Publicada em 2021
pelo selo da Parthenon Centro de Arte e Cultura, com projeto gráfico de Mauro
Carreiro Nolasco, a obra O Caminho Une o Tempo, de
Idalina Andrade Gonçalves, constitui um exercício de memória e reverência, que
entrelaça a sensibilidade da autora à grandeza de dois vultos da literatura e
da política luso-brasileira: Ferreira de Castro e Joaquim Nabuco. Com 74
páginas de intensidade reflexiva, o livro é mais que um apanhado de textos é um
gesto de síntese, um olhar crítico e amoroso sobre heranças culturais que
permanecem vivas no diálogo entre Brasil e Portugal.
A apresentação,
assinada pelo então presidente da Academia Luso-Brasileira de Letras, Dr.
Francisco Amaral Neto, situa a obra no contexto solene da posse de Idalina na
Cadeira nº 13, cujo Patrono é Ferreira de Castro. Nesse rito de enraizamento, a
autora não apenas ocupa uma cadeira, mas a faz florescer em palavra, reconhecendo
o realismo social e a força humanista que marcaram a literatura do escritor
português.
No prólogo,
Idalina deixa entrever sua própria tessitura literária: lírica, reverente e
atenta ao sopro da história. Ao evocar a primavera de 1964 e a reinstalação da
Academia Luso-Brasileira de Letras em 1990, transforma o registro
memorialístico em canto, lembrando figuras como Kepler Alves Borges e Adolpho
Polillo. Sua escrita se deixa atravessar pelo lirismo da tradição, enxergando a
Academia como um "cenáculo da cultura", onde o orvalho da manhã e o
sonho poético se encontram como metáfora da união entre nações.
O posfácio, de
autoria do Prof. Dr. Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa, amplia
a perspectiva da obra, ressaltando o valor de Idalina como intelectual atenta
às raízes açorianas da formação brasileira. Sua presença em seminários e
eventos é descrita como marcante, pela serenidade e conhecimento com que aborda
os vínculos luso-brasileiros, capazes de aproximar nomes como Antero de Quental
e Machado de Assis na tessitura cultural entre os dois povos.
O volume, assim,
revela-se como ponto de encontro entre a crítica literária, a memória cultural
e a poesia da evocação. A obra não se limita a um inventário de textos;
oferece-se como travessia, onde as páginas se tornam caminho, unindo
temporalidades e geografias distintas. Ferreira de Castro e Joaquim Nabuco,
cada um a seu modo, são revisitados como símbolos de um humanismo crítico,
atentos à justiça, à liberdade e à dignidade.
Com elegância editorial
e respaldo acadêmico, O Caminho Une o Tempo é também um ato de
pertencimento: Idalina Andrade Gonçalves escreve não apenas para celebrar o
passado, mas para inscrevê-lo no presente, perpetuando o fio de continuidade
entre cultura portuguesa e brasileira. Trata-se de um livro que se ergue como
ponte, sustentado pelo rigor da pesquisa e pelo frescor da linguagem lírica,
onde o tempo e a palavra se reconciliam.
Em sua delicadeza
intelectual, a obra confirma o papel da autora como voz feminina que honra e
renova a tradição da Academia Luso-Brasileira de Letras. Mais que um tributo, é
um convite ao leitor para participar da travessia da memória, caminhando entre
a literatura, a história e o sonho poético que ainda une povos e gerações.
IDALINA
ANDRADE GONÇALVES
Portuguesa,
natural dos Açores, Idalina Andrade Gonçalves é artista plástica, ensaísta,
poeta e pesquisadora. Licenciada em Psicomotricidade e Biomedicina, alia
formação acadêmica sólida à vocação artística e literária, construindo uma
trajetória marcada pelo diálogo entre ciência, cultura e poesia.
Natural de família com raízes
profundas na tradição luso-brasileira, Idalina dedicou-se ao estudo das
relações culturais entre Brasil e Portugal, preservando memórias históricas e
valorizando o intercâmbio literário.
Seu ingresso na
Academia Luso-Brasileira de Letras, em sessão solene realizada no Palácio de
São Clemente, Rio de Janeiro, representou o reconhecimento de sua contribuição
às letras e à cultura. Na ocasião, assumiu a Cadeira nº 13, cujo Patrono é
Ferreira de Castro, sucedendo o acadêmico Antonio Rodrigues. Sua posse foi
marcada por um discurso de elevado rigor intelectual e profundo lirismo, em que
destacou o legado de Ferreira de Castro e os vínculos entre as tradições
literárias de Portugal e do Brasil.
Autora de obras
que unem crítica, memória e poesia, como O Caminho Une o Tempo
(Parthenon Centro de Arte e Cultura, 2021), Idalina dá especial atenção ao
diálogo entre história e literatura, trazendo à tona a relevância de autores
como Ferreira de Castro, Joaquim Nabuco, Antero de Quental, Camões e Fernando
Pessoa, além de valorizar os fios culturais que ligam o universo açoriano à
formação brasileira.
Com experiência em
conferências e seminários, entre os quais se destaca sua atuação no Real
Gabinete Português de Leitura, onde abordou a importância da presença açoriana
no Brasil, é reconhecida como uma voz lúcida e respeitada no cenário
intelectual luso-brasileiro.
Sua escrita é
permeada por lirismo e clareza, o que a torna não apenas pesquisadora da
tradição, mas também guardiã da herança simbólica que une os dois povos. Ao
lado de sua produção ensaística e poética, contribui ativamente para o
fortalecimento das relações culturais entre Brasil e Portugal, assumindo com
dignidade e entusiasmo sua missão acadêmica.
É membro titular de diversas instituições de prestígio, entre elas:
· Academia
Luso-Brasileira de Letras
· Academia
Brasileira de Literatura
· Sociedade
Eça de Queiroz
· Real
Gabinete Português de Leitura
· Academia
Brasileira de Medalhística Militar
No âmbito institucional, exerce atualmente os cargos de:
· Secretária
Executiva da Sociedade Eça de Queiroz
· Membro
Consultivo do Consulado Português no Rio de Janeiro
· Secretária-Adjunta
do Real Gabinete Português de Leitura
· Secretária-Adjunta
da Academia Luso-Brasileira de Letras
· Integrante
da Diretoria da AJEB – Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil (Rio
de Janeiro)
Idalina também participa ativamente de
iniciativas culturais e educativas e mantém vivo o Projeto
Associação dos Ilustres Poetas da Escola, que promove encontros de poesia em
escolas públicas, incentivando o despertar literário em jovens leitores e
escritores.
Sua produção
literária, ensaística e artística é expressão de uma ponte constante entre
Portugal e Brasil, unindo tradição e contemporaneidade. Como intelectual, Idalina
Andrade Gonçalves é reconhecida por sua escrita sensível, por sua atuação
cultural consistente e por seu engajamento no fortalecimento das relações
luso-brasileiras.
© Alberto Araújo
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