Compositor italiano, notabilizado por ter composto 555 sonatas para órgão, para cravo e para violino. Nasceu em 1685, em Nápoles, Itália, e morreu em 1757, em Madrid, Espanha.
Domenico Scarlatti nasceu no mesmo ano em que nasceram dois outros grandes mestres do barroco, Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich Händel.
Foi o sexto de dez filhos e o irmão mais novo de Pietro Filippo Scarlatti, também músico. O mais provável é que tenha recebido as primeiras lições de música com seu pai. Outros compositores que também podem ter sido seus professores foram: Gaetano Greco, Francesco Gasparini e Bernardo Pasquini, que parecem ter influenciado seu estilo musical.
Filho do também músico e compositor Alessandro Scarlatti, o seu maior contributo para a música foram as suas sonatas para piano num único movimento, em que empreendeu abordagens harmônicas muito inovadoras, apesar de ter composto também obras para orquestra e voz. Embora tenha vivido no período que corresponde ao auge da música barroca europeia, as suas composições têm um estilo mais próximo do início do período clássico. Entre as suas principais obras encontramos Sonata em Lá Maior K181, Salve Regina e Stabat Mater.
Scarlatti iniciou os seus estudos musicais com o pai, Alessandro Scarlatti. A sua carreira começou aos dezasseis anos, em Nápoles, com a produção das óperas Ottavia Restituita al Trono e Il Giustino.
Scarlatti se tornou compositor e organista na capela real de Nápoles em 1701. Em 1704, ele revisou a ópera Irene de Carlo Francesco Pollarolo para ser apresentada em Nápoles. Pouco depois seu pai o mandou para Veneza.
Em 1705, viajou para Veneza para estudar com o compositor Francesco Gasparini, acabando por se tornar amigo de Haendel. Quatro anos mais tarde foi para Roma, ao serviço da rainha Maria Casimira da Polônia, para quem compôs sete óperas.
Em 1709, ele foi a Roma a serviço da rainha polonesa, então no exílio, Marie Casimire, onde ele encontrou Thomas Roseingrave que liderou em Londres uma entusiástica recepção às sonatas do compositor. Já um cravista renomado, há uma história de que numa competição com Georg Friedrich Händel, no palácio do cardeal Ottoboni, em Roma, ele talvez tenha sido julgado superior a Händel naquele instrumento, embora inferior com relação ao órgão. Mais tarde, Scarlatti ficou conhecido pela veneração com que se referia às habilidades de Händel.
Também, enquanto em Roma, Scarlatti compôs várias óperas para o teatro particular da Rainha Casimire. Ele foi maestro di cappella em São Pedro, de 1715 a 1719 e, neste último ano, foi a Londres para dirigir sua ópera Narciso no King's Theatre.
Em 1721, Scarlatti morou em Lisboa, onde ensinou música à princesa portuguesa Maria Magdalena Bárbara, Maria Bárbara de Bragança. Esteve novamente em Nápoles em 1725. Durante uma visita a Roma, em 1728, casou-se com Maria Caterina Gentili.
Nos arquivos da Sé existem restos do trabalho que Scarlatti fez em Portugal, um motete, um Te Deum e uma peça para as festas do casamento da infanta D. Maria Bárbara, cujo libreto foi impresso com o título de Festeggio armónico nel celebrarsi il Real Maritaggio de'molto Alti, e molto Poderosi Serenissimi Signori D. Fernando di Spagna Principe d'Asturia, e D. Maria Infanta di Portogallo, che dio Guardi, che si esegui'nel Real Palazzo di S. Maestá a di II. Di Gennaio del presente anno di 1728. Ainda em Lisboa, a serenata Contesa delle Stagioni foi representada no palácio real.
Em 1729, fixou-se em Sevilha onde permaneceu quatro anos. Ali veio a conhecer o flamenco. Em 1733, foi a Madrid para assumir o cargo de maestro de música da princesa Maria Bárbara, que se casara com o Príncipe Herdeiro de Espanha, Fernando. D. Maria Bárbara tornou-se rainha da Espanha e ele permaneceu no país por cerca de vinte e cinco anos, tendo, ali, sido pai de cinco filhos. Depois da morte de sua esposa, em 1742, desposou uma espanhola, Anastasia Maxarti Ximenes. Durante o período que permaneceu na Espanha, Scarlatti compôs mais de quinhentas sonatas para teclado e é por esses trabalhos que ele hoje é lembrado.
Scarlatti foi amigo do cantor castrato Farinelli, um napolitano que estava sendo patrocinado pela casa real, em Madrid. O musicólogo Ralph Kirkpatrick reconhece que a correspondência de Scarlatti com Farinelli fornece a informação mais direta sobre o compositor que foi deixada para os nossos dias.
Apenas uma fração das composições de Scarlatti foi publicada durante sua vida. Parece que o próprio Scarlatti supervisionou a publicação, em 1738, de sua coleção mais famosa, um livro de 30 Esercizi ("Exercícios") que foram aclamados em toda a Europa com o apoio irrestrito do mais proeminente escritor sobre música do século XVIII, o Dr. Charles Burney.
As muitas sonatas não publicadas durante a vida de Scarlatti foram impressas de forma irregular ao longo dos dois séculos e meio seguintes. Apesar disso, Scarlatti atraiu a atenção de admiradores notáveis inclusive Chopin, Brahms, Bartók, Heinrich Schenker e Vladimir Horowitz. Particularmente a escola russa de piano tem sido divulgadora das sonatas.
Scarlatti compôs cerca de quinhentas sonatas para o teclado, geralmente de um único movimento, na forma binária. A moderna técnica do piano deve muito à sua influência. Algumas possuem uma audácia harmônica tanto no uso de dissonâncias ou aglomerados de acordes, no uso audacioso de modulações não convencionais e tonalidades remotas. Scarlatti também foi pioneiro no domínio do ritmo e da sintaxe musical: síncopes e ritmos cruzados são comuns em sua música.
Pouco antes de morrer, Scarlatti escreveu Salve Regina que, posteriormente, foi considerada a sua composição mais bonita.
Domenico Scarlatti faleceu em Madrid,
com 71 anos. Sua casa na Calle Leganitos é identificada com uma placa histórica
e seus descendentes ainda vivem naquela cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário