Récita de Ático
Rubini foi apresentada pela primeira vez em 1947; FEMUSC Terá mais de 200
apresentações, todas gratuitas.
Os 484 versos de
I-Juca Pirama, obra-prima do poeta indianista Gonçalves Dias, foram
transformados em ópera e ganhou a primeira apresentação em 1947. A adaptação foi realizada pelo irmão marista
Ático Rubini, nascido em Jaraguá do Sul. Quase meio século depois, em janeiro
de 2025, a abertura da obra será apresentada pela primeira vez em solo
jaraguense, no palco da SCAR, durante a 20ª edição do Festival Internacional de
Música de Santa Catarina, FEMUSC. O evento, considerado o maior festival-escola
de música clássica da América Latina acontece de 12 a 25 de janeiro. Todos os
espetáculos do Femusc são gratuitos.
“Estamos muito
empolgados e orgulhosos de podermos mostrar essa obra para a plateia do Femusc,
que com certeza ficará emocionada com o espetáculo escrito por um filho dessa
terra, tão ligada à música clássica”, afirma o idealizador e diretor-artístico
do festival, maestro Alex Klein. “O momento de comemoração da 20ª edição do FEMUSC
não poderia ser mais adequado para trazermos esse presente para a cidade”.
I-Juca Pirama foi
escrito em 1851 e conta o drama de um grande guerreiro tupi capturado pela
tribo Timbira. A poesia, dividida em dez cantos com versos decassílabos, mostra
o indígena rendido que, ao chorar diante da morte, é chamado de covarde pelo
próprio pai. A partir daí, Juca Pirama passa a viver para provar sua coragem e
recuperar sua honra.
No Femusc, os temas
da versäo operística de I-Juca Pirama
farão parte da "Noite de Ópera", que compõe o Programa de
Ópera e Canto Lírico do evento, em 17 de janeiro a partir das 20h30. Cantoras e cantores subirão ao palco para
apresentar árias individuais acompanhados pela orquestra de ópera do Femusc. A
"Noite de Ópera” contará com direção musical do maestro Alex Klein, e terá
como anfitriã a professora soprano brasileira Celine Imbert. A expectativa é
que cerca de 100 integrantes do festival façam apresentações nesse dia,
incluindo 30 cantores.
Nascido Albino José
Rubini, em 1914, o irmão marista se formou em Filosofia, Ciências e Letras além
de Geografia e História. Mas foi mesmo como compositor que o religioso escreveu
seu nome na história. Ático, sem nunca ter tido formação como músico, escreveu
inúmeras peças sacras (missas e motetes), arranjos folclóricos e foi um dos
finalistas do concurso que elegeu o Hino de Jaraguá do Sul.
A primeira obra de
Ático Rubini, nome que adotou como artista, foi um melodrama intitulado
Tarcísio, apresentada pela primeira vez em Curitiba, mas chegou também aos
palcos de Mendes (Rio de Janeiro) e de Santos (litoral sul do estado de São
Paulo). “A Vocação de Colombo” foi o segundo espetáculo do compositor
jaraguense, e teve como inspiração a obra de Colombo Fanchullo, com texto e
música de autoria própria. A obra conta a história de um jovem que sonhava em
ser navegante, contra a vontade do pai, que queria que o filho trabalhasse como
tecelão. A récita é cantada em português e, apesar de dimensões menores, conta
com o aspecto de uma ópera completa, com coro, orquestra e quatro árias. A
capital paulista ganhou a primeira apresentação da obra em 1965, na sequência
“A Vocação de Colombo” foi para Curitiba.
A trajetória da
família Rubini, vinda da Itália, e estabelecida em Jaraguá do Sul no início do
século passado, foi registrada em um livro publicado em 2018. Desde então, os
familiares tiveram a ideia de procurar o FEMUSC para apresentar a obra do
parente religioso, que chegou a ser nomeado secretário de Dom Evaristo Arns,
mas que deixou seu maior legado no formato de música. Este ano, um contato com
Alex Klein foi suficiente para impressionar o maestro que incluiu a obra de
irmão Ático no festival. "Fiquei muito impressionado com a sensibilidade e
com a riqueza musical, e as nuances regionais só engrandecem a obra",
conclui Klein.
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