domingo, 24 de abril de 2022

SOBRE O QI MÉDIO DA POPULAÇÃO MUNDIAL - CRISTOPHE CLAVÉ






SOBRE O QI MÉDIO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

 

O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até ao final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos. É a inversão do efeito Flynn.

 

Parece que o nível de inteligência, medido pelos testes, diminui nos países mais desenvolvidos. Pode haver muitas causas para este fenômeno. Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem.

 

Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as subtilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos.

 

O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projeções no tempo.

 

A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de "golpes mortais" na precisão e variedade de expressão.

 

Apenas um exemplo: eliminar a palavra "signorina/senhorita/mademoiselle" (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermediárias.

 

Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento. Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras.

 

Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível.

Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece.

 

A história está cheia de exemplos e muitos livros (George Orwell - "1984"; Ray Bradbury - "Fahrenheit 451") contam como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.

 

Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras. Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional? Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro? Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, e a sua duração relativa, sem uma linguagem que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, realmente aconteceu?

 

Caros pais e professores: Façamos com que os nossos filhos, os nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinemos e pratiquemos o idioma nas suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado. Porque nesse esforço existe liberdade.

Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem dos seus "defeitos", abolir géneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana.

 

Não há liberdade sem necessidade. Não há beleza sem o pensamento da beleza.

(Christophe Clavé)

 

 

Graduado pela Sciences-Po Paris, com MBA, coach profissional, Christophe Clavé passou 25 anos em negócios, como HRD e então Diretor Administrativo. Ele também foi responsável pelo curso de Estratégia e Políticas de Negócios na HEC Paris por 5 anos. Atualmente presidente de uma empresa de investimentos e coach de executivos, também é sócio da firma Alturion, da qual contribui para o desenvolvimento.


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O EFEITO FLYNN é o nome dado para o aumento constante do índice de acerto média da população mundial nos testes de QI. Tem esse nome em alusão ao psicólogo americano James Flynn, que em 1982 o identificou e documentou, após analisar os manuais americanos para testes de QI e perceber que esses testes eram revisados a cada 25 anos ou mais. Isso ocorre porque os testes de inteligência são normalizados para uma pontuação de 100, o que significa que 100 é a pontuação média da população que o faz. 

Quando ele é revisado, ele é padronizado para uma pontuação de 100 novamente, para que o certo seja que eles estejam medindo corretamente em relação ao novo grupo de examinandos. Em outras palavras, James Flynn percebeu que se um americano médio fizesse o primeiro teste de QI criado ele faria 130 pontos, pontuação atribuída a pessoas geniais. Da mesma forma, se o teste atual fosse aplicado com um americano médio daquela época, sua pontuação seria de 70, literalmente um resultado esperado de deficientes intelectuais.

 

 

FONTE:

https://www.editions-pantheon.fr/rencontre-avec/christophe-clave/  

 

 


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