domingo, 17 de agosto de 2025

REFLEXÃO SOBRE A SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE MARIA - PARÓQUIA DE SÃO JUDAS TADEU - ICARAÍ

O céu do Rio parecia ainda mais luminoso, como se o Cristo Redentor, no alto do Corcovado, estendesse os braços não apenas sobre a cidade, mas também sobre cada coração que se abriu à fé. O vento, leve e persistente, soprava como quem sussurra palavras antigas: “Eis aqui a serva do Senhor...”. 

Assim fomos recebidos para a Santa Missa da Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, celebrada neste domingo, 17 de agosto, na Paróquia de São Judas Tadeu, em Icaraí. Uma data especial, marcada também pela primeira missa após os três sinos serem colocados na torre da igreja, como vozes de bronze que convidam o povo de Deus a se reunir. 

O vigário auxiliar, Padre Alex de Abreu, presidiu a celebração com a unção e a clareza que sempre o distinguem. Sua homilia, profunda e acessível, recordou o “Sim” de Maria diante do anúncio do Anjo, sua entrega total ao plano divino e sua confiança inabalável no Espírito Santo. 

A liturgia, repleta de cânticos e preces, ressoava como uma verdadeira oração da comunidade. Todos os hinos, desde o Ato Penitencial ao Cordeiro de Deus, da Comunhão ao cântico final, foram executados pela voz de Josiane, a cantora lírica da igreja, cuja interpretação elevava cada palavra como incenso de louvor, ajudando-nos a mergulhar ainda mais no mistério da fé. 

No final, as palavras do padre foram quase um sopro: simples, próximas, tocando a alma. Falou da graça que nos visita, da unidade que nos envolve, da presença de Cristo que não nos abandona. Recordou que a vida cristã é convite à transmissão do amor de Deus, corpo, sangue, alma e verdade,  para que floresça em nós o desejo de viver em Cristo. 

O MISTÉRIO DA ASSUNÇÃO 

Embora a Igreja celebre a Assunção em 15 de agosto, desde o século V, a memória deste mistério resplandece em cada coração que se abre para Maria. Foi Pio XII, em 1950, quem proclamou solenemente o dogma: terminado o curso da vida terrestre, Maria foi elevada em corpo e alma à glória do Céu.

A Virgem, preservada do pecado, não conheceu a corrupção da morte. Por isso, a Igreja a celebra como sinal da vitória sobre a fragilidade humana. Em Maria, criatura como nós, já se cumpre a promessa da ressurreição. Ela é, portanto, sinal de esperança e de consolação: o destino glorioso de Maria nos assegura que também nós, unidos a Cristo, seremos um dia chamados à mesma plenitude. 

MARIA, ESPERANÇA DOS QUE CAMINHAM 

A festa, porém, não se encerrou no altar. Como é próprio do espírito cristão, continuou no encontro com os amigos Licia e Marne Serrano, entre risos, conversas e partilhas ao redor da mesa, no tradicional La Mole. O sabor da pizza se misturava à alegria da comunhão vivida minutos antes, como prolongamento da graça. 

E Maria? Ah, Maria... Enquanto degustávamos o sabor simples da noite, era impossível não pensar que ela, elevada ao Céu, permanece tão próxima. Como uma mãe que, mesmo longe, continua a nos embalar com sua presença. Sua Assunção não é uma partida, mas um convite: olhem para cima, mas não deixem de caminhar com amor aqui embaixo. 

Contemplar Maria elevada ao Céu é aprender que nossa história não se esgota na terra. É recordar que nossa carne, criada por Deus, é chamada à vida plena, e que o nosso compromisso com o presente — na justiça, na misericórdia, no cuidado com os mais frágeis — se fortalece pelo olhar fixo no eterno. 

Maria é a primeira a atravessar a porta do céu. Com ela, seguimos confiantes. Que sua Assunção nos inspire a viver com fidelidade, gratidão e esperança. E que o nosso cântico diário seja um Magnificat vivo. 

Assim voltamos para casa com a alma leve como o vento, com o coração em festa e com a certeza de que, um dia, também nós seremos chamados a atravessar a ponte do tempo para a eternidade, seguindo os passos da Mulher que disse “sim” e nunca mais deixou de cantar: “O Senhor fez maravilhas em mim, santo é o Seu nome.” 

© Alberto Araújo

17 de agosto



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