Caros foculistas, eu
tinha que compartilhar com vocês, a minha alegria em ganhar o valioso presente,
a obra "A arte da vida" do filósofo Zygmunt Bauman, o qual me foi
ofertado com afabilidade, amizade e polidez, adjetivos que são peculiar no
poeta Ronald Gregório.
O livro expõe uma mostra das qualidades sob as quais
as pessoas propõem seus planos de vida, dos obstáculos que podem ser impostos a
essas escolhas e do entrelaçamento de planejamento, eventualidade e costume que
molda sua prática. A obra também faz um estudo de como a sociedade
contemporânea de consumidores, líquida e individualizada, pode influenciar a
forma como as pessoas constroem e narram suas trajetórias. Portanto, é de certa forma uma obra incomum e que indico a todos
vocês, que sempre nos acompanha nas páginas dessa revista cultural.
SINOPSE DO LIVRO "A ARTE DA
VIDA" DE ZYGMUNT BAUMAN
O que há de errado com a felicidade?
A pergunta pode desconcertar, e é essa a intenção de Zygmunt Bauman. Um dos
mais originais e influentes pensadores em atividade, Bauman reflete, neste novo
livro, sobre os parâmetros que norteiam nossa busca pela felicidade, busca que,
muitos concordarão, preenche a maior parte de nossas vidas.
Na sociedade atual, somos levados a
acreditar que o propósito da arte da vida pode e deve ser a felicidade, embora
não seja claro o que ela é. A imagem de um estado de felicidade muda
constantemente, e permanece como algo ainda a ser atingido.
Espera-se, acertadamente, ou não,
que todos nós daremos sentido e forma às nossas vidas usando nossos próprios
recursos, mesmo se não tivermos as ferramentas mais adequadas. E somos
elogiados ou censurados pelos resultados, o que alcançamos ou deixamos de
alcançar.
A ARTE DA VIDA não é um catálogo de opções de vida nem um guia
prático. O que se espera para a vida e como alcançá-lo é, necessariamente, uma
responsabilidade individual. Esse livro é antes uma exposição brilhante das
condições sob as quais escolhemos nossos projetos de vida, das limitações que
podem ser impostas a essas escolhas e do entrelaçamento de planejamento,
casualidade e caráter que molda sua prática. Não menos importante esse é também
um estudo de como nossa sociedade, a sociedade moderna de consumidores, líquida
e individualizada – influencia a forma como construímos e narramos nossas
trajetórias.
TRECHOS DO LIVRO "A ARTE DA
VIDA" DE ZYGMUNT BAUMAN
O advento da busca da felicidade
como principal motor do pensamento e ação humanos prenuncia para alguns, embora
também ameace para outros, uma verdadeira revolução cultural, mas também social
e econômica.
Culturalmente, ele pressagia,
sinaliza ou acompanha a passagem da rotina perpétua à inovação constante, da
reprodução e retenção daquilo "que sempre foi" ou "que sempre se
teve" para a criação e/ou apropriação daquilo "que nunca foi" ou
"nunca se teve"; de "empurrar" para "puxar", da
necessidade para o desejo, da causa para o propósito.
Socialmente, coincide com a
passagem da regra da tradição para a "fusão dos sólidos e a profanação do
sagrado".
Economicamente, desencadeia a
mudança da satisfação de necessidades para a produção dos desejos.
Se o "estado de
felicidade" como motivo de pensamento e ação foi essencialmente um fator
de conservação e estabilização, a "busca da felicidade" é uma poderosa
força desestabilizadora.
Para as redes de vínculos
inter-humanos e seus ambientes sociais, assim como para os esforços humanos de
autoidentificação, ela é de fato o anticongelante mais eficaz. Pode muito bem
ser considerado o principal fator psicológico do complexo causal responsável
pela passagem da fase "sólida" para a fase "líquida" da
modernidade.
Sobre o impacto psicológico da
"busca da felicidade" promovida simultaneamente, ao status de
direito, dever e propósito maior da vida, Tocqueville tinha a dizer o seguinte:
Eles [os americanos] estão
acostumados a vê-la de perto o bastante para conhecer seus encantos, mas não se
aproximam o suficiente para usufruí-la, e estarão mortos antes de terem provado
plenamente os seus prazeres... [Essa] é a razão da estranha melancolia que
frequentemente assombra os habitantes das democracias em meio à abundância, e
daquele desgosto pela vida que por vezes toma conta deles em condições de calma
e tranquilidade.(....)
Na Idade Média, foi elevada à
categoria de principal objetivo e preocupação suprema dos mortais, e empregada
para promover os valores espirituais acima dos prazeres da carne - assim como
para explicar (e, esperava-se, afastar pela argumentação) a dor e a miséria da
breve existência terrena como o prelúdio necessário e, portanto, bem-vindo do
interminável êxtase do pós-vida.
Com o advento da era moderna,
retornou com nova roupagem: a da futilidade dos interesses e preocupações
individuais, que se provou serem de duração abominavelmente curta, além de
efêmeros e inconstantes quando justapostos aos interesses do "todo
social" - a nação, o Estado, a causa...
...Mas com a fórmula da felicidade
que eleva o "estar na frente" à categoria de princípio orientador,
com indivíduos esmagados por uma "sede de excitação e uma decrescente
disposição de se ajustar aos outros, subordinar-se ou abrir mão, "como é
possível que dois indivíduos que desejam ser ou se tornar iguais e livres descubram
o terreno comum no qual seu amor pode crescer?", indagam Ulrich Beck e
Elisabeth Beck-Gernsheim.
UM POUCO SOBRE ZYGMUNT BAUMAN
Zygmunt Bauman nasceu em Poznań, Polônia,
19 de novembro de 1925 e faleceu em Leeds, Reino Unido, 9 de janeiro de 2017 foi
um sociólogo e filósofo polonês, professor emérito de
Biografia
Nascido em uma família de judeus
poloneses não praticantes, ele e seus familiares transferiram-se para a União
Soviética após a invasão e anexação da Polônia (1939) por forças alemãs e
soviéticas (então aliadas nos termos do Tratado Germano-Soviético).
Durante a Segunda Guerra Mundial,
Bauman serviu ao Primeiro Exército Polonês, controlado pelos soviéticos,
atuando como instrutor político. Participou das batalhas de Kolberg (atual
Kołobrzeg) e de Berlim. Em maio de 1945, foi condecorado com a Cruz de Valor.
Conheceu sua esposa, Janine Bauman, nos acampamentos de refugiados polacos.
Ao longo dos anos 1940 e 1950,
Bauman foi um entusiasmado militante do Partido Operário Unificado Polaco, o
partido comunista da Polônia. Segundo o Instituto da Memória Nacional da
Polônia, entre 1945 e 1953 Bauman era oficial do Corpo de Segurança Interna (em
polonês, Korpus Bezpieczeństwa Wewnętrznego, KBW), uma unidade militar especial
formada na Polônia, sob o governo stalinista, para combater os ucranianos
nacionalistas insurgentes e os remanescentes do Armia Krajowa, a principal
organização da resistência da Polônia à ocupação do país, durante a Segunda
Guerra.
Mais tarde, entre 1945 e 1948,
Bauman trabalhou para a inteligência militar, embora a natureza e a extensão de
suas atividades sejam desconhecidas, assim como as circunstâncias sob as quais
que ele abandonou tais atividades.
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