terça-feira, 18 de abril de 2023

EFEMÉRIDES: HÁ 181 ANOS, EM 18 DE ABRIL DE 1842 NASCEU ANTERO DE QUENTAL – ESCRITOR, POETA E PENSADOR DO SÉCULO XIX, ANTERO DE QUENTAL FOI UMA LENDA EM COIMBRA. MESTRE DO SONETO, DEFENSOR DA MODERNIDADE, O ESCRITOR FEZ PARTE DE UMA DAS MAIS RICAS GERAÇÕES DE INTELECTUAIS PORTUGUESES.



Antero Tarquínio de Quental nasceu em Ponta Delgada Ponta, cidade portuguesa localizada na ilha de São Miguel e pertencente à Região Autônoma dos Açores em 18 de abril de 1842 e faleceu em Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891, foi um escritor e poeta português do século XIX que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.

Nascido na Ilha de São Miguel- Açores, filho do combatente liberal Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia. O casal teve sete filhos, sendo Antero o quarto filho. 

Durante a sua vida, Antero de Quental dedicou-se à poesia, à filosofia e à política. Deu início aos seus estudos na cidade natal, mudando-se para Coimbra aos 16 anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura. 

Em 1861, publicou os seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as Odes Modernas, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon, enaltecendo a revolução. Nesse mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram atacados por Antônio Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. Antônio Feliciano de Castilho, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais. 

Ainda em 1866 mudou-se para Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo, profissão que exerceu também em Paris, entre janeiro e fevereiro de 1867.

Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós, Abílio de Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. 

De 1869 data a sua viagem à América, com partida do Porto, a bordo do patacho Carolina, do seu amigo algarvio Joaquim de Almeida Negrão. Sabe-se que visitou primeiro Halifax, no Canadá, e depois Nova Iorque, onde permaneceu cerca de um mês. 

Em 1870, fundou em Lisboa o jornal A República - Jornal da Democracia Portuguesa, com Oliveira Martins.

 

Leia uma poesia do autor

 

NA MÃO DE DEUS – Antero Quental - 1882

 

Na mão de Deus, na sua mão direita,

Descansou afinal meu coração.

Do palácio encantado da Ilusão

Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita

A ignorância infantil, despojo vão,

Depus do Ideal e da Paixão

A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,

Que a mãe leva ao colo agasalhada

E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...

Dorme o teu sono, coração liberto,

Dorme na mão de Deus eternamente!

 

Em 1871, encontramo-lo a reunir-se em Lisboa com delegados da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) para apresentar as ideias anarquistas. Os primeiros contatos com os emissários espanhóis da Internacional são feitos através de José Fontana, Antero de Quental e Jaime Batalha Reis. 

Nessa altura, em maio do mesmo ano, igualmente, participa numa conferência Iberista e aí apresenta um polêmico discurso em que tenta explicar as razões do atraso português, e do espanhol, desde o século XVII. 

Nos finais de 1871 vai elaborar o panfleto O que é a Internacional? Que é alvo de uma tradução para o castelhano pela Comissão de Propaganda do Conselho Local da Federação Madrilena e publicada em 1872 em Espanha.

Antero de Quental, juntamente com José Fontana, em 1872, passou a editar o jornal socialista O Pensamento Social.

Colaborou, igualmente, em diversas outras publicações periódicas, nomeadamente: A Esperança (1865-1866), Renascença (1878-1879), O Pantheon (1880-1881), Branco e Negro (1896-1898), Contemporânea (1915-1926), A imprensa (1885-1891), O Thalassa (1913-1915) e, a título póstumo, no periódico O Azeitonense(1919-1920).

Em 1873 herdou uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver dos rendimentos dessa fortuna. Em 1874, com tuberculose, descansou por um ano, mas em 1875, fez a reedição das Odes Modernas.

Em 1879 mudou-se para o Porto, e em 1886 publicou aquela que é considerada pelos críticos como a sua melhor obra poética, Sonetos Completos, com características autobiográficas e simbolistas.

Em 1880, adotou as duas filhas do seu amigo, Germano Meireles, que falecera em 1877. Em setembro de 1881 foi, por razões de saúde e a conselho do seu médico, viver em Vila do Conde, onde residiu até maio de 1891, com pequenos intervalos nos Açores e em Lisboa. O período em Vila do Conde foi considerado pelo poeta o melhor da sua vida: "Aqui as praias são amplas e belas, e por elas me passeio ou me estendo ao sol com a voluptuosidade que só conhecem os poetas e os lagartos adoradores da luz". 

Em 1886 foram publicados os Sonetos Completos, coligidos e prefaciados por Oliveira Martins. Entre março e outubro de 1887, permaneceu nos Açores, voltando depois a Vila do Conde. Devido a essa sua estadia, foi fundado nesta cidade, em 1995, o "Centro de Estudos Anterianos".

Em 1890, devido à reação nacional contra o ultimato inglês, de 11 de janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efêmera. Quando regressou a Lisboa, em maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Portador de distúrbio bipolar, nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Após um mês, em junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, cometendo suicídio no dia 11 de setembro de 1891, com dois tiros, num banco de jardim junto ao Convento de Nossa Senhora da Esperança, onde está na parede a palavra "Esperança", no Campo de São Francisco, cerca das 20h. 

ALGUMAS OBRAS

Sonetos de Antero, 1861

Beatrice e Fiat Lux, 1863

Odes Modernas, 1865 (na origem da polêmica Questão Coimbrã). Reeditadas em 1875.

Bom Senso e Bom Gosto, 1865 (opúsculos)

A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, 1865 (na origem da polêmica Questão Coimbra)

Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX, 1865

Portugal perante a Revolução de Espanha 1868

Causas da decadência dos povos peninsulares, 1871

Primaveras Românticas, 1872

Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa, 1872

A Poesia na Atualidade, 1881

Sonetos Completos, 1886

A Filosofia da Natureza dos Naturistas, 1886

Tendências Gerais da filosofia na Segunda Metade do Século XIX, 1890

Raios de extinta luz, 1892

A Bíblia da Humanidade

Leituras Populares

Liga Patriótica do Norte 









FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Antero_de_Quental 

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