A obra se divide em quatro partes:- Introdução histórica; Século 1º (1500); Século 2º (1600); Século 3º (1700).
A seguir, apresenta os seguintes ensaios - Bosquejo da História da Poesia Brasileira; Introdução ao Mosaico Poético; Considerações gerais sobre a Literatura Brasileira; A língua brasileira; Histórias de poetas.
Com organização, apresentação e notas de Roberto Acízelo de Souza, que recuperou os artigos do autor publicados entre 1859 e 1862 na Revista popular, esta é a primeira história da literatura brasileira, pois se antecipa às contribuições de Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro (Curso elementar de literatura nacional, 1862), Ferdinand Wolf (Le Brésil littéraire, 1863) e Francisco Sotero dos Reis (Curso de literatura portuguesa e brasileira, 1866-73). Esta edição - que inaugura uma nova casa editorial carioca, a Zé Mario Editor - vem enriquecida por apresentação crítica do autor e sua obra, cronologias (do autor, do país e do exterior), bibliografias e índice onomástico-temático.
SOBRE JOAQUIM NORBERTO DE SOUSA SILVA
Joaquim Norberto de Sousa Silva nasceu no Rio de Janeiro, 6 de junho de 1820, foi um escritor e historiador brasileiro do período romântico, mais conhecido por sua obra de 1861, 'Brasileiras Célebres', que assinou como J. Norberto de S. S.
Autodidata, sua cultura não era
contudo sólida, de forma que sua produção é considerada "medíocre" ou
"insignificante"; a despeito disso seus estudos sobre as origens
literárias brasileiras, memórias históricas e um bom estudo sobre a Conjuração
Mineira fazem com que seja, logo depois de Varnhagen, como um dos precursores
da história literária do Brasil; seu trabalho original é, assim, de pouco
valor, mas suas pesquisas fizeram com se preservassem as produções dos autores
coloniais, até então dispersas e difíceis de encontrar.
Na revista do IHGB colaborou na seção "Biografias de brasileiros distintos ou de indivíduos ilustres que bem servissem o Brasil", nela introduzindo biografias de mulheres brasileiras que a seguir reuniu na sua obra Brasileiras Célebres. Foi ali quem primeiro propôs o ingresso de mulheres na entidade, sem sucesso entretanto.
Personalidade típica do século XIX
brasileiro: depois dos primeiros estudos, dedicou-se espontaneamente ao
trabalho intelectual, foi pesquisador assíduo e escreveu obras de diversos
gêneros: da corografia à história, da biografia à crítica literária, da poesia
lírica ao teatro, do conto ao romance, da crônica jornalística ao ensaio, dos
estudos linguísticos às traduções. Foi ele o primeiro autor brasileiro a
projetar uma História da Literatura Brasileira, cujos capítulos publicou aos
poucos na imprensa de seu tempo. Essa História ficou inacabada e só recentemente
teve seus capítulos reunidos em livro, de acordo com o projeto do autor. Duas
edições diferentes se fizeram desses textos: uma, pelo professor Roberto
Acízelo de Souza, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sob o
título História da Literatura Brasileira e Outros Ensaios (Rio de Janeiro: Zé
Mário, 2002); a outra, pelos professores José Américo Miranda e Maria Cecília
Boechat, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob o título Capítulos
de História da Literatura Brasileira e Outros Estudos (Belo Horizonte:
Faculdade de Letras da UFMG, 2001). A maior parte dos capítulos dessa História,
Joaquim Norberto os publicou na Revista Popular, noticiosa, científica, industrial,
histórica, literária, artística, biográfica, anedótica, musical, etc., etc. –
periódico que circulou no Rio de Janeiro entre 1859 e 1862.
Nas páginas dessa mesma revista, deixou ele inúmeras outras contribuições, muitas vezes assinando as matérias com pseudônimos. A propósito desses disfarces, Almir Câmara de Matos Peixoto (1951: 75-76), estudioso de sua obra, diz o seguinte: Às vezes, quebrava-se, em Norberto, a austeridade do homem exato, e prevalecia o tom de gracejo. É feição curiosa de seu espírito. [...] Nessas ocasiões – é assinalável – encobria sua identidade (tal, como ao não pretender responsabilizar-se muito por certos trabalhos). A mesma face não servia para o homem sério e o gracejador, para o papel em que resolvera realizar, socialmente, a sua personalidade e o que intimamente a ele se opunha.
A face social que o escritor se impunha era a de intelectual civilizador, todo posto ao serviço da criação do Brasil e da Literatura Brasileira. Joaquim Norberto foi historiador (escreveu uma História da Conjuração Mineira), foi historiador literário e foi talvez o mais importante editor de textos literários do seu século. Além de antologias, em que procurava reunir o que havia de mais importante na literatura brasileira, tanto de seu tempo como do passado colonial, cuidou ele de pesquisar, escrever biografias e editar as obras completas de numerosos poetas: Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga, Gonçalves Dias, Laurindo Rabelo, Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.
Sua outra faceta, mais leve e dada ao bom humor, ele a cultivou com frequência, mas sob o disfarce dos pseudônimos. Só na Revista Popular, utilizou os seguintes, já identificados: Fluviano, Achimbert, Inerto Zailva e Jonor Achimbert (esses últimos, anagramas e combinações diversas das letras e dos nomes Joachim ou Ioachim, Norberto, Souza e Silva).
Provavelmente o ocultam, também, os pseudônimos Guanabarino, Américo Brasilino, Brasílico, Brasilíaco e Sebastianopolino. A propósito da sugestão nacionalista desses nomes, deve-se lembrar que Joaquim Norberto deu a dois de seus filhos os nomes de Armando Fluviano e Oscar Guanabarino. (Cf. Souza 2002: 25).
A obra que ora editamos foi publicada
por Fluviano e é um curioso caso de mistura de gêneros literários, assim como
de união entre pesquisa histórica e literatura, seriedade e humor. Informações
históricas reunidas por pesquisas minuciosas e precisas ganham, no texto da
“Palestra Brasileira”, uma moldura ficcional que arremata o senso de humor que perpassa
as próprias notas históricas e os critérios de sua classificação.
Em outra peça publicada na Revista Popular, intitulada “Os homens célebres de todos os tempos e de todos os países – Dicionário biográfico universal”, Fluviano se incluiu no dicionário com o seguinte verbete: “Fluviano: Nulidade entre as notabilidades deste dicionário.” (Silva 1862: 261).
BIBLIOGRAFIA DO AUTOR
Registros de sua produção dão conta de cerca de oitenta títulos, dos quais aquela de maior valor é o "História da Conjuração Mineira"; seus textos variam enormemente indo da poesia ao teatro, do romance à história.
Produziu algumas peças, das quais apenas uma foi encenada: "Amador Bueno ou a fidelidade paulistana" com cinco atos, levada aos palcos por João Caetano em 1846.
Era membro do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro (IHGB), entidade que presidiu de 1886 até sua morte. Faleceu
em Niterói, 14 de maio de 1891.
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