terça-feira, 22 de outubro de 2024

EFEMÉRIDES: HÁ 213 ANOS, EM 20 DE OUTUBRO DE 1811 NASCEU FRANZ LISZT FOI UM COMPOSITOR, PIANISTA, MAESTRO, PROFESSOR E TERCIÁRIO FRANCISCANO HÚNGARO DO SÉCULO XIX.

 

Liszt ganhou fama na Europa durante o início do século XIX como pianista virtuoso. Foi citado por alguns dos seus contemporâneos como o pianista mais avançado da sua época, e em 1840 foi considerado por alguns como o maior pianista de todos os tempos. 

Como compositor, foi um dos representantes proeminentes da "Neudeutsche Schule" "Nova Escola Alemã". Algumas das suas contribuições mais notáveis foram a invenção do poema sinfónico, desenvolvendo o conceito de transformação temática. Também desempenhou um papel importante na popularização de uma grande variedade de música de transcrição para piano. 

Génie oblige, “gênio por obrigação” foi o lema escolhido pelo próprio Franz Liszt, o único músico húngaro no século XIX a ser reconhecido como um dos maiores que já existiram. Ele certamente desfrutou de toda a sua fama e glória como um dos pianistas mais importantes de sua época, como um compositor ousado e inventivo, como regente e respeitado professor de música. Além de ser conhecido como Don Juan e queridinho de Ludwig van Beethoven, Liszt revolucionou o mundo da música, estabelecendo ideias que ainda seguem atuais!

Franz Liszt nasceu em 22 de outubro de 1811, na cidade de Raiding, que hoje faz parte do território austríaco. Ele recebeu as primeiras aulas de piano de seu pai, Adam Liszt, que trabalhava para a família do Príncipe Esterházy e fez de tudo para facilitar o talento do pequeno Franz. Foi aclamado como prodígio desde cedo e, em 1820, um grupo de magnatas húngaros ofereceu-se para bancar seus estudos. Os Liszt foram, então, morar em Viena, onde Franz foi aluno de Carl Czerny, ex-aluno de Beethoven, e Antonio Salieri, o renomado rival de Mozart. Lá o pequeno chamou a atenção do público local e até mesmo do próprio Beethoven! 

Aos 12 anos, seu pai resolveu levá-lo a Paris, arriscando suas finanças para garantir que o menino continuasse sua instrução musical. Ele estudou brevemente com Ferdinand Paër e Anton Reicha. Começou a se apresentar na França e na Inglaterra e logo alcançou o sucesso: em 1830, já tinha publicado várias peças para piano e tinha até o rascunho de um concerto! Em Paris, fez amizade com artistas ilustres: Frédéric Chopin, Victor Hugo, Alexandre Dumas, Honoré de Balzac e até Eugène Delacroix. Em 1832, sua carreira mudaria para sempre: ao ver uma performance virtuosa do violinista Paganini, Franz Liszt decidiu dominar cada aspecto da técnica ao piano. 

Inovou com suas partituras para piano das sinfonias de Beethoven e Berlioz e ficou famoso por sua frase “le concert, c'est moi”, dita quando, em 1839, fez uma apresentação solo em que representou todos os sons de uma orquestra tocando apenas um instrumento, o piano. Vale lembrar que é nessa época – chamada de Romantismo – que o intérprete ganha tanta notoriedade quanto o compositor, e Liszt foi um dos responsáveis por elevar a condição social da sua profissão, assim como Beethoven o fez. Dotado de uma técnica excepcional ao piano, Liszt ganhou o público com suas apresentações envolventes e cheias de personalidade. Estava sempre disposto a atender aos pedidos de seus ouvintes com improvisações de obras eruditas e até mesmo músicas folclóricas. Sua popularidade pode ser comparada à dos Beatles nos anos 1960, pois onde passava conquistava muitos admiradores e causava um certo êxtase no público feminino. 

Em 1833, Liszt conheceu e se apaixonou pela condessa Marie d'Agoult, com quem teve três filhos. No período em viveram juntos, moraram na Suíça e em Roma, e Franz concentrou-se na composição e em escrever memórias de suas viagens, que foram publicadas nos jornais de Paris. A relação do casal terminou em 1844; e alguns anos depois ele se apaixona pela princesa Carolyne von Sayn-Wittgenstein, com quem viveu em Weimar, na Alemanha. 

O desejo de Liszt era tornar a cidade de Weimar um polo artístico e cultural novamente. Lá, ele dedicou-se à composição, regência de orquestras e o ensino musical. Sempre acreditando no poder de renovação da música e de que não pertence apenas a um período. Por isso, incentivou e aconselhou a carreira de músicos e compositores mais jovens, tendo destaque seu apoio a Richard Wagner, que se tornou um dos grandes nomes de sua época. 

Franz foi um visionário, sendo o responsável por grandes inovações no fazer musical e no pensar a arte. Em 1830, Liszt publicou nos jornais de Paris um manifesto em defesa da educação musical, com pautas que permanecem relevantes até hoje. 

“Em nome de todos os músicos, da arte e do progresso social, exigimos:

 A – A realização de uma assembleia dedicada à música sinfônica, dramática e religiosa a cada cinco anos. As melhores obras em cada uma dessas três categorias serão executadas diariamente durante um mês no Louvre e serão, posteriormente, compradas pelo governo e publicadas à custa deste. Em outras palavras, exigimos a fundação de um museu musical.

B – A adoção de ensino de música nas escolas primárias, sua extensão a outros tipos de escolas e um movimento para a implantação de uma nova música de igreja. 

C – A reorganização do canto coral e a reforma do cantochão em todas as igrejas de Paris e das províncias. 

D – Encontros gerais das sociedades filarmônicas, inspirados nos grandes festivais de música da Inglaterra e da Alemanha [a Alemanha ainda não existia juridicamente; Liszt refere­-se ao conjunto das pequenas cortes e principados espalhados pelo que hoje é o território alemão]. E – Montagens de óperas, concertos sinfônicos e de música de câmara, organizados de acordo com planejamento traçado segundo nosso artigo prévio sobre os conservatórios [Liszt refere-­se a um artigo anterior enfocando apenas os conservatórios]

F – Uma escola de estudos musicais avançados, que atue separadamente dos conservatórios, dirigida pelos mais eminentes artistas – uma escola cujos tentáculos estendam­-se a todas as cidades do interior do país por meio das disciplinas história e filosofia da música.

G – Uma edição de baixo custo, para venda a preços acessíveis, das mais importantes obras dos novos e dos antigos compositores, desde a Renascença até a atualidade. Estas partituras abarcarão o desenvolvimento da arte em sua totalidade, da canção folclórica até a Sinfonia coral de Beethoven. Esta série de publicações como um todo será chamada O panteão da música. As biografias, os tratados, os comentários e os glossários que acompanharão estas partituras formarão uma verdadeira “enciclopédia da música”. 

Faleceu em Bayreuth, 31 de julho de 1886.

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