Hélio Jaguaribe
Um
dos expoentes do pensamento brasileiro ao longo da segunda metade do século 20.
Seja como autor único, seja como colaborador, ele assinou mais de 40 livros,
uma obra que o levou à Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em
2005. Está em cartaz em São Paulo o documentário TUDO É IRRELEVANTE, sobre a
trajetória intelectual do sociólogo carioca. O filme é dirigido por Izabel
Jaguaribe e Ernesto Baldan.
Hélio
Jaguaribe de Mattos tinha 95 anos e morreu de falência múltipla dos órgãos, em
casa, em Copacabana. O velório será na quarta (12), na Sala dos Poetas
Românticos, no Petit Trianon, a partir das 10 horas de quarta-feira. O
sepultamento está previsto para o mesmo dia, às 15 horas, no Mausoléu da
Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Ele
deixa viúva, Maria Lucia Charnaux Jaguaribe, e cinco filhos, Anna, Roberto,
Claudia, Beatriz e Isabel.
Marco Lucchesi - Pres. ABL
“Helio
Jaguaribe foi um dos últimos grandes intérpretes de nosso país. Estudou o
Brasil para transformá-lo, mediante uma abordagem desenvolvimentista, com a
fundação do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), nos anos
cinquenta”, para Helio Jaguaribe, ação e pensamento permanecem indissociáveis,
como Darcy Ribeiro e Celso Furtado, que o precederam na Cadeira 11 da Academia
Brasileira de Letras. Cientista político de alta erudição e consciência
vigilante deixou obra vasta e criativa. Cito apenas dois títulos: A dependência
político-econômica da América Latina, verdadeiro clássico na área, e Um estudo
crítico da história, divisor de águas da interpretação do processo histórico
publicado em nosso país. Homem de gestos largos e entusiasmado, Helio continua
vivo pelas virtudes de sua obra, saudosa do futuro”. Disse Marco Lucchesi - Presidente da ABL.
Hélio Jaguaribe
Nono
ocupante da Cadeira nº 11 da ABL, Hélio Jaguaribe foi eleito em 03 de março de
2005, na sucessão de Celso Furtado, e recebido em 22 de julho de 2005, pelo
Acadêmico Cândido Mendes de Almeida.
Helio
Jaguaribe de Mattos, academicamente conhecido como Helio Jaguaribe, nasceu no
Rio, em 23 de abril de 1923, diplomando-se em direito, em 1946, pela Pontifícia
Universidade Católica (PUC). Em 1952, iniciou, com um grupo de jovens
cientistas sociais, um projeto de estudos para a reformulação do entendimento
da sociedade brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia,
Sociologia e Política (Ibesp), de que foi secretário geral e diretor da revista
do Instituto, Cadernos de Nosso Tempo, de relevante influência no Brasil e na
América Latina.
Hélio Jaguaribe
Em
1956, teve a iniciativa de promover a constituição do Instituto Superior de
Estudos Brasileiros (Iseb), uma instituição de altos estudos, do Ministério da
Educação e Cultura, no campo das Ciências Sociais, do qual foi designado Chefe
do Departamento de Ciência Política. Exonerando-se de ambas as funções em 1959,
por discordância com mudanças na orientação do Instituto. Passou, então, alguns
anos colaborando, sem vínculos permanentes, com diversas instituições
acadêmicas, no Brasil e no exterior.
Em
1964, depois de pública condenação do golpe militar, afastou-se do país e foi
lecionar nos Estados Unidos: de 1964 a 1966, na Universidade de Harvard; de
1966 a 1967, na Universidade de Stanford; e de 1968 a 1969, no MIT –
Massachusets Institute of Tecnology.
Hélio Jaguaribe
Retornando
ao Brasil em 1969, ingressou no Conjunto Universitário Cândido Mendes onde, por
alguns anos, foi diretor de assuntos internacionais. Com a fundação do
Instituto de Estudos Políticos e Sociais, em 1979, foi designado decano do novo
instituto, função que exerceu até 2003.
Por
sua contribuição às Ciências Sociais, aos estudos latino-americanos e à análise
das Relações Internacionais, recebeu o grau de Doutor Honoris Causa da
Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, RFA (em 1983); da Universidade Federal
da Paraíba (em 1992); da Universidade de Buenos Aires (em 2001). Em 1996 foi
agraciado, por sua contribuição às Ciências Sociais, com a Grã-Cruz da Ordem
Nacional do Mérito Científico. Em 1999, o Ministério da Cultura conferiu-lhe,
por sua contribuição ao desenvolvimento cultural do país, a Ordem do Mérito
Cultural.
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