Há viagens que carregam não apenas uma pessoa, mas todo um coro de vozes, sonhos e histórias. Assim foi, nesta manhã radiante de 14 de agosto de 2025, quando nossa amiga e escritora Ana Maria Tourinho embarcou com a missão luminosa de representar um volumoso número de escritores na 28ª Feira Pan-Amazônica. A alegria dessa partida transbordou como um rio que não se contém nas margens, levando consigo a energia de todos que, mesmo à distância, viajaram no mesmo voo, dentro no coração.
Logo cedo, ao abrir o nosso grupo cultural no WhatsApp, encontrei a mensagem de Ana. Eram palavras carregadas de afeto e expectativa, como se cada frase fosse uma mala fechada com cuidado, mas com as portas dos sonhos escancaradas, permitindo que a brisa da esperança entrasse e saísse livremente.
Hoje, às 5h20min, ela embarcou com destino a Belém do Pará. O voo decolou às 6h rumo a Brasília e, às 9h15min, ela seguiria viagem para sua tão amada terra natal, o chão afetivo de sua ancestralidade. No texto, percebi que não se tratava apenas de uma rota aérea: era um reencontro com raízes, abraços e memórias. Mais que isso, era o cumprimento de um desejo antigo, uma veleidade que agora se tornava realidade: participar da 28ª Feira Pan-Amazônica de Livros e Multivozes.
Ela contou que, com a ajuda de Euderson Tourinho, seu adorável “muso” que, por motivos inevitáveis, não pôde acompanhá-la, organizou cada detalhe da partida. As malas ficaram prontas, mas na bagagem invisível Ana levou as luzes de todos que ama. Disse que durante anos sonhou com essa feira mágica, mas que as datas, caprichosas, sempre dançavam em outro ritmo. Este ano, porém, o destino sorriu, e o convite se fez possível.
Ana descreveu, com aquela precisão afetiva de quem já saboreia a chegada, o roteiro sentimental que a espera: tapioquinha no café com cuscuz, caranguejo e maniçoba no almoço, tacacá na esquina ao cair da tarde, e um jantar no Porto das Docas, à beira do rio Guamá, coroado por um sorvete de açaí da Cairu. Prometeu contar mais, se possível, “ao vivo e a cores”.
E encerrou sua mensagem com carinho e “bjks”, como quem já acena antes mesmo de chegar.
Na manhã, percebi que a viagem de Ana não era apenas geográfica. Era também uma travessia pelo coração, um voo onde cada passo é guiado pelo sabor, pela saudade e pela luminosa promessa do reencontro.
Certamente, ao escrever esta crônica, a nossa amiga já esteja em terras paraenses...
Assim, mais do que uma simples viagem, a presença de Ana Maria Tourinho na 28ª Feira Pan-Amazônica é um gesto de ponte e partilha. Ela leva na voz e no coração a palavra de muitos escritores, fazendo ecoar, em terras paraenses, a força da literatura que une culturas e atravessa fronteiras. Entre um abraço e outro, entre um prato típico e uma conversa de feira, ela não apenas representa, ela semeia. E nós, daqui, seguimos acompanhando seu voo, certos de que cada página que ela abrir lá será também uma página escrita na nossa própria história.
© Alberto Araújo
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