Hoje, por acaso, ao vasculhar pastas esquecidas no meu computador, reencontrei uma imagem que me fez suspender a respiração: “O Arrebatamento de Psique”, pintado em 1895 por William-Adolphe Bouguereau.
Na tela, Eros envolve Psique num abraço que não é apenas gesto de posse, mas entrega absoluta. Elevo meus olhos à cena, e sinto que não é apenas pintura, é confissão. É como se o amor tivesse sido capturado no instante exato em que decide deixar a terra para se tornar eterno.
E ali, diante do arrebatamento, pensei nas pessoas que amam intensamente, naquelas que sabem se deixar levar pelos braços do ser amado, que não tem medo de voar. Não se trata de domínio, mas de confiança. Não se trata de queda, mas de ascensão.
O que me comove é a entrega: Psique reclina a cabeça sobre o peito de Eros e, mesmo suspensa sobre abismos, sabe que não cairá. Porque onde há amor verdadeiro, o precipício se transforma em céu.
E ao contemplar essa obra, confesso: enlouqueço de amor. Porque, se algum dia amar é ser arrebatado assim, que venham os ventos, as alturas e o infinito.
Que cada pessoa leia essas linhas e saiba: o amor não é prisão, é voo. E hoje, no simples acaso de um clique esquecido, encontrei não só uma imagem, encontrei a lembrança de que amar é deixar-se levar para além de si.
Porque o amor, no fim, é sempre isto: dois corpos que se encontram e duas almas que se reconhecem e um único voo que jamais conhece o chão.
© Alberto Araújo
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