segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

FAGUNDES VARELA: A POÉTICA ROMÂNTICA DE UMA ALMA INQUIETA DE RENATO AUGUSTO FARIAS DE CARVALHO. UMA ANÁLISE


O título do livro já indica, claramente, seu foco, a poesia de Fagundes Varela sob a lente do Romantismo e a exploração da "alma inquieta" do poeta. 

O autor, Renato Augusto Farias de Carvalho aprofunda-se nos poemas, sonetos e outros escritos do autor para identificar as características do Romantismo presentes em sua produção.

Ao explorar o prodigioso Fagundes Varela, além da análise literária, o autor buscou compreender a vida e a personalidade do poeta, relacionando-as com sua obra. Desta forma contribui para os estudos sobre o Romantismo brasileiro, ao inserir sua pesquisa no contexto dos estudos sobre a literatura brasileira do século XIX, oferecendo as interpretações sobre a obra de Varela e o movimento romântico como um todo.

O autor investiga os recursos linguísticos, as figuras de linguagem e os temas recorrentes na poesia de Varela, comparando-os com as características gerais do Romantismo. Analisa as possíveis influências de outros autores românticos brasileiros e estrangeiros na obra de Varela, bem como sua relação com outros movimentos literários da época. 

Explora o contexto histórico e social do Brasil do século XIX que influenciou a produção poética de Varela, abordando temas como a escravidão, a política e a vida cotidiana. 

Analisa a "alma inquieta" de Fagundes Varela, explorando os elementos biográficos e psicológicos que podem ter influenciado sua poesia. 

FAGUNDES VARELA: A POÉTICA ROMÂNTICA DE UMA ALMA INQUIETA 

O autor Renato Augusto afirma, categoricamente, que a obra de Varela é fundamental para o estudo do Romantismo no Brasil. Sua análise traz perspectivas, e muitos aspectos sobre o movimento. O livro contribui para a divulgação da obra de Varela e para a sua inserção no cânone da literatura brasileira. 

O volume estimula a fazermos pesquisas sobre o Romantismo, a vida e obra de Fagundes Varela e especial a poesia brasileira.

A obra de Renato Augusto Farias de Carvalho oferece uma imersão no universo poético de Fagundes Varela. O autor, com mestria, desvenda as nuances da alma inquieta do poeta romântico, revelando a complexidade de seus versos e a força de suas emoções.

Aborda o contexto do Romantismo brasileiro, destacando as influências e particularidades de sua poesia.

Renato Augusto realiza uma análise minuciosa dos poemas de Varela, explorando temas como amor, morte, natureza, melancolia e o mal do século. 

O autor demonstra como a vida conturbada de Varela, marcada por perdas e sofrimentos, moldou sua poesia e a tornou tão intensa e visceral.

O autor Renato Augusto Farias de Carvalho destaca a importância de Fagundes Varela como um dos grandes poetas românticos brasileiros, cujo legado continua a inspirar gerações. 

A obra de Carvalho é uma excelente ferramenta para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre o Romantismo brasileiro e a obra de Fagundes Varela. 

Os poemas escolhidos tendo início na página 133, com o poema “A Mulher” permite ao leitor apreciar a riqueza poética de Varela e a força de suas emoções. 

Apresenta uma biografia completa de Fagundes Varela, revelando os aspectos mais íntimos de sua vida e a influência que eles tiveram em sua poesia. 

O livro "Fagundes Varela: A Poética Romântica de uma Alma Inquieta" é uma obra indispensável para todos aqueles que se interessam pela literatura brasileira e pela poesia romântica. Através de uma análise profunda e rica em detalhes, Renato Augusto Farias de Carvalho nos convida a mergulhar no universo poético de um dos maiores poetas brasileiros. O escritor da resenha, por exemplo, já o leu diversas vezes. 

A APRESENTAÇÃO DO LIVRO 

O professor Antônio Cândido aponta em sua obra Formação da Literatura Brasileira Momentos Decisivos Cântico do Calvário, de Fagundes Varela, como "uma das raras obras-primas" do Romantismo brasileiro. A palavra do mestre já seria bastante para aquilatar a importância do poeta fluminense na cena literária nacional, 

Mas outros, muitos outros críticos, como pode ser visto neste livro, consagram-no também como um dos maiores escritores de nosso país. Alguns vão ainda mais longe, como Emmanuel Macedo Soares, um dos mais atentos pesquisadores de sua biografia, afirmando que "na fase final da existência [Varela] produziu uma das mais expressivas epopeias brasilistas - O Evangelho nas Selvas - e já havia escrito diante do berço do filho morto o Cântico do Calvário, que se reputa como a mais bela elegia já composta na língua de Camões".

Fagundes Varela não poderia deixar de figurar com todo o destaque no seleto elenco de escritores focalizados pela coleção "Introdução aos Clássicos Fluminenses", da Editora Nitpress. Sexto volume da série, ele encarna alguns dos mais caros valores fluminenses, como o amor à natureza que tanto o inspirou desde a infância na paisagem bucólica da pequena Rio Claro, onde nasceu e viveu alguns dos melhores anos de sua breve existência.

A cidade de Niterói, àquela época capital da então província do Rio onde hoje seus restos mortais, depositados no cemitério do Maruí, como memorial de um dos mais inspirados e brilhantes filhos da terra fluminense. 

amazonense Renato Augusto Farias de Carvalho, da Academia Niteroiense de Letras e do Cenáculo Fluminense de História e Letras organizou a presente antologia, Fagundes Varela - a poética romântica de uma alma inquieta, apresentando vida curta, intensa e ricamente a produtiva do autor, além de uma criteriosa seleção de textos representativos da sua poesia.

Luiz Augusto Erthal

Publisher - Nitpress 

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Texto inicial do livro: Em torno de um poeta – página: 13.

O mágico canto do poeta-cigarra nem mesmo poderia calar- se: a poesia sobrepõe-se à morte física. Luís Nicolau FAGUNDES VARELA, como escreveu Edgard Cavalheiro, viveu "como pássaro sem juízo que nem o próprio ninho soube construir. Alguma coisa que foge completamente às fórmulas e definições e que nos toca profundamente. O espírito sente que existem regiões que lhe são inacessíveis". 

O menino Luís Nicolau nasce a 17 de agosto de 1841, na Fazenda Santa Rita, localizada no atual município de Rio Claro (aquela época, freguesia de São João Marcos), na então província do Rio de Janeiro. 

Foram seus pais Dr. Emiliano Fagundes Varela e D. Emília Carolina de Andrade Varela. 

Um fato interessante extraído do livro Uma História da Poesia Era (p. 117), de Alexei Bueno:

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Niterói (1859...) 

Até então temos tentado apresentar o percurso juvenil e quimérico do nosso poeta. Levamos em conta, o mais fielmente possível, os registros biográficos referidos por um vasto número de competentes escritores. A partir de "novos" tempos, teremos que adequar a linguagem aos "tropeços" da vida adulta. 

Luís Nicolau, inicialmente, viveu poucos meses na cidade de Niterói. Já contava 18 anos quando embarcou no vapor Piraí rumo a Santos, no dia 5 de agosto de 1859. Galgando a serra, alcança São Paulo, boêmia capital acadêmica da época. O alvo era a Faculdade de Direito - do histórico Largo de São Francisco. Página 54. 

CÂNTICO DO CALVÁRIO 

À memória de meu filho, morto em 11 de dezembro de 1863.

 Eras na vida a pomba predileta

 Que sobre um mar de angústias conduzia

 O ramo da esperança. — Eras a estrela

 Que entre as névoas do inverno cintilava

 Apontando o caminho ao pegureiro.

 Eras a messe de um dourado estio.

 Eras o idílio de um amor sublime.

 Eras a glória, — a inspiração, — a pátria,

 O porvir de teu pai! — Ah! no entanto,

 Pomba, — varou-te a flecha do destino!

 Astro, — engoliu-te o temporal do norte!

 Teto, caíste! — Crença, já não vives!

 

 Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,

 Legado acerbo da ventura extinta,

 Dúbios archotes que a tremer clareiam

 A lousa fria de um sonhar que é morto!

 Correi! Um dia vos verei mais belas

 Que os diamantes de Ofir e de Golgonda

 Fulgurar na coroa de martírios

 Que me circunda a fronte cismadora!

 São mortos para mim da noite os fachos,

 Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas,

 E à vossa luz caminharei nos ermos!

 Estrelas do sofrer, — gotas de mágoa,

 Brando orvalho do céu! — Sede benditas!

 Oh! filho de minh’alma! Última rosa

 Que neste solo ingrato vicejava!

 Minha esperança amargamente doce!

 Quando as garças vierem do ocidente

 Buscando um novo clima onde pousarem,

 Não mais te embalarei sobre os joelhos,

 Nem de teus olhos no cerúleo brilho

 Acharei um consolo a meus tormentos!

 Não mais invocarei a musa errante

 Nesses retiros onde cada folha

 Era um polido espelho de esmeralda

 Que refletia os fugitivos quadros

 Dos suspirados tempos que se foram!

 Não mais perdido em vaporosas cismas

 Escutarei ao pôr do sol, nas serras,

 Vibrar a trompa sonorosa e leda

 Do caçador que aos lares se recolhe!

 

 Não mais! A areia tem corrido, e o livro

 De minha infanda história está completo!

 Pouco tenho de ansiar! Um passo ainda

 E o fruto de meus dias, negro, podre,

 Do galho eivado rolará por terra!

 Ainda um treno, e o vendaval sem freio

 Ao soprar quebrará a última fibra

 Da lira infausta que nas mãos sustento!

 Tornei-me o eco das tristezas todas

 Que entre os homens achei! O lago escuro

 Onde ao clarão dos fogos da tormenta

 Miram-se as larvas fúnebres do estrago!

 Por toda a parte em que arrastei meu manto

 Deixei um traço fundo de agonias! ...

 

 Oh! quantas horas não gastei, sentado

 Sobre as costas bravias do Oceano,

 Esperando que a vida se esvaísse

 Como um floco de espuma, ou como o friso

 Que deixa n’água o lenho do barqueiro!

 Quantos momentos de loucura e febre

 Não consumi perdido nos desertos,

 Escutando os rumores das florestas,

 E procurando nessas vozes torvas

 Distinguir o meu cântico de morte!

 Quantas noites de angústias e delírios

 Não velei, entre as sombras espreitando

 A passagem veloz do gênio horrendo

 Que o mundo abate ao galopar infrene

 Do selvagem corcel? ... E tudo embalde!

 A vida parecia ardente e douda

 Agarrar-se a meu ser! ... E tu tão jovem,

 Tão puro ainda, ainda n’alvorada,

 Ave banhada em mares de esperança,

 Rosa em botão, crisálida entre luzes,

 Foste o escolhido na tremenda ceifa!

 

 Ah! quando a vez primeira em meus cabelos

 Senti bater teu hálito suave;

 Quando em meus braços te cerrei, ouvindo

 Pulsar-te o coração divino ainda;

 Quando fitei teus olhos sossegados,

 Abismos de inocência e de candura,

 E baixo e a medo murmurei: meu filho!

 Meu filho! frase imensa, inexplicável,

 Grata como o chorar de Madalena

 Aos pés do Redentor ... ah! pelas fibras

 Senti rugir o vento incendiado

 Desse amor infinito que eterniza

 O consórcio dos orbes que se enredam

 Dos mistérios do ser na teia augusta!

 Que prende o céu à terra e a terra aos anjos!

 Que se expande em torrentes inefáveis

 Do seio imaculado de Maria!

 Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem!

 E de meu erro a punição cruenta

 Na mesma glória que elevou-me aos astros,

 Chorando aos pés da cruz, hoje padeço!

 

 O som da orquestra, o retumbar dos bronzes,

 A voz mentida de rafeiros bardos,

 Torpe alegria que circunda os berços

 Quando a opulência doura-lhes as bordas,

 Não te saudaram ao sorrir primeiro,

 Clícia mimosa rebentada à sombra!

 Mas ah! se pompas, esplendor faltaram-te,

 Tiveste mais que os príncipes da terra!

 Templos, altares de afeição sem termos!

 Mundos de sentimento e de magia!

 Cantos ditados pelo próprio Deus!

 Oh! quantos reis que a humanidade aviltam,

 E o gênio esmagam dos soberbos tronos,

 Trocariam a púrpura romana

 Por um verso, uma nota, um som apenas

 Dos fecundos poemas que inspiraste!

 

 Que belos sonhos! Que ilusões benditas!

 Do cantor infeliz lançaste à vida,

 Arco-íris de amor! Luz da aliança,

 Calma e fulgente em meio da tormenta!

 Do exílio escuro a cítara chorosa

 Surgiu de novo e às virações errantes

 Lançou dilúvios de harmonias! — O gozo

 Ao pranto sucedeu. As férreas horas

 Em desejos alados se mudaram.

 Noites fugiam, madrugadas vinham,

 Mas sepultado num prazer profundo

 Não te deixava o berço descuidoso,

 Nem de teu rosto meu olhar tirava,

 Nem de outros sonhos que dos teus vivia!

 

 Como eras lindo! Nas rosadas faces

 Tinhas ainda o tépido vestígio

 Dos beijos divinais, — nos olhos langues

 Brilhava o brando raio que acendera

 A bênção do Senhor quando o deixaste!

 Sobre o teu corpo a chusma dos anjinhos,

 Filhos do éter e da luz, voavam,

 Riam-se alegres, das caçoilas níveas

 Celeste aroma te vertendo ao corpo!

 E eu dizia comigo: — teu destino

 Será mais belo que o cantar das fadas

 Que dançam no arrebol, — mais triunfante

 Que o sol nascente derribando ao nada

 Muralhas de negrume! ... Irás tão alto

 Como o pássaro-rei do Novo Mundo!

 

 Ai! doudo sonho! ... Uma estação passou-se,

 E tantas glórias, tão risonhos planos

 Desfizeram-se em pó! O gênio escuro

 Abrasou com seu facho ensanguentado

 Meus soberbos castelos. A desgraça

 Sentou-se em meu solar, e a soberana

 Dos sinistros impérios de além-mundo

 Com seu dedo real selou-te a fronte!

 Inda te vejo pelas noites minhas,

 Em meus dias sem luz vejo-te ainda,

 Creio-te vivo, e morto te pranteio! ...

 

 Ouço o tanger monótono dos sinos,

 E cada vibração contar parece

 As ilusões que murcham-se contigo!

 Escuto em meio de confusas vozes,

 Cheias de frases pueris, estultas,

 O linho mortuário que retalham

 Para envolver teu corpo! Vejo esparsas

 Saudades e perpétuas, — sinto o aroma

 Do incenso das igrejas, — ouço os cantos

 Dos ministros de Deus que me repetem

 Que não és mais da terra!... E choro embalde.

 

 Mas não! Tu dormes no infinito seio

 Do Criador dos seres! Tu me falas

 Na voz dos ventos, no chorar das aves,

 Talvez das ondas no respiro flébil!

 Tu me contemplas lá do céu, quem sabe,

 No vulto solitário de uma estrela,

 E são teus raios que meu estro aquecem!

 Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho!

 Brilha e fulgura no azulado manto,

 Mas não te arrojes, lágrima da noite,

 Nas ondas nebulosas do ocidente!

 Brilha e fulgura! Quando a morte fria

 Sobre mim sacudir o pó das asas,

 Escada de Jacó serão teus raios

 Por onde asinha subirá minh’alma.

ANÁLISE DO POEMA "CÂNTICO DO CALVÁRIO" DE FAGUNDES VARELA 

Cântico do Calvário é um dos poemas mais comoventes da literatura brasileira, uma profunda expressão de dor e luto pela perda de um filho. Fagundes Varela, através de uma linguagem rica em metáforas e imagens vívidas, transforma sua angústia em uma sublime elegia, elevando a experiência pessoal à dimensão universal da perda e da esperança. 

Varela utiliza uma série de metáforas para expressar a profundidade de sua dor. O filho é comparado a uma pomba, uma estrela, uma rosa, simbolizando a pureza, a esperança e a beleza que se perderam. 

A natureza, presente em todo o poema, serve como pano de fundo para a expressão do luto. O mar, as estrelas, as florestas são testemunhas silenciosas da dor do poeta. 

Apesar da profunda tristeza, a fé em Deus é uma presença constante no poema. A esperança de reencontrar o filho no céu é um consolo para a alma atormentada do poeta.

A poesia se torna um refúgio para Varela, um meio de expressar seus sentimentos mais profundos e encontrar algum alívio para sua dor. 

O tema central é a dor intensa pela perda do filho. A morte é vista como uma ruptura violenta e injusta. 

Apesar da dor, a fé em Deus e a esperança na vida eterna são elementos presentes em todo o poema. 

A poesia é apresentada como uma forma de lidar com a dor e a angústia, um meio de transcender a experiência pessoal. 

Varela utiliza uma linguagem rica em metáforas e imagens vívidas, criando um universo poético intenso e emocionante. 

O poema apresenta um ritmo marcado e uma musicalidade que contribuem para a sua força expressiva. 

"Cântico do Calvário" é um poema que transcende a experiência pessoal do autor, tornando-se uma obra universal sobre a dor, a perda e a esperança. A força da linguagem, a profundidade dos sentimentos e a beleza da poesia fazem deste um dos mais importantes poemas da literatura brasileira. 

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ANÁLISE DO SONETO “TRAJETÓRIA DE UMA VIDA OSCILANTE” PÁGINA 37.


Desponta a estrela d'alva, a noite morre,

Pulam no mato alígeros cantores,

E doce a brisa no arraial das flores

Lânguidas queixas murmurando, corre.

 

Volúvel tribo a solidão percorre

Das borboletas de brilhantes cores;

Soluça o arroio; diz a rola amores

Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.

 

Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma

As carícias d'aurora, ao céu risonho,

Ao flóreo bafo que o sertão perfuma!

 

Porém minh'alma triste e sem um sonho

Repete olhando o prado, o rio, a espuma:

Oh! Mundo encantador, tu és medonho!

(Poemas de Fagundes Varela, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Ed. Cultrix, p. 44).

SONETO "TRAJETÓRIA DE UMA VIDA OSCILANTE" DE FAGUNDES VARELA 

O soneto nos convida a uma profunda reflexão sobre a dualidade da existência. O poeta contrasta a beleza exuberante da natureza com a angústia e a melancolia da alma humana. 

A primeira estrofe nos apresenta um cenário bucólico e sereno: o amanhecer, o canto dos pássaros, a brisa suave. A natureza é retratada como um refúgio, um lugar de paz e harmonia. No entanto, essa beleza é apenas aparente, pois a natureza também é palco de transformações e ciclos constantes.

A segunda estrofe amplia essa dualidade, introduzindo elementos que evocam a fragilidade e a complexidade da existência humana: a solidão, o sofrimento, a saudade. A alma do poeta, em contraste com a exuberância da natureza, é retratada como um abismo, um lugar de angústia e desespero. 

A terceira estrofe intensifica essa contradição, enfatizando a beleza efêmera da natureza. A luz, o esplendor, as carícias da aurora são elementos que evocam a beleza, mas que logo se dissipam. A ironia reside no fato de que essa beleza, que deveria trazer conforto e alegria, apenas acentua a tristeza e a solidão do poeta.

A última estrofe revela o desespero existencial do poeta. A natureza, antes vista como um refúgio, agora se torna um espelho da sua própria angústia. O mundo encantador, com suas belezas e mistérios, se revela medonho, cruel e indiferente ao sofrimento humano.

O soneto de Fagundes Varela apresenta características típicas do Romantismo: A expressão dos sentimentos e emoções do eu lírico é central.

A natureza é frequentemente idealizada, sendo vista como um reflexo dos estados de alma do poeta.

A visão de mundo é marcada pelo pessimismo e pela melancolia.

Embora não explicitamente presente neste soneto, a morte é um tema recorrente na poesia de Fagundes Varela. 

O soneto "Trajetória de uma vida oscilante" faz parte da coleção "Clássicos Fluminenses" da editora Nitpress, volume 6, nos fornece um contexto crucial para a análise: 

Ao ser incluído em uma coleção de clássicos fluminenses, o soneto se insere no cânone literário do Rio de Janeiro. Isso pode indicar influências específicas da cultura e da história fluminense na obra, além de possíveis diálogos com outros autores da região.

A publicação em uma coleção de clássicos demonstra o reconhecimento da importância do poema para a literatura fluminense. Isso sugere que o soneto pode abordar temas e nuances que ressoam com a experiência dos leitores cariocas.

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TEXTO DA CONTRACAPA 

Além de abrir as portas do precioso acervo formado pelas obras clássicas dos escritores do Estado do Rio ás novas gerações, esta coleção pretende render tributo à memória fluminense através do resgate de seus grandes poetas e prosadores. Cada título focaliza um dos maiores vultos da nossa literatura, apresentados de forma abalizada pelos atuais herdeiros de suas penas brilhantes autores contemporâneos, membros de nossas instituições acadêmicas e educacionais. 

A organização deste sexto volume da coleção Introdução aos Clássicos Fluminenses ficou a cargo do escritor amazonense radicado em Niterói, Renato Augusto Farias de Carvalho, membro da Academia Niteroiense de Letras e do Cenáculo Fluminense de História e Letras.

SOBRE A OBRA 

A obra de Renato Augusto Farias de Carvalho “Fagundes Varela: A poética romântica de uma alma inquieta” contém 224 páginas, tem o selo da Editora Nitpress. Faz parte da Coleção Introdução aos Clássicos Fluminenses Volume 06, coleção publicada pela Editora Nitpress, no ano de 2014. A organização é do autor, a apresentação de Luiz Augusto Erthal o “Publisherda obra. Edição de Márcia Queiroz Erthal, Capa de Augusto Marques Erthal; Revisão de Luiz Antônio Barros. Direção editorial do Luis Augusto Erthal.

 

Alberto Araújo

Focus Portal Cultural





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