quinta-feira, 17 de outubro de 2024

LEIAM ALGUNS TRECHOS DO LIVRO DE FICÇÃO ROMÂNTICA “UM AMOR CINCO ESTRELAS” - AUTORA BETH O’LEARY, TRADUTORA LAURA POHL, TRADUTOR SOFIA SOTER.


1 Capítulo

Se Lucas fizer alguma coisa, preciso fazer igual, só que melhor. De modo geral, isso trouxe ótimos resultados para a minha carreira no último ano, mas também quer dizer que agora estou me arrastando com um galho de pinheiro que tem, no mínimo, duas vezes minha altura e quatro vezes minha largura.

— Precisa de ajuda? — pergunta Lucas.

— De jeito nenhum. E você? 

Eu balanço o galho, tentando ajeitá-lo, e por pouco não acerto um dos muitos vasos do saguão. Vivo me esquivando deles. Como a maior parte da mobília na Mansão Forest Hotel & Spa, os vasos vêm da família Bartholomew, proprietária do local. Morris Bartholomew (Barty) e a esposa, Uma Singh-Bartholomew (sra. SB), transformaram a casa grandiosa em um hotel e reutilizaram tudo que puderam dos móveis antigos da família. Sou super a favor de reaproveitamento — é bem meu estilo —, mas esses vasos têm um quê de urna funerária. Não consigo deixar de imaginar que talvez contenham uns Bartholomews velhos ali dentro. 

— Isso é lúdico? — pergunta Lucas, parando para examinar meu galho de pinheiro. 

Estou amarrando o galho na parte de baixo do meu lado da escadaria. A escadaria da Mansão Forest é famosa — é um desses modelos lindos e amplos, que se abrem no meio e dão a maior vontade de descer devagar usando um vestido de noiva, ou arrumar os filhos para uma foto fofa com cara de família Von Trapp.

— E isso é? — pergunto, apontando o vaso de árvore que Lucas arrastou do jardim e posicionou na parte inferior do lado dele da escada. 

— É — diz, todo confiante. — É uma oliveira. Oliveiras são muito lúdicas. Estamos arrumando o saguão para o casamento de amanhã, e o tema da noiva é “inverno lúdico”. Lucas e eu decidimos que assimetria é lúdica, então cada um de nós ficou com um lado da escada. O problema é que, se Lucas 

exagera, tenho que exagerar mais ainda, então trouxemos uma boa parte do jardim para o saguão. — Também são mediterrâneas. Lucas me olha, seco, como se perguntasse “e daí?”. — Estamos em New Forest. Em novembro. Lucas franze a testa. Eu desisto. — E os pisca-piscas prateados? — pergunto, indicando as luzes pequenas e cintilantes entrelaçadas a plantinhas no meu corrimão. — Será que botamos do seu lado também? — Não. É cafona. Eu semicerro os olhos. Lucas acha tudo meu cafona. Odeia meus apliques, meus tênis rosa-bebê, minha paixão por séries sobrenaturais para adolescentes. Ele não entende que a vida é muito curta para tantas regras, para o que é ou não é descolado; a vida é para ser vivida. Em HD. E com tênis rosa-bebê. — Mas são tão fofos e brilhantes! — Brilham tanto que chegam a arder. Parecem faquinhas nos olhos. Não. Ele descruza os braços e apoia as mãos no quadril. Lucas gosta de ocupar o máximo de espaço possível. Deve ser por isso que vive na academia, para invadir cada vez mais centímetros do meu espaço com seus ombros largos e bíceps saltados. Respiro fundo para me acalmar. Depois desse casamento, eu e Lucas vamos poder voltar a alternar os turnos sempre que possível. Ultimamente, dá tudo errado quando passamos tempo demais juntos na recepção. A sra. SB diz que “não parece criar a atmosfera ideal”. Arjun, o chefe de cozinha, diz que “quando Izzy e Lucas trabalham juntos, o hotel é aconchegante que nem a casa da minha avó”, e eu já conheci a avó de Arjun, então tenho certeza de que é um comentário muito ofensivo. No entanto, Lucas e eu somos os atendentes do hotel com mais experiência, e somos nós que cuidamos dos casamentos, então, pelos próximos dois dias, preciso aguentá-lo. — Sobe aqui — ordena Lucas. — Vem ver o que eu estou vendo. Ele é sempre tão mandão. Quando conheci Lucas, achei o sotaque brasileiro tão sexy que perdoei a grosseria — achei que fosse problema de adaptação ao idioma e concluí que ele tinha boas intenções, mas se atrapalhava na hora... 


 

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