Viver o agora não é um clichê, é o precipício. É o momento em que a respiração prende, não pelo ar que falta, mas pelo ar que é. É o som do silêncio entre duas notas musicais. É a vertigem de saber que o instante não se repete.
O agora é o lugar onde o passado e o futuro se tocam e se dissolvem, deixando apenas a pele arrepiada. É a certeza de que a dor de ontem e a ansiedade de amanhã são sombras que a luz deste segundo expulsa. Não se trata de aproveitar, mas de pertencer. Pertencer à chuva que cai no vidro, ao cheiro do café que sobe, à ruga que a vida insiste em gravar no canto do olho.
O impacto de viver agora é a descoberta de que não há ensaio. A vida é a peça única, sem repetição, onde cada falha, cada riso e cada lágrima são o espetáculo. É a liberdade de ser o que se é, sem a prisão do que se foi ou a promessa do que será.
Este é o agora: um ponto minúsculo no tempo, mas que carrega o peso de todo o universo. E o segredo não é decifrá-lo, mas senti-lo queimar na palma da mão.
© Alberto Araújo
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