“SER POETA” – SHIRLEY ARAÚJO – VOZ
ANNA MÜLLER | FOCUS PORTAL CULTURAL. POSTADO NO SITE DA AUTORA:
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Ah! O poeta e seus mistérios, suas metáforas, realidades, utopias, é ai que se manifesta a poesia! O poeta diz e brinca com as palavras, se esconde nelas, cúmplice com a poesia exprime o que tem de mais belo e verdadeiro em sua alma poética! Volátil sentimento rodopia, cria, inventa, sustenta a alegria, espanta a tristeza, alivia a solidão que às vezes maltrata o coração. Fala da saudade quando companheira que o faz verter lágrimas no coração, saudade do amor que se foi para o além ou que ficou distante por algum motivo, passou e não poderá voltar mais, mas que ainda vive no coração de quem ficou! O poeta protesta contra as injustiças sociais, as malandragens egoístas! Diz que malandro tem vida atribulada e amante tem vida saudosa. Alegre o poeta faz florir uma linda primavera prenunciando um lindo verão com chuvas passageiras para lavar o coração. Dizem que o poeta mente... Será? O poeta ama e ama muito quando tem na própria poesia sua musa encantada companheira inseparável e que sem ela o poeta nunca existirá como tal. No momento em que vive sua poesia o poeta é verdadeiro!
O poeta tem a poesia impregnada na
alma e vê o mundo através dela ainda que não o queira ver, tem sempre um tom
poético na visão do poeta. Ser poeta é assim entre outros matizes também que
não falei aqui. Ser poeta é ter um universo de inspirações poéticas ao nosso
dispor para contemplá-las com os nossos “olhares” e com os nossos sentimentos
que, não são diferentes do que o poeta está sentindo no exato momento da
criação do poema, digo que é igual. Entender o poeta é sentir o cheiro da vida
na alma de todo ser vivente, sentir o perfume da brisa que vem do mar em tempo
de preamar. Amo o poeta nas mais sutis nuances. Não sou poeta ainda, mas um dia
quero ser e ser entendida como um ser que vive e respira poesia, pois é assim
que entendo OS POETAS.
Resposta ao conteúdo da poesia do
poeta Alberto Araújo - intitulada - SE TODOS ENTENDESSEM OS POETAS - poesia
postada em 09/07/2008 no Recanto das Letras.
13/06/2009
MENSAGEM DE MÁRCIA PESSANHA
Da essência do ser ao ser poético
A leitura do texto Ser poeta de Shirley Araújo, ao intitulá-lo como prosa poética, nos
faz transitar na zona fronteiriça entre prosa e poesia. E nos primeiros passos de nossa entrada no
universo de criação da autora, é preciso ilustrar o que define o espaço da
prosa poética. Surgida na França, no século XIX, se diferencia da prosa comum
por apresentar um olhar lírico sobre a realidade. É como se fosse uma poesia de
forma livre, sem versos, mas que emprega elementos literários, que traduzem uma
mensagem poética, principalmente quando o narrador em 1ª pessoa expressa seus
sentimentos, sua visão de mundo para o leitor. E foi isso que Shirley quis
transmitir em seu texto, ao definir o “ser poeta” como um ser que vive e
respira poesia.”
Aproveitamos, então, esse pulsar
vivencial poético da autora para inseri-lo em um contexto dialógico, com poetas,
que se expressaram a respeito do ato de sua criação, da “poíesis”. Assim, Sophia
de Mello Breyner Andresen nos diz que “A poesia é a arte do ser”; “Pois a
poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas,
a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens.”
E
Shirley, em seu texto, busca justamente descrever a essência anímica do poeta,
na esteira das palavras de Sophia. Também Rubem Alves ao falar sobre o poder da
escrita literária declara que “a palavra é um feitiço, ela entra nos corpos e
transforma-os.” E ao situar a visão do
poeta sobre o mundo que o rodeia afirma que ‘”O poeta não é alguém que vê
coisas que ninguém mais vê. O que ele faz é simplesmente iluminar com seus
olhos aquilo que todos vêem sem se dar conta disso.” Percepção semelhante
possui Shirley ao afirmar “que há sempre um tom poético na visão do poeta.”
Em “Ser poeta”, Shirley busca decifrar e
descrever o enigma do fazer literário e o papel/ função do poeta. Por isso,
além de ser uma prosa poética possui também vestígios de ensaio, por seu tom,
às vezes inquiridor, argumentativo e filosófico. Sob essa perspectiva
questiona: “Dizem que o poeta mente. Será? No momento em que vive sua poesia o
poeta é verdadeiro.” Entrando nesse diálogo, Fernando Pessoa responde em seus
versos: “O poeta é um fingidor/finge tão completamente/que chega a fingir que é
dor/ a dor que deveras sente...” De qualquer maneira, fingindo ou não, segundo
Shirley “o poeta tem a poesia impregnada na alma”.
Encontramos em seu texto ressonâncias
dos escritores citados e de outros que se embrenham nas veredas do literário. E
ela, amante da escrita poética e da psicologia, conhece bem o poder
encantatório das palavras e se dedica a ouvi-las e interpretá-las, pois nelas é
que habitam, também, os sonhos e os pensamentos que nos fazem voar...
Para Clarice Lispector a escrita é
libertadora “ Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o
mundo.” E para Miguel de Cervantes “A pena é a língua da alma.”
E
Shirley ao escrever o texto em pauta, entra em um processo de “ aletheia”, ao
revelar-nos sua alma de poeta... e diz “ entender o poeta é sentir o
cheiro da vida na alma de todo
vivente...” E finaliza dizendo: “ Um dia quero ser entendida como um ser que
vive e respira poesia.”
Que assim seja!
Professora Doutora Márcia Maria de Jesus
Pessanha
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