Pertencente ao gênero de pintura
histórica, que combina retrato, natureza-morta e paisagem para representar um
determinado acontecimento de relevância histórica, a obra foi recebida com
grande prestígio da sociedade e da imprensa da época, sendo definitiva para o
estabelecimento de Oscar Pereira da Silva como um pintor de destaque no cenário
artístico nacional do começo do século XX. Após intensas negociações, a pintura
foi vendida para o Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga, em
1902, uma época em que o museu buscava construir uma ideia de identidade
nacional por meio da narrativa artística de seu acervo. Em 1905, entretanto, o
quadro foi transferido e passou a fazer parte do acervo da Pinacoteca do Estado
de São Paulo, onde permaneceu até 1929, quando foi transferido de volta para a
coleção do Museu Paulista.
Atualmente, a pintura de Pereira da Silva é uma das imagens mais referenciadas quanto ao momento da chegada das caravanas de Pedro Álvares Cabral no Brasil, sendo a representação mais difundida entre livros didáticos e outras publicações acadêmicas.
A tela de Oscar Pereira da Silva
mostra diversos índios na praia de Porto Seguro, na Bahia, enquanto alguns
outros ainda chegam pelas densas matas que cercam a areia. Os indígenas são
representados a correr, gritando e empunhando lanças, se revelando muito
eufóricos com a situação. No mar, é possível observar uma pequena embarcação
que se aproxima da costa, em que são vistos dois índios que já haviam
pernoitado na caravana de Pedro Álvares Cabral. Também há outros portugueses,
sendo que alguns estão já vestidos. Na região central da tela encontram-se Cabral
e um assistente, de pé na praia, entrando em contato com um índio. Do jeito que
as figuras estão representadas, tudo indica que os índios fazem um alvoroço
enquanto os portugueses não reagem com surpresa diante do território novo que
adentravam.
O quadro, que retrata o primeiro encontro entre portugueses e indígenas, foi dividido entre duas zonas muito bem definidas. Na primeira, existe o plano do oceano, com barcos e seus tripulantes portugueses, que carregam a Cruz de Malta em estandarte e nas velas das caravelas. O outro é o plano da terra, onde está representada a zona dos índios brasileiros, que se mostram curiosos, encurralados, e que parecem ser confundidos com a densa vegetação que os cerca, que os assimila com o universo da natureza. Para retratar o encontro entre a civilização cristã dos portugueses e a natureza pagã dos indígenas, Oscar Pereira da Silva se utiliza da aplicação de luzes e zonas brancas e azuis para os portugueses que chegavam, ao mesmo tempo que destina um teor mais pesado e sombrio, com pedras e floresta para representar junto à população indígena.
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