AMÉLIA REY COLAÇO nasceu em Lisboa, Santos-o-Velho, no dia 2 de março de 1898 e faleceu em Lisboa, Lapa, 8 de julho de 1990, foi uma diretora de Teatro e atriz portuguesa.
Era filha de Alexandre Rey Colaço, pianista, compositor e professor dos príncipes D. Luís Filipe de Bragança e D. Manuel de Bragança, nascido em Tânger em 1854, que tinha, por sua vez, mãe portuguesa e pai francês, e de Alice Lafourcade Schmidt, nascida no Chile em 1865, filha do cônsul alemão em Valparaíso, Chile, Hermann G. Schmidt e da francesa Marie Alice Constant Lafourcade. Amélia era a mais velha das quatro filhas do casal, sendo irmã das pianistas Jeanne e Maria Rey Colaço e da pintora e cantora lírica Alice Rey Colaço.
Cruzando-se várias nacionalidades na sua ascendência, era ainda descendente pelo lado materno da alemã Madame Kirsinger, conhecida por ser a proprietária de um dos mais conhecidos salões literários e musicais, em Berlim e familiar do pintor e ceramista português Jorge Colaço, casado com a poetisa Branca de Gonta Colaço e pai da escultora Ana de Gonta Colaço e do escritor Tomás Ribeiro Colaço.
Em dezembro de 1911, Amélia partiu com a sua irmã Maria para Berlim, para casa da avó materna, com o objetivo de estudarem música. Também aqui encontrou um ambiente cultural estimulante, nas constantes tertúlias em casa da sua avó, frequentadas por vários artistas da capital alemã. Seriam os espetáculos de Max Reinhardt com o Deutsches Theater, que seguiu atentamente na sua estadia em Berlim, que atraíram Amélia para a carreira de atriz. No regresso a Portugal iniciou aulas de teatro com Augusto Rosa.
Corria o ano de 1917 quando se estreou no então Teatro República (hoje Teatro São Luiz), na peça Marinela de Benito Pérez Galdós. Para fazer a personagem, uma rude vagabunda, aprendeu, durante meses, a andar descalça e a usar farrapos, no interior do jardim do seu palacete.
Casou em 04 de dezembro de 1920, em sua casa, na Rua Ribeiro Sanches, área da 4.ª Conservatória do Registro Civil de Lisboa, com o ator beirão Robles Monteiro. No ano seguinte os dois concorrem ao concurso de concessão do Teatro Nacional D. Maria II, fundando para o efeito uma companhia de teatro própria: a Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Nascia assim a mais duradoura companhia teatral de sempre da Europa, que conheceu 53 anos de duração foi, oficialmente, extinta em 1988, 46 dos quais sediadas no Teatro Nacional D. Maria II. Em dezembro de 1964 um incêndio destruiu o Teatro Dona Maria II, pelo que a Companhia se mudou para o Teatro Avenida, por sua vez consumido por um incêndio em 1967.
Talentosa, culta e empreendedora, Amélia Rey Colaço atuou em vários planos na direção da companhia estruturou um grupo coeso e exigente, empenhou-se na dignificação social do ator, conquistando para ele um estatuto de superioridade, à medida que organizava um repertório ambicioso, à revelia da censura. Chamou pintores prestigiados para colaborarem na cenografia, casos de Raul Lino, Almada Negreiros ou Eduardo Malta. Contratou nomes que eram ídolos do público de então, como Palmira Bastos, Nascimento Fernandes, Alves da Cunha, Lucília Simões, Estêvão Amarante, Maria Matos ou Vasco Santana.
Fazendo escola, revelou uma inteira geração de novos atores, como Raul de Carvalho, Álvaro Benamor, Maria Lalande, Assis Pacheco, João Villaret, Augusto de Figueiredo, Paiva Raposo, Eunice Muñoz, Carmen Dolores, Maria Barroso, João Perry, Madalena Sotto, Helena Félix, Rogério Paulo, José de Castro, Lourdes Norberto, Varela Silva, Ruy de Carvalho, Filipe La Féria ou João Mota. Alternando entre obras clássicas e modernas, abriu como nunca as portas à dramaturgia portuguesa, representando obras de António Ferreira, José Régio, Alfredo Cortez, Virgínia Vitorino, Carlos Selvagem, Romeu Correia, Bernardo Santareno, Luís de Sttau Monteiro, entre outros.
Com ousadia, revelou autores como Jean Cocteau, Jean Anouilh, Lorca, Brecht, Valle Ínclan, Alejandro Casona, Eugene O'Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Pirandello, Eduardo De Filippo, Max Frisch, Ionesco, Dürrenmatt e Edward Albee.
Acarinhada ao longo da sua carreira, cultivou a admiração de Oliveira Salazar e antigos monarcas, tendo sido amiga da rainha D. Amélia de Orléans.
Em princípios de 1974, Amélia Rey Colaço regressa ao São Luiz, de onde partira. Pouco depois se dá o 25 de abril e, percebendo que a vão encarar como um símbolo do Estado Novo, suspende a companhia e sai de cena, assumindo a injustiça com discrição. Deixava para trás espetáculos antológicos, como Castro, Salomé, Outono em Flor, Romeu e Julieta, O Processo de Jesus, Topaze, A Visita da Velha Senhora ou Tango. O último grande papel vem, contudo, a desempenhá-lo aos oitenta e sete anos, na figura de D. Catarina na peça El-Rei D. Sebastião, de José Régio.
Amélia Rey Colaço morreu em 08 de julho
de 1990, aos 92 anos, na freguesia da Lapa, em Lisboa e está sepultada ao lado da
sua filha, Mariana Rey Monteiro.
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