Na
última semana, a diretora de cinema Marta Torres, conquistou novos prêmios no 8
& Halfilm Awards, totalizando seis novos títulos para os filmes “Dividir
para Saquear” e “A Missão Encantada”, que foram destaque na mostra “De Stanley
a Federico”. O primeiro trabalho recebeu
os títulos de melhor curta, atriz, elenco e produtora independente. Já o
segundo, que em setembro foi destaque nas categorias melhor direção, melhor
curta documentário e melhor edição, sendo agraciado com o troféu Akira
Kurosawa, agora conquistou as posições de melhor documentário de arte e
diretora original.
“Através
dos festivais entendo a potencialidade do filme. Cada um funciona de uma forma
e isso envolve muitos fatores, por isso é motivo de grande comemoração ter
conquistado prêmios tão importantes como estes, incluindo um que leva o nome de
um dos maiores cineastas de todos os tempos”, destaca a alagoana, que escolheu
o Rio de Janeiro para viver.
Com
estudos na linha de bioética de proteção, a brasileira passou a integrar
recentemente uma comunidade chamada “Wild Filmmakers”, cineastas que fazem
filmes fora do mercado do cinema industrial”, além de ser destaque num prêmio
promovido pelo Governo Chinês para divulgação da ciência. “Nem sabia que
existia festival que ao invés de ‘sinopse’ pedia a ‘hipótese científica’ e meu
filme foi premiado. Esse curta tem muitos símbolos sobre meio ambiente,
ancestralidade, nutrição, conexões intergalácticas, um sonho-viagem, que é
fruto de uma pesquisa de mestrado na linha de bioética, trabalhos na área de
direitos humanos, viagens e muita escuta”, revela Marta.
Seus
trabalhos já foram exibidos no México, Coreia, Estados Unidos, onde passou por
Nova York, Houston, Maui e Los Angeles, além de Cuba, Alemanha, França e
Emirados Árabes. Uma das grandes programações da qual Marta fez parte foi o
festival de Asolo, na Itália, considerado um dos principais do gênero de filmes
de arte na Europa e no Marchet de Cannes, como uma das poucas estreantes
premiadas, com um filme produzido de forma independente.
O
filme “Dividir para Saquear” conta a história de uma personagem que trabalha
como secretária em um escritório chamado “Brasil” e precisa cozinhar alguma
coisa para a hora do almoço. Baseado na
ideia de “O Príncipe” de Maquiavel, que utiliza o termo “dividir para
conquistar”, a cineasta se permitiu abrir os horizontes e com a obra
surrealista, entende o verbo foi substituído por “saquear”. A produção surrealista revela o que empresas
multinacionais chamadas “sociedades anônimas” estão fazendo em nosso
território, ao fomentar uma guerra de discussões culturais para se apropriarem
das riquezas de cada região. A obra faz parte de uma série de curta metragens
disponibilizados no YouTube, sendo este o quarto episódio, que tem atraído o interesse da crítica, sendo
selecionado e premiado em festivais.
“Este
último prêmio se destaca dos demais por ter me premiado como atriz e produtora
independente, afinal esta é a área em que me sinto mais desafiada. Vencer a
timidez e estar na frente das câmeras foi onde dediquei meus estudos com mais
afinco, e receber esse prêmio me estimula a seguir com o projeto”, explica.
Com
abordagem que explora visualmente o conhecimento ancestral sul-americano,
narrativa documental e o toque experimental, “A Missão Encantada” traz cores
vibrantes e vistas panorâmicas, revelando conexões com as origens familiares da
artista. Uma das referências remete a brincadeiras de sua mãe, na infância
vivida no sertão do Seridó, no Nordeste Brasileiro, quando usava a espiga de milho
como boneca.
A
brasileira terá sua produção também exibida no “The North Film Festival New
York City”, que acontece em novembro, no Harlem, um dos grandes centros
culturais de Manhattan. Na programação,
a brasileira concorre na categoria melhor curta internacional. “É levar a
cultura ancestral da América do Sul para uma programação pautada na diversidade
norte-americana”, adianta a cineasta.
SOBRE
A DIRETORA
Com
formação acadêmica voltada ao Direito, onde se graduou e cursou mestrado, Marta
passou por treinamentos e aulas de capacitação voltadas à indústria do cinema,
aprendendo técnicas de roteiro, dramaturgia e direção. A cineasta iniciou as
primeiras produções junto a amigos em 2012 e aperfeiçoou seus conhecimentos na
Bahia, Rio de Janeiro, Cuba, Europa e Los Angeles. A artista ainda lançou o
livro “Direito e arte no golpe de 2016 no Brasil” e protagonizou a peça “As
pequenas raposas” de Lilian Hellman, dirigida por Harildo Déda, em Salvador,
além de participar de uma montagem de Shakespeare, na Europa.
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