Uma antiga tradição relata a história de como os corpos dos magos que visitaram o Menino Jesus terminaram sua viagem encontrando repouso na Catedral de Colônia, num túmulo talhado a ouro. Depois de terem visitado Jesus Cristo, o apóstolo São Tomé tê-los-á batizado para que pudessem participar na expansão da fé cristã, de acordo com os relatos de São João Crisóstomo (arcebispo da Constantinopla no século I) no livro “Patrologia Grega”.
A
história se encontra no livro do século XIV, de John of Hildesheim, “Historia
Trium Regum” (“História dos três reis”). John afirma que Baltasar, Melchior e
Gaspar eram da Índia, Pérsia e Caldeia (atualmente Irã e Iraque). Iniciaram sua
viagem de forma separada, se reuniram em Jerusalém e depois continuaram juntos
até Belém. Depois de adorar Jesus, voltaram juntos à Índia, onde construíram
uma igreja e, após uma visão que lhes revelou que sua vida terrena estava a
ponto de terminar, faleceram ao mesmo tempo e foram enterrados em sua igreja na
Índia.
Duzentos
anos mais tarde, segundo o autor, Santa Helena, mãe do imperador Constantino,
viajou à Índia e recuperou seus corpos. Depositou-os em um túmulo belíssimo e o
colocou na grande igreja de Santa Sofia, em Constantinopla. No final do século
VI, o imperador Maurício transportou as relíquias à cidade italiana de Milão.
No
século XII, a cidade de Milão se rebelou contra o imperador e este recorreu ao
arcebispo de Colônia, que recuperou Milão para o imperador. Como gesto de
gratidão, o imperador transferiu as relíquias ao arcebispo, que as levou a
Colônia, onde mais tarde se construiria uma catedral gótica para honrá-los. Os
ossos estão lá atualmente, dentro de um belo relicário de ouro.
Em
1864, o relicário foi aberto e descobriram os esqueletos de três homens. É
possível que estes sejam os restos dos três reis magos que adoraram Jesus, ou
seriam apenas três esqueletos anônimos que se fizeram passar pelos magos no início
da Idade Média?
Há
algumas pistas intrigantes. Um esqueleto pertence a um homem jovem, outro a um
homem de meia-idade e outra a um idoso. Um mosaico do século VI em Ravena, que
representa os três magos, mostra precisamos homens com estas características.
Este detalhe coincide, mas o que acontece com o resto da história.
O
relato de John of Hildesheim sobre a origem dos reis magos se baseia em lendas
anteriores, dos séculos V e VI. Ao pesquisar sobre a história dos reis magos, é
possível encontrar abundantes histórias locais e lendas da Idade Média que
chegam à Pérsia, Índia e até China. Brent Landau, erudito do Novo Testamento,
traduziu um manuscrito sírio do século VIII que ele considera ter sua origem em
tradições muito anteriores.
No
entanto, a investigação de Landau só destaca a existência de numerosas e
diferentes versões da história dos magos no começo da Idade Média. Cada lenda
fala de um lugar de origem e dá um nome diferente aos reis. De todos os
personagens do Novo Testamento, os mais polêmicos são os reis magos, pelas
histórias, lendas e mitos milagrosos sobre eles. Todos os antigos cristãos do
Paquistão, China, Etiópia, Pérsia e Ásia Central garantem ser descendentes
deles.
De
fato, não temos praticamente nenhuma evidência específica arqueológica ou
textual que explique quem eram os reis magos nem de onde eles vinham. O
Evangelho de Mateus narra somente que “chegaram do Oriente”, enquanto os
primeiros críticos das Escrituras diferem. Alguns sugerem que os magos vinham
da Pérsia, outros dizem que eram judeus do Iêmen, e alguns ainda afirmam que os
magos eram da Arábia.
Então,
o túmulo da catedral de Colônia tem ou não tem os ossos dos três reis magos? É
quase certo que não. No entanto, esses esqueletos nos conectam, sim, com o
remoto século VI, e com o intrincado tapete de histórias medievais sobre as
mais misteriosas figuras do Novo Testamento.
Moral
da história: o relicário e a catedral de Colônia permanecem como um
enriquecedor testemunho do poder e da inspiração da história de três
misteriosos reis magos que abandonaram tudo para embarcar em uma longa e árdua
viagem para encontrar Jesus Cristo. E, se eles se aventuraram de tal maneira
para descobrir a luz do mundo, nós faríamos muito bem em seguir seu exemplo.
A
Bíblia afirma claramente que os reis levaram ouro, incenso e mirra quando
visitaram Jesus Cristo na manjedoura. As prendas entregas pelos reis nómadas
não são abordadas no documento analisado pelo teólogo Brent Landau, mas todas
elas têm um simbolismo intrínseco. O ouro é um elemento precioso e sempre o
foi: ao oferecer ouro a Jesus, os três reis magos estavam a a sublinhar que o
consideravam “rei dos judeus”. O incenso é, na verdade, a resina de uma árvore
e simboliza a seiva da vida e os aromas com que os crentes costumavam orar.
A mirra é uma erva amarga, produzida por uma árvore pequena do Norte de África. Antigamente, era muito usada para curar feridas no continente africano, mas depois passou a entrar também nas receitas de perfumes e em materiais de embalsamamento no Egito. Mais tarde, quando Jesus foi crucificado, a mirra terá sido usada para embalsamar o seu corpo, de acordo com o livro de João na Bíblia.
FONTE:
https://pt.aleteia.org/2016/01/07/onde-estao-as-reliquias-dos-tres-reis-magos/
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