ALMADA
NEGREIROS é uma figura ímpar no panorama artístico português do século XX.
Essencialmente, autodidata (não frequentou qualquer escola de ensino
artístico), a sua precocidade levou-o a dedicar-se desde muito jovem ao desenho
de humor.
Mas
a notoriedade que adquiriu no início de carreira prende-se acima de tudo com a
escrita, interventiva ou literária. Almada teve um papel particularmente ativo
na primeira vanguarda modernista, com importante contribuição para a dinâmica
do grupo ligado à Revista Orpheu, sendo a sua ação determinante para que essa
publicação não se restringisse à área das letras.
José
Sobral de Almada Negreiros nasceu em Trindade, São Tomé e Príncipe, 07 de Abril
de 1893 e faleceu em Lisboa, 15 de Junho de 1970, foi um artista multidisciplinar
português que se dedicou fundamentalmente às artes plásticas: desenho, pintura
e à escrita: romance, poesia, ensaio, dramaturgia, ocupando uma posição central
na primeira geração de modernistas portugueses.
Eduardo
Lourenço escreve: "Estranho arco de vida e arte o que une Almada
«Futurista e tudo», Narciso do Egipto da provocante juventude, ao mago
hermético certo de ter encontrado nos anos 40, «a chave» de si e do mundo no
«número imanente do universo»".
Esteve
em Paris, como quase todos os candidatos a artista então faziam. Residiu em
Madrid durante vários anos e o seu regresso ficou associado à decisão de se
centrar definitiva e exclusivamente em Portugal.
Ao
longo da vida empenhou-se numa enorme diversidade de áreas e meios de expressão
– desenho e pintura, ensaio, romance, poesia, dramaturgia… até o bailado, que
Fernando de Azevedo classifica de "fulgurante dispersão". Sem se
fixar num domínio único e preciso, o que emerge é sobretudo a imagem do artista
total, inclassificável, onde o todo supera a soma das partes. Também neste
aspeto Almada se diferencia dos seus pares mais notáveis, Amadeo de
Souza-Cardoso e Fernando Pessoa, cuja concentração num território único,
exclusivo, foi condição necessária à realização das obras máximas que nos
deixaram como legado.
ALGUMAS
OBRAS
•1915
| Frisos, Orpheu vol. 1, pp. 51–59 (prosas)
| A Cena do Ódio (poesia) | A Engomadeira (novela) | O Sonho da Rosa (bailado, realização) |
Manifesto Anti-Dantas e Por Extenso
•1916
| Manifesto em apoio a 1.ª exposição de Amadeo de Souza Cardoso - Liga Naval de
Lisboa | Litoral (poesia) | Mima Fataxa Sinfonia Cosmopolita (novela) |
Saltimbancos (novela).
•1917
| Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX (conferência,
publicada na revista Portugal Futurista) | K4, O Quadrado Azul (novela)
•1918
| O Jardim da Pierrette (bailado)
•1919
| Histoire du Portugal par Coeur (poema em prosa).
•1921
| O Menino do Olhos de Gigante (poesia) | A Invenção do Dia Claro )
•1924
| Pierrot e Arlequim (teatro).
•1925
| Nome de Guerra (romance); editado em 1938 | Autorretrato num grupo (pintura).
•1926
| A Questão dos Painéis; a história de um acaso de uma importante descoberta e
do seu autor (ensaio)
•1929
| Decorações murais, Cine San Carlos, Madrid | Deseja-se Mulher / SOS (teatro),
1928-29.
•1932
| Direção Única (conferência).
•1933
| Arte e Artistas (conferência).
•1935
| Maternidade (pintura).
•1936
| Duplo Retrato (pintura), 1934-36.
•1938
| Vitrais para a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Lisboa, 1934-38.
•1940
| Vitrais, Pavilhão da Colonização, Exposição do Mundo Português, Lisboa.
•1942
| Homenagem a Luca Signorelli (pintura).
•1947
| Pinturas murais na Gare Marítima de Alcântara, 1945-47.
•1948
| Pinturas murais na Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, 1946-48.
•1950
| Theleon e a Arte Abstrata (palestra) | A chave diz: faltam duas tábuas e meia
de pintura no todo da obra de Nuno Gonçalves (ensaio).
•1954
| Retrato de Fernando Pessoa (pintura).
•1961
| Decoração das fachadas de edifícios na Cidade Universitária de Lisboa:
Faculdade de Direito; Faculdade de Letras; Reitoria, 1957-61.
•1969
| Começar, desenho inciso na parede do átrio de entrada da sede da Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1968-69.
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