HOMERO FOI UM POETA ÉPICO DA GRÉCIA ANTIGA, AO QUAL TRADICIONALMENTE, SE ATRIBUI A AUTORIA DOS POEMAS ÉPICOS:
ILÍADA e ODISSEIA
Homero
teria nascido em Esmirna, atual Turquia, ou em alguma ilha do mar Egeu e vivido
no século VIII a.C.. Mas a sua origem é tão controversa que oito cidades
disputam a honra de terem sido a terra natal do poeta.
Os
gregos antigos geralmente acreditavam que Homero era um indivíduo histórico,
mas os estudiosos modernos são céticos: nenhuma informação biográfica de
confiança foi transmitida a partir da antiguidade clássica, e os próprios
poemas manifestamente representam o culminar de muitos séculos de história
contada, oralmente, e um bem desenvolvido sistema já muitas vezes usado de
composição poética. De acordo com Martin West, "Homero" não é "o
nome de um poeta histórico, mas um nome fictício ou construído". Para o
historiador e filósofo Richard Tarnas, Homero - independentemente da polêmica
sobre sua existência histórica - foi "uma personificação coletiva de toda
a memória grega antiga".
A
data da existência de Homero foi controversa na antiguidade e não o é menos
hoje. Heródoto disse que Homero viveu 400 anos antes de seu próprio tempo, o
que o colocaria em torno de 850 a.C., mas outras fontes antigas deram datas
muito mais próximas da suposta época da Guerra de Troia. A data da Guerra de
Troia foi dada como 1194-1184 a.C. por Eratóstenes, que se esforçou para
estabelecer uma cronologia científica dos eventos e esta data tem obtido apoio
por causa de pesquisas arqueológicas mais recentes.
Para
a ciência moderna, "a data de Homero" refere-se à data de concepção
dos poemas tanto quanto à vida de um indivíduo. O consenso dos estudiosos é que
"a Ilíada e a Odisseia datam dos últimos anos do século IX a.C., ou a
partir do século VIII a.C., a Ilíada sendo anterior à Odisseia, talvez por
algumas décadas", ou seja, um pouco mais cedo do que Hesíodo, e que a
Ilíada é o trabalho mais antigo da literatura ocidental. Ao longo das últimas
décadas, alguns estudiosos têm defendido uma data do século VII a.C. Aqueles
que acreditam que os poemas homéricos desenvolveram-se gradualmente durante um
longo período de tempo, entretanto, geralmente dão uma data posterior para os
poemas: de acordo com Pausânias, os textos foram compilados na época do tirano
ateniense Pisístrato; de acordo com Gregory Nagy, tornaram-se textos fixos
apenas no século VI a.C.
Alfred
Heubeck afirma que a influência formativa dos trabalhos de Homero modelando e
influenciando todo o desenvolvimento da cultura grega foi reconhecida por
muitos dos próprios gregos, que o consideravam seu instrutor.
Além
dessas duas grandes obras, mas sem respaldo histórico ou literário, são a ele
atribuídas às obras Margites, poema cômico a respeito de um herói trapalhão; a
Batracomiomaquia, paródia burlesca da Ilíada que relata uma guerra fantástica
entre ratos e rãs, e os Hinos homéricos.
Já
antes do início do pensamento filosófico, as riquíssimas obras de Homero
(Ilíada e Odisseia) tendem a aproximar os deuses dos homens, num movimento de
racionalização do divino. Os deuses homéricos, que viviam no Monte Olimpo,
possuíam uma série de características antropomórficas.
Apesar
de "Homero" ser um nome grego, atestado em regiões de fala eólica,
nada de concreto se sabe sobre ele; entretanto, tradições surgiram pretendendo
dar detalhes sobre o local de seu nascimento e seu contexto: o satírico
Luciano, em sua fabulosa História Verdadeira, faz de Homero um Babilônio que
assumiu o nome de Homero apenas quando tomado "refém" (homeros) pelos
gregos. Quando o imperador Adriano perguntou ao oráculo de Delfos quem Homero
era realmente, Pítia proclamou que ele era um ítaco, filho de Jocasta e
Telêmaco, da Odisseia. Essas histórias proliferaram e foram incorporadas a um
número de Vidas de Homero compiladas a partir do período alexandrino. A versão
mais comum diz que Homero nasceu na região jônia da Ásia Menor, em Esmirna, ou
na ilha de Quios, morrendo em Ios, nas ilhas Cíclades. A conexão com Esmirna
parece ser em alusão a uma lenda que seu nome original era
"Melesigenes" ("nascido no Meles", um rio que corria por
essa cidade), e da ninfa Creteia. Evidências contidas em seus poemas dão algum
apoio a esta versão: a familiaridade com a topografia da área do litoral da
Ásia Menor é vista nos nomes dos locais e nos detalhes, e comparações
evocativas do cenário local: as aves dos prados, na foz do Caister (Ilíada 2
459ff.), uma tempestade no mar e abisarque Ícaro (Ilíada 2 144ff.), e
conhecimento sobre os ventos (Ilíada 2 394ff : 4 422ff: 9,5), ou que as
mulheres tanto da Meônia quanto da Cária tingem marfim com escarlate.
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