaço de papel fino entre páginas; era uma janela. No centro, a pintura de Gilda Uzeda, com suas cores que parecem respirar luz, me chamou como quem convida para atravessar um jardim secreto.
Parei. Fitei. Deixei o tempo se curvar. Ali estava um recorte de vida, pincelado com delicadeza e intensidade, como se cada traço guardasse uma conversa silenciosa com a natureza.
O marcador é parte integrante do livro: “A Fogueira do Acampamento”, e, ao tocá-lo, imaginei que o próprio fogo do título se acendia na tela: chamas de cor e sentimento, não para destruir, mas para iluminar. "Pintar é acender luz em lugares onde só havia sombra."
Senti alegria pelo encontro. Felicidade pela lembrança de que o belo pode estar escondido em detalhes tão pequenos. E gratidão por artistas como Gilda, que transformam pigmentos em emoção, e emoção em eternidade.
"Algumas obras não apenas mostram um cenário, elas nos colocam dentro dele."
Guardei-o novamente, mas não fechei o instante. Ele ficou comigo, como um lume manso que continua ardendo no canto da memória.
© Alberto Araújo
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