ECOS
DO PARNASO – ONDE A PALAVRA SE ETERNIZA
O Focus Portal Cultural, do jornalista Alberto Araújo, tem a honra de lançar uma iniciativa de memória e celebração: toda semana, um de nossos companheiros que contribuiu e já partiu rumo ao Parnaso será lembrado com gratidão e reverência.
São vozes que brilharam no cenário cultural de nosso estado e ecoaram pelo Brasil, deixando marcas indeléveis de talento, sensibilidade e amor à palavra.
O Parnaso é o lugar certo dos poetas e escritores, o território simbólico onde a criação literária se ergue como ponte entre o tempo e a eternidade. Ao revisitar suas trajetórias e obras, não apenas homenageamos suas memórias, mas reafirmamos a força da literatura como farol de nossa cultura.
Assim, semana após semana, seguiremos acendendo novas luzes neste altar da palavra, para que os Ecos do Parnaso continuem vivos, inspirando gerações e guardando o patrimônio imortal da escrita.
© Alberto Araújo
O Focus Portal Cultural, do jornalista Alberto Araújo, tem a honra de inaugurar sua série Ecos do Parnaso – Onde a Palavra se Eterniza com uma homenagem a Horácio Pacheco.
HORÁCIO PACHECO – O MESTRE DA PALAVRA E DO TEMPO
Intelectual que marcou a vida cultural fluminense e brasileira. Professor, advogado, jornalista e homem de múltiplos talentos, Horácio Pacheco dedicou sua vida à cultura, à palavra e à memória de nossa história.
Nasceu em Ribeirão Preto, em 14 de dezembro de 1916, mas foi em Niterói que plantou raízes e se fez árvore de sombra larga. Desde 1935, a cidade acolheu-o, e ele a retribuiu com a inteireza de quem educa, escreve, organiza e sonha.
Horácio Pacheco não foi apenas um professor: foi um fundador de caminhos. Na Academia Niteroiense de Letras, ajudou a levantar os alicerces, ocupando a Cadeira nº 5, patrimonial de Euclides da Cunha, e chegando a presidir a Casa, que mais tarde ganharia seu próprio nome — “Casa de Horácio Pacheco”, tributo de imortalidade a quem tanto lhe devotou amor.
Como presidente da Academia Niteroiense de Letras, membro da Academia Fluminense de Letras, do Cenáculo Fluminense de História e Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, foi presença constante nas principais entidades culturais do Estado do Rio de Janeiro, sempre empenhado em fortalecer a arte da escrita e preservar o legado literário.
A educação foi seu ofício de fé. Aos dezessete anos, já diante de turmas, iniciou a aventura do magistério com o Latim, língua de raiz e permanência. Seguiu lecionando em colégios de Niterói e na antiga Faculdade Fluminense de Filosofia, ensinando Literatura Portuguesa com rigor e ternura. Foram trinta e nove anos entregues à docência, colhendo frutos em gerações de alunos que até hoje o reverenciam como paradigma de mestre.
Na vida pública, foi Secretário Municipal de Educação na gestão de Waldenir de Bragança e, por quase três décadas, diretor do SESC/RJ, imprimindo sua marca de seriedade e humanidade. Também fez da cultura seu campo de pertença, tornando-se membro ativo do Rotary Clube Niterói – Norte e do Elos Clube de Niterói.
Os livros que publicou são testemunho de sua vocação literária e crítica: Em louvor de Euclides da Cunha, Dois vencidos da vida, O penacho na poesia de Castro Alves, Nova viagem em torno das farpas, Presença da Cultura Fluminense, Dois instantes de poesia, Fagundes Varela e Oliveira e Silva, entre outros. Cada obra é uma extensão de sua pena atenta, pesquisadora e amorosa da tradição.
Em 1993, Niterói o reconheceu como Intelectual do Ano. Outros prêmios e medalhas — como o Jubileu de Ouro da ANL — coroaram sua caminhada. Mas sua maior recompensa foi a memória viva que deixou nos que o chamavam, com afeto, de “Nós, os Horácios”.
Horácio tinha o dom da palavra dita e escrita. Um orador elegante, bem-humorado, que unia erudição e simpatia. Seu verbo educava, mas também encantava. Sua filosofia de vida, altruísta e luminosa, fazia dele um homem de convivência solar.
Sua presença constante em instituições de cultura e sociabilidade fazia dele uma figura respeitada e agregadora, lembrada por sua simpatia, cordialidade e capacidade oratória.
OBRA PUBLICADA
Como escritor e ensaísta, deixou livros de importância para os estudos literários e para a memória da cultura fluminense:
“Em
louvor de Euclides da Cunha”
“Dois
vencidos da vida”
“O
penacho na poesia de Castro Alves”
“Nova
viagem em torno das farpas”
“Presença
da cultura fluminense”
“Dois
instantes de poesia”
“Fagundes Varela e Oliveira e Silva”
LEGADO
Sua filosofia de vida altruísta, sempre bem-humorada e generosa, cativava colegas, alunos e amigos. Tão marcante foi sua convivência que seus admiradores passaram a se autodenominar “Nós, os Horácios”, em homenagem à sua personalidade afetuosa e inspiradora.
O escritor Sávio Soares de Sousa destacou que o professor transmitia uma filosofia marcada pela leveza, alegria e altruísmo, o que lhe conferia a capacidade de formar não apenas intelectuais, mas também cidadãos.
Quando presidente da ANL, a Professora, Dra. Márcia Pessanha, sintetizou sua herança espiritual lembrando que, em Horácio, havia sempre “sons, perfumes e cor”, a harmonia poética que embalava sua presença entre livros e amigos.
Assim, Horácio Pacheco permanece como símbolo da educação, da literatura e da vida cultural de Niterói, celebrando-se nele a memória de um mestre eterno, homem de letras, de livros e de humanidade. O intelectual atravessou quase um século de vida como quem cumpre uma missão silenciosa e grandiosa. Hoje, permanece como símbolo do que há de mais nobre em Niterói: o amor aos livros, à cultura e ao ensino.
Horácio Pacheco é, enfim, um nome que não se apaga. É uma chama que continua a iluminar a cidade onde escolheu viver, ensinar e escrever.
SONETO A HORÁCIO PACHECO
Em
Ribeirão Preto nasceu o saber,
Fez
da existência um templo a cultivar;
No
Parnaso viu seu nome florescer,
E
nas letras sempre brilhou a brilhar.
Na
Niteroiense guiou a inspiração,
Na
Fluminense e no Cenáculo, luz;
Entre
história, jornal e educação,
Sua
voz à cultura firme conduz.
Afrânio
o guardou em memória viva,
“Água
Escondida” traz seu labor;
Até
hoje inspira a pena criativa,
Homem de ciência, de fé e de amor.
Seu
eco na literatura se aviva,
No Parnaso eterno, brilha o fulgor.
Com
esta homenagem, o Focus Portal Cultural dá início à série Ecos do Parnaso,
celebrando semanalmente aqueles que brilharam no cenário cultural do Estado e
do Brasil, preservando suas palavras, seu talento e a luz eterna de suas
criações.
©
Alberto Araújo
MENSAGENS
Muito bem, Alberto!!!👏👏👏
Fico feliz pelo novo quadro de Memórias no Focus, e, em especial, este que fala sobre Horácio Pacheco. Sinto-me profundamente honrada por ser a atual ocupante da Cadeira n°5 da ANL, uma cadeira que tem como Patrono Euclides da Cunha e tem Horácio Pacheco como ilustre e anterior ocupante.
Olha só, Alberto, a responsabilidade que caiu em mãos tão pequenas para tal honraria.
Enfim, seja como for, repito aos céu a palavra Gratidão .
E sempre aplausos ao Escritor e Professor Horácio Pacheco.
🙏🌸🙏
Abraço, Gilda
*******************
Olá, Gilda,
Fico imensamente feliz com suas palavras! Quero parabenizá-la por tamanha honraria, ocupar a Cadeira n° 5 da ANL, onde o Patrono é Euclides da Cunha e que teve Horácio Pacheco como ilustre ocupante, é realmente um reconhecimento à sua trajetória exemplar.
Confesso que não conheci pessoalmente o Professor Horácio, mas, por fontes sérias, como me contou Sávio Soares de Sousa nos encontros do Escritores Ao Ar Livro, ele foi um verdadeiro fenômeno em bondade e intelectualidade. Inspirado por essas referências, tive a alegria de homenageá-lo na Antologia O Perfume da Palavra, Volume V sob organização de Labouré Lima. E que alegria saber que você, Gilda, agora conduz essa herança! Uma geógrafa de coração e alma, um verdadeiro fenômeno também na sua área. É emocionante ver pessoas como você carregando memória, talento e generosidade com tanto brilho. Abraços do
Alberto Araújo 📷
Nenhum comentário:
Postar um comentário