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DESTAQUE DO DIA: NISE – O CORAÇÃO DA LOUCURA. DIRIGIDO POR ROBERTO BERLINER E ESTRELADO POR GLORIA PIRES,
O LONGA, BASEADO NO LIVRO NISE - ARQUEÓLOGA DOS MARES, DO JORNALISTA BERNARDO HORTA. SIMPLESMENTE, NOTÁVEL! UM
FILME DESSE MERECE O OSCAR!
Caros foculistas, depois de assistir ao filme, fica claro, que por
meio de uma bela ficção, pode-se transmitir algo que impressiona e mexe com a
gente. Especial e notório o fato de que Nise da Silveira terá sempre o nosso
reverência e admiração, pois tratou a insanidade, se entregou de corpo e alma
e, sobretudo com carinho e fez dela um motivo, uma alegria de vida.
Descobrir a história de Nise é encontrar um pouco de nós mesmos
nos momentos em que parecemos não "caber" em nossa própria
existência.
Como essa mulher fez a diferença no mundo, listamos algumas razões
pelas quais ela merece ser convocada à nossa memória.
Nise da Silveira
NISE DA SILVEIRA, A MULHER QUE SURGIU COM A
TERAPÊUTICA DA LOUCURA NO BRASIL.
Os
ensinamentos de Nise da Silveira nos falam de uma atualidade que se repete a
cada vez que a loucura é condenada. A Psiquiatra enxergou a riqueza de seres
humanos que estavam “no meio do caminho”. No meio do caminho entre o existir e
a dignidade. Essa
mulher se rebelou contra a psiquiatria que aplicava violentos choques para
concertar pessoas e escolheu um tratamento humanizado, que usava a arte para
reabilitar os pacientes. Agigantou a humanidade ao cuidar de brasileiros
rejeitados pelo sistema e isolados do convívio.
Esquizofrênicos
marginalizados e esquecidos puderam ser autores de obras hoje expostas no Museu de Imagens do
Inconsciente, no Rio de Janeiro (RJ).
A arte marcou a vida nova
daquelas pessoas para a sociedade.
A história dela já foi
tema de documentários e agora volta às telas com o filme inédito Nise – O Coração da Loucura,
estreado recentemente. Dirigido por Roberto Berliner e estrelado por Gloria Pires,
o longa, baseado no livro Nise - Arqueóloga dos Mares,
do jornalista Bernardo Horta, traz um recorte acessível e emocionante da
atuação da psiquiatra e sua defesa da arte como principal ferramenta de
reintegração de pacientes chamados "loucos".
Em 1926, ao se formar na
Faculdade de Medicina da Bahia, Nise era a única mulher em uma turma de 157
alunos. Ainda na graduação ela apresentou estudo Ensaio sobre a criminalidade da
mulher no Brasil.
"Na época em que ainda vivíamos os manicômios e o silenciamento da
loucura, Nise da Silveira soube transformar o Hospital Engenho de Dentro em uma
experiência de reconhecimento do engenho interior que é a loucura",
explica à revista Cult Christian Ingo Lenz
Dunker, psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP.
Nise era uma
defensora da loucura necessária para se viver. "Não se cura além da conta.
Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes
fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais
profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas."
Na prisão, Nise também conheceu o escritor alagoano Graciliano Ramos, que a cita em seu
livro Memórias do Cárcere:
"(...) Lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da
profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel
de Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a
esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se a tomar espaço."
Em 1944, Nise passou a trabalhar no
Hospital Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro. Ela
se recusou a seguir o tratamento da época, que incluía choque elétrico,
cardiazólico e insulínico, camisa de força e isolamento. Ao dizer
"não", a psiquiatra foi transferida, como "punição", para o
Setor de Terapia Ocupacional do Pedro II. A reportagem da revista Cult lembra que esse era um espaço desprestigiado na época.
Porém, essa transferência foi fundamental para a revolução que Nise
provocaria na psiquiatria: foi nesse setor do hospital que ela implementou,
junto com o psiquiatra Fábio Sodré, a Terapia Ocupacional no tratamento
psiquiátrico.
Nise percebeu que as artes plásticas eram o canal de comunicação com os
pacientes esquizofrênicos graves, que até então não se comunicavam verbalmente.
As obras produzidas por eles davam "voz" aos conflitos internos que
viviam.
A produção do ateliê do Setor de Terapia Ocupacional já tinha despertado
a atenção de pesquisadores de saúde mental e médicos, mas críticos de arte
também viram naqueles trabalhos obras artísticas dignas de exposição. Foram
organizadas duas exposições internacionais e, em 1952, foi inaugurado o Museu
de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro.
Nise da Silveira. Foto de Arquivo do Jornal do Brasil
UM POUCO SOBRE NISE DA
SILVEIRA
Nise da Silveira nasceu em Maceió, em 15 de fevereiro de 1905 foi
uma renomada médica psiquiatra brasileira, foi aluna de Carl Jung.
Filha do professor de
matemática Faustino Magalhães da Silveira e da pianista Maria Lídia da
Silveira, Nise era bastante estudiosa e foi admitida na Faculdade de Medicina
da Bahia aos 21 anos.
Dedicou sua vida à
psiquiatria e manifestou-se radicalmente contrária às formas que julgava serem
agressivas em tratamentos de sua época, tais como o confinamento em hospitais
psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia. Nise ainda foi
pioneira ao enxergar o valor terapêutico da interação de pacientes com animais.
Sua formação básica realizou-se em um colégio de freiras, na época
exclusivo para meninas, o Colégio Santíssimo Sacramento, localizado em Maceió.
Seu pai foi jornalista e diretor do "Jornal de Alagoas".
De 1926 a 1931 cursou a Faculdade de Medicina da Bahia, onde se
formou como a única mulher entre os 157 homens daquela turma. Está entre as primeiras
mulheres no Brasil a se formar em Medicina.
Casou-se nessa época com o sanitarista Mário Magalhães da
Silveira, seu colega de turma na faculdade, com quem viveu até seu falecimento
em 1986. O casal não teve filhos, por um acordo entre ambos, que queriam
dedicar-se intensamente, a carreira médica. Em seu trabalho médico, Mário
publicava artigos onde apontava as relações entre pobreza, desigualdade,
promoção da saúde e prevenção da doença no Brasil.
Em 1927, já casada e formada, e órfã de mãe, sofreu pelo
falecimento de seu pai, e então, após alguns meses, junto ao marido, se mudaram
para o Rio de Janeiro, onde teriam mais oportunidades de trabalho. Na então
capital do Brasil, Nise se engajou nos meios artístico e literário, voltados
para área médica, com diversas publicações dos avanços da medicina.
Em 1933, cursando os anos
finais da especialização em psiquiatria, estagiou na clínica neurológica de
Antônio Austregésilo. Logo após terminar sua especialização, foi aprovada no
mesmo ano em um concurso de psiquiatria, e começou a trabalhar no Serviço de
Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha.
Foi membro fundadora da Sociedade Internacional de Expressão
Psicopatológica ("Societé Internationale de Psychopathologie de
l'Expression"), sediada em Paris.
Sua pesquisa em terapia ocupacional e o entendimento do processo
psiquiátrico por meio das imagens do inconsciente deram origem a diversas
exibições, filmes, documentários, audiovisuais, cursos, simpósios, publicações
e conferências.
Em reconhecimento a seu trabalho, Nise foi agraciada com diversas
condecorações, títulos e prêmios em diferentes áreas do conhecimento, entre
outras:
"Ordem do Rio Branco" no Grau de Oficial, pelo
Ministério das Relações Exteriores (1987)
"Prêmio Personalidade do Ano de 1992", da Associação
Brasileira de Críticos de Arte
"Medalha Chico Mendes", do grupo Tortura Nunca Mais
(1993)
"Ordem Nacional do Mérito Educativo", pelo Ministério da
Educação e do Desporto (1993)
Seu trabalho e ideias inspiraram a criação de museus, centros
culturais e instituições terapêuticas, similares às que criou, em diversos
estados do Brasil e no exterior, por exemplo:
"Museu
Bispo do Rosário", da Colônia Juliano Moreira (Rio de Janeiro)
"Centro
de Estudos Nise da Silveira" (Juiz de Fora, Minas Gerais)
"Espaço
Nise da Silveira" do Núcleo de Atenção Psicossocial (Recife)
"Núcleo
de Atividades Expressivas Nise da Silveira", do Hospital Psiquiátrico São
Pedro (Porto Alegre, Rio Grande do Sul).
a
"Associação de Convivência Estudo e Pesquisa Nise da Silveira"
(Salvador, Bahia)
"Centro
de Estudos Imagens do Inconsciente", da Universidade do Porto (Portugal)
a
"Association Nise da Silveira - Images de l'Inconscient" (Paris,
França)
o
"Museo Attivo delle Forme Inconsapevoli" (hoje renomeado
"Museattivo Claudio Costa", Genova, Itália)
O
antigo "Centro Psiquiátrico Nacional" do Rio de Janeiro recebeu em
sua homenagem o nome de "Instituto Municipal Nise da Silveira".
Em
2015, foi incluída na lista das Grandes mulheres que marcaram a história do
Rio". Faleceu aos 94 anos, no Rio de Janeiro, em 30 de outubro de 1999.
OBRAS
·
SILVEIRA, Nise da. Jung: vida e obra. Rio de Janeiro: José
Álvaro Ed. 1968.
·
SILVEIRA, Nise da. Imagens do inconsciente. Rio de
Janeiro: Alhambra, 1981.
·
SILVEIRA, Nise da. Casa das Palmeiras. A emoção de lidar. Uma
experiência em psiquiatria. Rio de Janeiro: Alhambra. 1986.
·
SILVEIRA, Nise da. O mundo das imagens.São Paulo: Ática,
1992.
·
SILVEIRA, Nise da. Nise da Silveira. Brasil,
COGEAE/PUC-SP 1992.
·
SILVEIRA, Nise da. Cartas a Spinoza. Rio de Janeiro:
Francisco Alves. 1995.
·
SILVEIRA, Nise da. Gatos - A Emoção de Lidar. Rio de
Janeiro: Léo Christiano Editorial, 1998.
Atriz Glória Pires vive Nise da Silveira
no cinema.
Nise da Silveira
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