quarta-feira, 29 de março de 2023

EFEMÉRIDES: HÁ 111 ANOS, EM 29 DE MARÇO DE 1912 NASCEU LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL - JORNALISTA, FOTÓGRAFO, PESQUISADOR E POETA, UM DOS PRECURSORES DO HAICAI NO BRASIL. MEMBRO DA ACADEMIA FLUMINENSE DE LETRAS – AFL, DA ACADEMIA NITEROIENSE DE LETRAS - ANL E PRESIDENTE DE HONRA NO GRUPO MÔNACO DE CULTURA, ALÉM DE UM DOS FUNDADORES DA SOCIEDADE FLUMINENSE DE FOTOGRAFIA.



LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL foi um poeta, professor, jornalista e memorialista brasileiro. Referência para muitas gerações nas áreas em que atuou, foi ao longo de sua vida um ativo militante de sua profissão, de suas bandeiras e principalmente da cultura.

Nasceu em Miracema - RJ, em 29 de março 1912, posteriormente, se mudando para Niterói. Sempre se mostrou engajado nas causas a favor da história da cidade de Niterói, colaborando decididamente para a consolidação das instituições culturais locais. 

Pimentel mudou-se para Niterói aos dois anos de idade, e viveu desde os 5 anos na mesma casa. Na escola, aprendeu o ofício de entalhador e marceneiro, desenvolvendo uma placa comemorativa feita na infância que hoje adorna a escadaria da Biblioteca Pública de Niterói. Sobrinho do literato Figueiredo Pimentel, de quem sempre reconheceu a influência da obra sobre os primeiros trabalhos literários, o professor começou a trabalhar como jornalista em 1935.

Num plantão de carnaval na Gazeta de Notícias, viu o anúncio de uma bolsa de estudo no Japão. Foi para lá em 1937, único brasileiro em um bairro só de japoneses. Esteve fora entre 1937 e 1942. Na volta, trouxe seu livro “Namida no Kito”, de 1940, o primeiro de um poeta de língua portuguesa traduzido e publicado em japonês. Trouxe também a paixão pelo haicai, pequenos poemas típicos do país.

O autor também reconheceu ter se permitido inovar esse estilo de poesia ao tratar de temas tropicais, criando também o haicai erótico, o engajado politicamente e o étnico. Contudo, estas pequenas transgressões não corromperam o cânon estético inaugurado por Matsuô Bashô, como a rigorosa métrica e a exigência da indicação da estação do ano (Kigo) e dos fenômenos da natureza nas composições.

No Brasil, o jornalista tornou-se um dos precursores desse estilo, ao lado de Olga Savary e Helena Kolody, tendo trabalhado para a inclusão do termo “haicai” na língua portuguesa e para a sua inclusão em dicionário. Na época, Pimentel encaminhou o pedido a Aurélio Buarque de Holanda, por intermédio do gramático Celso Cunha, evitando que o termo se dispersasse em outras transliterações.

Formou-se em 1952, na terceira turma do curso de Jornalismo no Brasil. Seu patrono na formatura é o mesmo da cadeira que ocupou na Academia Niteroiense de Letras, desde 1973, José do Patrocínio. Foi um dos jornalistas mais antigos a exercer a atividade, como colunista da área de cultura fluminense do jornal A Tribuna desde a década de 1950.

Ao longo de sua vida, o escritor teve sua obra poética traduzida também para o inglês, o alemão, o francês, o espanhol e o sueco. O professor, folclorista, pesquisador, historiador, fotógrafo, haicaísta, jornalista, poeta e, principalmente, apaixonado por Niterói, escreveu cerca de 15 livros, entre eles estão “Contos do Velho Nippon”, de 1940, “Tankas e haicais”,de 1953, “14 Igrejas que contam a história de Niterói”, de 1986, e “Topônimos Tupis de Niterói”, um glossário de verbetes em tupi, de 1980 “Cem haicais eróticos e um soneto de amor nipônico”,de 2004, “Haicais Onomásticos”, de 2007.

 

Além da primeira biografia, assinada por Alaôr Eduardo Scisínio, a obra do poeta recebeu diversos estudos, como o escrito pelo filósofo brasileiro R.S. Kahlmeyer-Mertens, que nos últimos anos vem dedicando trabalhos sobre a produção de haicais do poeta, destacando o relevo do pensamento de Pimentel para a contemporaneidade.

 

Memorialista e biógrafo, sendo carinhosamente chamado de "homem-enciclopédia", Pimentel foi em seu centenário homenageado pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Fundação de Arte de Niterói, por meio da editora Niterói Livros, com a reedição, em um volume, de dois de seus mais importantes livros: "Eles Nasceram em Niterói" e "Topônimos Tupis de Niterói", obras básicas para se conhecer a história da cidade.

Morreu aos 103 anos, em 06 de maio de 2015, em Niterói, depois de um quadro de pneumonia.




O BUSTO EM BRONZE DE PIMENTEL – POESIA DE ALBERTO ARAÚJO

 

Não, não quero que o vejam como simples

estátua no bronze a acinzentar-se

e a cabeça sem o corpo inteiro.

 

Tampouco deixar seu fulgor

se esvaecer ao tempo.

Sou seu discípulo. Conheci o seu cérebro

e sei como suas pupilas amadurecidas

fazem falta a mim, seu eterno escudeiro.

 

Sim, quero que o vejam como

o busto que esbraseia,

ainda eterno baluarte

com a luz do olhar,

palpitante a cintilar.

Não, não quero que o vejam como

mero torso sem clarão e sorriso

por onde passa a multidão.

 

Sim, quero que o vejam como

monumento resplandecente

com seu mais brilhante casaco de estesia

bailando sua eterna poesia

ao sol dourado desta Praça

em frente a esse mar de sortilégio e graça.

 

De manhã até ao ocaso já enluarado

estará Pimentel, no bronze eternizado,

cuja memória nos fortalece e guia,

não sendo sua estátua

uma quimérica fantasia.

 

Alberto Araújo

editor e jornalista

 

FONTE:

https://www.culturaniteroi.com.br/blog/mapeamentocultural/2616

https://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Antônio_Pimentel

Nenhum comentário:

Postar um comentário