Albert
Camus foi galardoado ainda novo com o Nobel da Literatura. Tinha apenas 44 anos
quando foi distinguido. Com o futuro pela frente, menos de dois anos volvidos,
o escritor francês morreu num acidente de viação, em França. Apesar de
desaparecido precocemente, é hoje um dos maiores nomes da literatura francesa e
mundial, pelo seu pensamento visionário e um caminho excepcional. Com oito
milhões de cópias vendidas, "O Estrangeiro", primeiro livro publicado
em 1942 e traduzido em 40 línguas, é o seu best-seller absoluto.
Teve
um trabalho profícuo incluindo peças de teatro, novelas, notícias, filmes,
poemas e ensaios, onde ele desenvolveu um humanismo baseado na consciência do
absurdo da condição humana e na revolta como uma resposta a esse absurdo.
A
sua dissertação de mestrado foi sobre neoplatonismo e a sua tese de
doutoramento, assim como a de Hannah Arendt, foi sobre Santo Agostinho.
Em
1938, Camus ajudou a fundar o jornal Alger Républicain e durante a Segunda
Guerra Mundial, até 1947, colaborou no jornal Combat, além de ter colaborado no
jornal Paris-Soir.
Albert
Camus nasceu em Mondovi, 07 de novembro de 1913 (Mondovì é uma comuna italiana
da região do Piemonte, província de Cuneo) e faleceu em Villeblevin, 4 de
janeiro de 1960 (Villeblevin é uma comuna francesa na região administrativa de
Borgonha-Franco-Condado, no departamento de Yonne).
A
curta carreira de Camus como jornalista do Combat foi ousada. Atuando como
periodista, ele tomou posições incisivas em relação à Guerra de Independência
Argelina e ao Partido Comunista Francês. Ao longo de sua carreira, Camus
envolveu-se em diversas causas sociais, protestando veementemente contra as
desigualdades que atingiam os muçulmanos no Norte de África, defendendo os
exilados espanhóis antifascistas e as vítimas do stalinismo. Ele ainda foi um
entusiasmado defensor da objeção de consciência.
À
margem de outras correntes filosóficas, Camus foi, sobretudo uma testemunha de
seu tempo. Intransigente, recusou qualquer filiação ideológica. Lutou
energicamente contra todas as ideologias e abstrações que deturpavam a natureza
humana. Dessa maneira, ele foi levado a opor-se ao existencialismo e ao
marxismo, discordando de Jean-Paul Sartre e de seus antigos amigos. Camus
incorporou uma das mais elevadas consciências morais do século XX. O humanismo
de seus escritos foi fundamentado na experiência de alguns dos piores momentos
da história. A sua crítica ao totalitarismo soviético rendeu-lhe diversas
retaliações e culminou na desavença intelectual com seu antigo colega Sartre.
Albert
Camus nasceu na costa da Argélia, numa localidade chamada Mondovi (hoje
denominada Dréan), durante a ocupação francesa, numa família pied-noir. O seu
pai, Lucien Auguste Camus (1885-1914), era francês nascido na Argélia e a sua
mãe, Catherine Hélène Sintès (1882-1960), também nascida na Argélia, era de origem
minorquina (Sant Lluís). Camus conheceu cedo o gosto amargo da morte: o seu pai
morreu em 1914, na batalha do Marne, durante a Primeira Guerra Mundial. A sua
mãe então foi obrigada a mudar-se para Argel, para a casa de sua avó materna,
no famoso bairro operário de Belcourt onde, anos mais tarde, durante a guerra
de descolonização da Argélia, houve um massacre de muçulmanos.
O
período de sua infância, apesar de extremamente pobre, é marcado por uma
felicidade ligada à natureza, que ele volta a narrar em O Avesso e o Direito,
mas também em toda a sua obra. Na casa, moravam, além do próprio Camus, o seu
irmão que era um pouco mais velho, a sua mãe, a sua avó e um tio um pouco
surdo, que era tanoeiro, profissão que Camus teria seguido se não fosse pelo
apoio de um professor da escola primária Louis Germain, que viu naquele pequeno
pied-noir um futuro promissor. Ao princípio, a sua família não via com bons
olhos o fato de Albert Camus seguir para a escola secundária, sendo pobre. O
próprio Camus diz que tomar essa decisão foi difícil para ele, pois sabia que a
família precisava da renda do seu trabalho. Portanto, ele deveria ter uma
profissão que logo trouxesse frutos - como a profissão do seu tio. No fundo,
Camus também gostava do ambiente da oficina, onde o tio trabalhava. Há um conto
escrito por ele que tem como cenário a oficina e no qual a camaradagem entre os
trabalhadores é exaltada.
A
sua mãe trabalhava lavando roupa para fora, a fim de ajudar no sustento da
casa. Durante o segundo grau, ele quase abandonou os estudos devido aos
problemas financeiros da família. Neste ponto, outro professor foi fundamental
para que o ganhador do Prêmio Nobel de 1957 seguisse estudando e se graduasse
em filosofia: Jean Grenier. Tanto Grenier quanto o velho mestre Guerin serão
lembrados, posteriormente, pelo escritor. O Homem Revoltado (1951) é dedicado a
Grenier, e Discursos da Suécia (que inclui o discurso pronunciado por Camus, ao
receber o Nobel), a Germain.
Camus
deixou uma inegável contribuição para a literatura e o pensamento
contemporâneo. Sua obra reflete profundamente sobre a condição humana, a
liberdade e a responsabilidade individual, notável em romances como "O
Estrangeiro" e "A Peste". Além disso, sua influência se estendeu
à filosofia, política e arte, tornando-o uma figura fundamental cujo legado
perdura.
A
banda de heavy metal americana Avenged Sevenfold afirmou que seu álbum
"Life Is But A Dream..." foi inspirado na obra de Camus.
Albert
Camus também serviu de inspiração para o Cavaleiro de Ouro Aquarius Camus no
anime e mangá clássico Cavaleiros do Zodíaco.
HOMENAGENS
Em Tipasa (Argélia), foi erigida em 1961 uma estela em
homenagem a Albert Camus, dentro das ruínas romanas, de frente para o mar e
para o monte Chenoua, com esta frase em francês extraída de sua obra Noces à
Tipasa : “Entendo aqui o que se chama glória: o direito de amar
desmedidamente" (« Je comprends ici ce qu'on appelle gloire : le droit d'aimer
sans mesure. »).
O Correio francês publicou um selo com sua efígie em 26
de junho de 1967.
Obras
•Révolte dans les Asturies (Revolta nas Astúrias), 1936,
Ensaio de criação coletiva
•L'Envers et l'Endroit (O Avesso e o Direito), 1937,
Ensaio
•Noces (Núpcias), 1939 antologia de ensaios e impressões
•Réflexions sur la Guillotine (Reflexões sobre a
Guilhotina), 1947
•L'Étranger (O estrangeiro), 1942, romance
•Le Mythe de Sisyphe (O mito de Sísifo), 1942, ensaio
sobre o absurdo
•Les justes (Os justos), Peça em 5 atos, Editor
Gallimard, Folio teatro, 2008, ISBN 2-07-033731-6
•Le Malentendu (O malentendido), 1944, Peça em três atos.
•Lettres à un ami allemand (Cartas a um amigo alemão),
publicadas com o pseudônimo de Louis Neuville, Editor Gallimard, collection
folio ISBN 2-07-038326-1
•Caligula (Calígula) (primeira versão em 1941), Peça em 4
atos.
•La peste (A peste), Editor Gallimard, Coleção Folio,
1972, ISBN 2-07-036042-3
•L'État de siège (Estado de sítio), (1948), Espetáculo em
três partes.
•L'Artiste en prison (O Artista na prisão), 1952 prefácio
sobre Oscar Wilde.
•"Actuelles (Atuais) I, Crônicas, 1944-1948",
1950
•"Actuelles (Atuais) II, Crônicas, 1948-1953
•L’homme révolté (O homem revoltado)
•L'Été (O Verão), 1954, Ensaio.
•Requiem pour une nonne (Réquiem para uma freira)
•La chute (A queda), Editor Gallimard, Coleção Folio,
1972, ISBN 2-07-036010-5
•L'Exil et le Royaume (O exílio e o reino), Gallimard,
1957 contos (La Femme adultère (A mulher adúltera), Le Renégat (O Renegado),
Les Muets (Os Mudos), L'Hôte (O Hóspede), Jonas.
•La Pierre qui pousse (A Pedra que brota).
•Os discursos da Suécia (publicado juntamente com O
avesso e o direito)
•Carnets I (Cadernetas I), maio 1935-fevereiro 1942, 1962
•Carnets II (Cadernetas II), janeiro 1942-março 1951,
1964
•Carnets III (Cadernetas III), março 1951-dezembro 1959
•La Postérité du soleil, photographies de Henriette
Grindat. Itinéraire par René Char (A posteridade do Sol, fotografias de
Henriette Grindat. Itinerário por René Char, edições E. Engelberts, 1965, ASIN
B0014Y17RG - nova edição Gallimard, 2009
•Les possédés (Os possessos), 1959, adaptação ao teatro
do romance de Fiódor Dostoiévski
•Résistance, Rebellion, and Death (Resistência, Rebelião
e Morte)
•Le Premier Homme (O primeiro homem), Gallimard, 1994,
publicado por sua filha, romance inacabado
•La mort heureuse (A morte feliz)
•Albert Camus, Maria Casarès. Correspondance inédite
(1944-1959). Avant-propos de Catherine Camus, Gallimard, Collection Blanche,
2017, ISBN 9782072746161
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