Shakespeare foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época. No entanto a sua celebridade só viria a atingir o nível em que se encontra, a partir do século XIX. Os românticos, especialmente, aclamaram a genialidade de Shakespeare, e os vitorianos idolatraram-no como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw chamava de "bardolatria". No século XX sua obra foi adotada e redescoberta repetidamente por novos movimentos, tanto na academia e quanto no desempenho. Suas peças permanecem extremamente populares hoje em dia e são estudadas, encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos, por todo o mundo.
WILLIAM SHAKESPEARE nasceu em Stratford-upon-Avon, em 26 de abril 1564
e faleceu em Stratford-upon-Avon em 23 de abril de 1616, foi um poeta,
dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais
influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente de poeta nacional da
Inglaterra e de "Bardo do Avon" (ou simplesmente The Bard, "O
Bardo"). De suas obras, incluindo aquelas em colaboração, restaram até os
dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e mais
alguns versos esparsos, cujas autorias, no entanto, são ainda disputadas. Suas
peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais
encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos de seus textos e temas
permanecem vivos até os nossos dias, sendo revisitados com frequência,
especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura.
Shakespeare nasceu e foi criado
em Stratford-upon-Avon. Aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, com quem teve
três filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Entre 1585 e 1592 William
começou uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos
proprietários da companhia de teatro chamada Lord Chamberlain's Men, mais tarde
conhecida como King's Men. Acredita-se que ele tenha retornado a Stratford em
torno de 1613, morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida
privada de Shakespeare, e existem muitas especulações sobre assuntos como a sua
aparência física, sexualidade, crenças religiosas, e se algumas das obras que
lhe são atribuídas teriam sido escritas por outros autores.
Shakespeare produziu a maior
parte de sua obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente
comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos, gêneros que ele
levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A
partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608, incluindo
Hamlet, Rei Lear e Macbeth, consideradas algumas das obras mais importantes na
língua inglesa. Na sua última fase, escreveu um conjunto de peças classificadas
como tragicomédias ou romances, e colaborou com outros dramaturgos. Diversas de
suas peças foram publicadas, em edições com variados graus de qualidade e
precisão, durante sua vida. Em 1623, John Heminges and Henry Condell, dois
atores e antigos amigos de Shakespeare, publicaram o chamado First Folio, uma
coletânea de suas obras dramáticas que incluía todas as peças (com a exceção de
duas) reconhecidas atualmente como sendo de sua autoria.
Foi em Londres onde se atribui a
Shakespeare seus momentos de maiores oportunidades para destaque. Não se sabe
de exato quando Shakespeare começara a escrever, mas alusões contemporâneas e
registros de performances mostram que várias de suas peças foram representadas
em Londres em 1592. Neste período, o contexto histórico favorecia o
desenvolvimento cultural e artístico, pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro
sob o reinado da rainha Elizabeth I. O teatro deste período, conhecido como
teatro elisabetano, foi de grande importância e primor para os ingleses da alta
sociedade. Na época, o teatro também era lido, e não apenas assistido e
encenado. Havia companhias que compravam obras de autores em voga e depois
passavam a vender o repertório às tipografias. As tipografias imprimiam os
textos e vendiam a um público leitor que crescia cada vez mais. Isso fazia com
que as obras ficassem em domínio público.
Biógrafos sugerem que sua
carreira deve ter começado em qualquer momento a partir de meados dos anos
1580. Ao lado do The Globe, haveria um matadouro, onde aprendizes do açougue
deveriam trabalhar. Ao chegar em Londres, há uma tradição que diz que
Shakespeare não tinha amigos, dinheiro e estava pobre, completamente arruinado.
Segundo um biógrafo do século XVIII, ele foi recebido pela companhia, começando
num serviço pequeno, e logo fora subindo de cargo, chegando provavelmente à
carreira de ator. Há referências que apresentam Shakespeare como um cavalariço.
Ele dividiria seu emprego entre tomar conta dos cavalos dos espectadores do
teatro, atuar no palco e auxiliar nos bastidores. Segundo Rowe, Shakespeare
entrou no teatro como ponto, encarregado de avisar os atores o momento de
entrarem em cena. O então cavalariço provavelmente tinha vontade mesmo era de
atuar e de escrever.
Seu talento limitante como ator
teria o inspirado a conhecer como funcionava o teatro e seu poeta interior foi
floreando, floreando, foi lembrando-se dos textos dos mestres dramáticos da
escola, e começou a experimentar como seria escrever para o teatro. Desde 1594,
as peças de Shakespeare foram realizadas apenas pelo Lord Chamberlain's Men.
Com a morte de Elizabeth I, em 1603, a companhia passou a atribuir uma patente
real ao novo rei, James I da Inglaterra, mudando seu nome para King's Men
(Homens do Rei).
Todas as fontes marcam o ano de
1599 como o ano da fundação oficial do Globe Theatre. Fundado por James
Burbage, ostentava uma insígnia de Hércules sustentando o globo terrestre.
Registros de propriedades, compras, investimentos de Shakespeare o tornou um
homem rico. William era sócio do Globe, um edifício que tinha forma octogonal,
com abertura no centro. Não existia cortina e, por causa disso, os personagens
mortos deveriam ser retirados por soldados, como mostra-se em Hamlet. Inclusive,
todos os papéis eram representados pelos homens, sendo os mais jovens os
encarregados de fazerem papéis femininos. Em 1597, fontes dizem que ele comprou
a segunda maior casa em Stratford, a New Place. De 1601 a 1608, especula-se que
ele esteve motivado para escrever Hamlet, Otelo e Macbeth. Em 1613, O Globe
Theatre foi destruído pelo fogo. Alguns biógrafos dizem que foi durante a
representação da peça Henry VIII.
Shakespeare teria estado bem
cansado e por esse motivo resolveu desligar-se do Globe e voltar para
Stratford, onde a família o esperava.
PRINCIPAIS OBRAS
Comédias
Trabalhos de Amores Perdidos –
1590
A Comédia dos Erros – 1591
Os Dois Cavalheiros de Verona –
1591
Sonho de uma Noite de Verão –
1594
O Mercador de Veneza – 1594
A Megera Domada – 1594
Noite de Reis – 1599
As Alegres Comadres de Windsor –
1599
Muito Barulho por Nada – 1600
Medida por Medida – 1604
Péricles, Príncipe de Tiro – 1604
Conto do Inverno – 1610
Cimbelino – 1611
A Tempestade – 1611
Tragédias
Tito Andrônico – 1592
Romeu e Julieta – 1592
Júlio César – 1599
Hamlet – 1599 (eBook)
Tróilo e Créssida – 1602
Otelo, o Mouro de Veneza – 1604
Rei Lear – 1605
Macbeth – 1606
Antônio e Cleópatra – 1607
Coriolano – 1608
A Tempestade – 1611
Dramas históricos
Rei João
Ricardo II
Ricardo III
Henrique IV, Parte 1
Henrique IV, Parte 2
Henrique V
Henrique VI, Parte 1
Henrique VI, Parte 2
Henrique VI, Parte 3
Henrique VIII
Eduardo III
SONETO “Ser ou não ser” – Hamlet, Ato 3 Cena 1
Ser ou não ser, eis a questão. Acaso
É mais nobre a cerviz curvar aos golpes
Da ultrajosa fortuna, ou já lutando
Extenso mar vencer de acerbos males?
Morrer, dormir, não mais. E um sono apenas,
Que as angústias extingue e à carne a herança
Da nossa dor eternamente acaba,
Sim, cabe ao homem suspirar por ele.
Morrer, dormir. Dormir? Sonhar, quem sabe!
Ai, eis a dúvida. Ao perpétuo sono,
Quando o lodo mortal despido houvermos,
Que sonhos hão de vir? Pesá-lo cumpre.
Essa a razão que os lutuosos dias
Alonga do infortúnio. Quem do tempo
Sofrer quisera ultrajes e castigos,
Injúrias da opressão, baldões do orgulho,
Do mal prezado amor choradas mágoas,
Das leis a inércia, dos mandões a afronta,
E o vão desdém que de rasteiras almas
O paciente mérito recebe,
Quem, se na ponta da despida lâmina
Lhe acenara o descanso? Quem ao peso
De uma vida de enfados e misérias
Quereria gemer, se não sentira
Terror de alguma não sabida cousa
Que aguarda o homem para lá da morte,
Esse eterno país misterioso
Donde um viajor sequer há regressado?
Este só pensamento enleia o homem;
Este nos leva a suportar as dores
Já sabidas de nós, em vez de abrirmos
Caminho aos males que o futuro esconde,
E a todos acovarda a consciência.
Assim da reflexão à luz mortiça
A viva cor da decisão desmaia;
E o firme, essencial cometimento,
Que esta ideia abalou, desvia o curso,
Perde-se, até de ação perder o nome.
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