AD VIRGILIUM PATREM
A artista plástica Olívia Barradas
Iam em silêncio as cabras pelo monte
com a memória dos dias e das flores.
Dos horizontes de Mântua se erguia
a doçura dos campos perfumados
E o ar era breve na paisagem branda
que o poeta Virgilio contemplava.
As nuvens e o vento estimado, e as aves,
E as leis do campo e os árduos lavradores.
Os heróis cantando e os pastores amorosos,
as uvas e o sol, as cabras e a vida.
E tudo o que os deuses aos homens destinaram.
UM POUCO SOBRE WILSON ROCHA
Nasceu em Cochabamba, Bolívia, em 1921, mas sua vida intelectual e literária aconteceu a partir de Salvador, Bahia, onde foi um dos fundadores da revista Caderno da Bahia, responsável por mudanças nas artes e na literatura da região. “Um poeta autêntico”, afirma Roger Bastide (1951). “Emociona ver a nossa atual poesia liberta de prevaricações e desvios madrigalescos na voz de Wilson Rocha, uma voz impregnada dos grandes mistérios da vida e da morte e que, por isso mesmo, surgiu para ressonâncias perenes”. Mauro Mota.
Era irmão do também poeta Carlos Eduardo da Rocha, acreano de Brasiléia. Fundou, com outros, a revista Caderno da Bahia, que renovou no após-guerra o panorama das artes e das letras na Bahia. Dedicou-se à crítica de arte desde 1949 e foi membro da Association Internationale des Critiques d’Art, de Paris, e da Associação Brasileira de Críticos de Arte, do Rio de Janeiro. Tradutor de poetas ingleses, norte-americanos, franceses, italianos e espanhóis. Colaborou em numerosas publicações literárias do Brasil, Portugal, Suíça, Espanha e outros países, e nos jornais Diário Ilustrado, de Lisboa, O Estado de S. Paulo, Diário de São Paulo, Correio Paulistano e outros. Esteve vinculado ao Clube de Poesia do Brasil e à Revista Brasileira de Poesia e colaborou nas revistas de poesia Távola Redonda e Cadernos do Meio-Dia, de Portugal, Cuadernillos de Poesía, da Argentina, e Papel de Poesía, do Uruguai. Figura nas antologias Poesía brasileña contemporánea, de Gastón Figueira, Montividéu, 1947; Poemas de amor de poetas brasileiros contemporâneos, de Pedro Moacir Maia, Bahia, 1950; Antologia da poesia brasileira moderna, de Carlos Burlamaqui Kopke, São Paulo, 1953; Antologia poética da geração de 45, de Milton de Godói Campos, São Paulo, 1966, e A nova poesia brasileira, de Alberto da Costa e Silva, 1960. Publicou Poemas, Bahia, 1946, Edições Elo; O tempo no caminho, Bahia, 1950 (ilustrado com 10 desenhos do pintor Aldo Bonadei); Livro de canções, Bahia, 1960, na antologia 20 anos da coleção Círculo da Poesia, de Pedro Tamen, Lisboa, 1977; De tempo soluto, Lisboa, 1963, Livraria Morais Editora, col. Círculo de Poesia, vol. 23, com um retrato do autor reproduzido de uma tela de Pancetti; Carmina Convivalia, Recife, 1980, Edições Pirata (ilustrado com seis desenhos do pintor Ismael Caldas); A forma do silêncio: poesia reunida, Rio de Janeiro, 1986, José Olympio Editora, etc. Hernani Cidade em seu livro O conceito de poesia como expressão de cultura (p.318, 2. ed., Coimbra 1957, Armênio Amador Editor) menciona suas “brevíssimas estruturas rítmicas e estróficas” referindo a faculdade sinóptica de sua poesia. Segundo Murilo Mendes “seus poemas são muito significativos, um verdadeiro oásis neste mundo de máquinas e gigantismo industrial”. “Um poeta autêntico”, afirma Roger Bastide no suplemento literário de O Estado de S. Paulo (13-11-1951). O poeta faleceu em Salvador-BA, em 2005.
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