O
texto que o leitor lerá a seguir é um resumo do seu livro ““Com Pessoa, estamos
em Pessoa na Pessoa do Mistério”. A obra contém 136 páginas e traz o selo da Editora
Parthenon – Niterói –RJ. O livro veio ao mundo literocultural em 2019 sob a tessitura
diagramática do editor Mauro Carreiro Nolasco.
Leia
a íntegra do escrito.
Qualquer
Poeta é, sempre, um universo de mistérios irrevelados. Ser diferente, seduzido pelos enigmas da
existência, o Poeta se acerca, com perceptivas antenas, dos fatos da vida.
Sobretudo no caso de Fernando Pessoa, ele vai muito além desse desnudamento essencial,
dramatizado no ato poético.
Pessoa
tenta mostrar, no seu “ver” singular – estranho ao código social – a intimidade
profunda das coisas. Na contingência da palavra, tenta traduzir o
"pathos" da condição humana em experiências-limite. Agencia, assim,
signos que se abrem, polissêmicos, ao imaginário em situações simbolizadoras.
De
fato, Fernando Pessoa extrapola parâmetros. Elide fronteiras pelo seu
enigmático ver mais, na consciência de ser “plural como o universo”. Em sede de
excedência, por muito vislumbrar, ele se estraçalha ritualisticamente, na
multiplicidade de “eus” – a ponto de não suportar a faísca prometeica do
conhecimento, segundo diz: “Sei a verdade, enfim, do Ser que existe. / Prouvera
a Deus que eu não soubesse tanto!”.
Pessoa pensa o peso da revelação do Mistério
Maior. E compensa, pela Poesia, as originárias causas de sua angústia de raízes
metafísicas mais profundas. Ao fazer da vida, a Arte, e, da Arte, a vida – nos
acordes da lírica moderna para a qual canto é existência entrelaçada – o genial
Pessoa espelha em seus escritos, as mais provocadoras questões da condição
humana. E, consequentemente, da Arte. E ele o fez de maneira peculiar,,
deixando, em tudo, o mistério falar e, ao mesmo tempo, calar.
Ao
estilhaçar a fronteira ficção-realidade, a vida de Pessoa e o universo das
máscaras modelam-se no território do irrespondido. No vitral de seus “eus”
fraturados, montam-se e desmontam-se as contas da mesma luz: o apelo à
transcendência.
Em
perpétuo escamoteio, dissimula-se e clareia-se o eterno desejo de o Homem
tentar decifrar o Para Quê e o Porquê do Labirinto da Existência. Homem, ébrio
do além, na nostalgia do divino, do infinito, mas preso ao aquém da finitude,
demandando a fresta salvadora para a possível redenção.
Ser
descontínuo, perscrutador de essências, orgulhoso de sua missão, em busca
solitária, Fernando Pessoa quer “Sentir tudo excessivamente, / Porque todas as
coisas são, em verdade, excessivas”, como proclama no timbre amplo e
revolucionário do heterônimo Álvaro de Campos.
Ou,
ainda, quando se expõe na fala epicurista de Ricardo Reis: “PARA SER GRANDE, sê
inteiro: nada / Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa.”.Ansiando a
cósmica comunhão para ser inteiro no Ser, toda a poética pessoana pendula a
ânsia do transfinito.
Isso
se dá a ler quer na temática da viagem, no retorno à infância e à mãe (física,
à terra natal, à saudosa pátria de um país distante), quer no horaciano
"carpe diem" da fruição do momento no tempo transitório, quer na
obsessiva presença do mistério, na fascinação e repulsão pela loucura e pela
morte, ou nos poemas de esotérica iniciação.
De
fato, em tudo, ele alegoriza a constante procura da união totalizadora:
infância, morte, cosmo, caos originários. Mudam-se os tons nas faces representadas
em suas diferentes máscaras heterômicas, mas o risco do traçado e do bordado é
sempre o mesmo com outros atavios.
TEXTO
DE DALMA NASCIMENTO
Extraído
de sua página no Facebook:
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UM
POUCO SOBRE FERNANDO PESSOA
FERNANDO
PESSOA poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas
tradicionais de Portugal e ao seu lirismo saudosista. Foi um dos mais
importantes poetas da língua portuguesa e personalidade central do Modernismo
português. O escritor foi vários poetas ao mesmo tempo, pois, criou heterônimos,
poetas com personalidades próprias que escreveram sua poesia e, com eles
procurou detectar, sob vários ângulos, os dramas do homem de seu tempo.
Fernando
Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 13 de junho de 1888.
Era filho de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, que era crítico
musical, e de Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores.
Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade.
Seu
padrasto era o comandante militar João Miguel Rosa, que foi nomeado cônsul de
Portugal em Durban, na África do Sul. Acompanhando a família Fernando Pessoa
seguiu para a África do Sul, onde recebeu educação inglesa no colégio de freiras
e na Durban High School.
Em
1901, Fernando Pessoa escreveu seus primeiros poemas em inglês. Com 16 anos já
havia lido os grandes autores da língua inglesa, como William Shakespeare, John
Milton e Allan Poe.
Em
1902 a família voltou para Lisboa. Em 1903 Fernando Pessoa retornou sozinho
para a África do Sul e frequentou a Universidade de Capetown (Cabo da Boa
Esperança).
Pessoa
regressou a Lisboa em 1905 e matriculou-se na Faculdade de Letras, porém deixou
o curso no ano seguinte. A fim de dispor de tempo para laer e escrever, recusou
vários bons empregos. Só em 1908 passou a trabalhar como tradutor autônomo em
escritórios comerciais.
Em
1912, Fernando Pessoa estreou como crítico literário na revista “Águia” e como
poeta em “A Renascença” (1914). A partir de 1915 liderou o grupo mentor da
revista “Orpheu”, entre eles, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Luís de
Montalvor, Almada-Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho.
A
revista foi a porta-voz dos ideais de renovação futurista desejados pelo grupo,
defendendo a liberdade de expressão, numa época em que Portugal atravessava uma
profunda instabilidade político-social da primeira república. Nessa época,
criou seus heterônimos principais.
A
revista Orpheu teve vida curta, mas enquanto durou, Fernando Pessoa publicou
poemas que escandalizaram a sociedade conservadora da época. Os poemas “Ode
Triunfal” e “Opiário”, escritos por seu heterônimo Álvaro de Campos, provocaram
reações violentas levando os “orfistas” a serem apontados, nas ruas, como
loucos e insanos.
HETERÔNIMOS
DE FERNANDO PESSOA
Fernando
Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo. Tendo sido "plural", como se
definiu, criou personalidades próprias para os vários poetas que conviveram
nele.
Cada
um tem sua biografia e traços diferentes de personalidade. Os poetas, não são
pseudônimos e sim heterônimos, isto é, indivíduos diferentes, cada qual com seu
mundo próprio, representando o que angustiava ou encantava seu autor:
ALBERTO
CAEIRO
Nasceu
em Lisboa, em 16 de abril de 1889. Órfão de pai e mãe, só teve instrução
primária e viveu quase toda a vida no campo, sob a proteção de uma tia. Poeta
de contato com a natureza, extraindo dela os valores ingênuos com os quais
alimenta a alma.
Para
Caeiro, “tudo é como é”, “tudo é assim como é assim”, o poeta reduz tudo à
objetividade, sem a mediação do pensamento. O poema “O Guardador de Rebanhos”
mostra a forma simples e natural de sentir e dizer desse poeta. Alberto Caeiro
morreu tuberculoso, 1915.
RICARDO
REIS
Nasceu
na cidade do Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. Teve formação em
escola de jesuítas e estudou medicina. Monarquista, exilou-se no Brasil, por
não concordar com a Proclamação da República Portuguesa.
Foi
profundo admirador da cultura clássica, tendo estudado latim, grego e
mitologia. A obra de Reis é a ode clássica, cheia de princípios aristocráticos.
BERNARDO
SOARES
É
um dos heterônimos que o próprio Fernando Pessoa definiu como sendo um
“semi-heterônimo”. É o autor do livro Desassossego.
ÁLVARO
DE CAMPOS
Foi
o mais importante heterônimo de Fernando Pessoa, nasceu no extremo sul de
Portugal, em Tavira, em 15 de outubro de 1890. É o poeta moderno, aquele que
vive as ideologias do século XX. Estudou Engenharia Naval, na Escócia, mas não
podia suportar viver confinado em escritórios.
De
temperamento rebelde e agressivo, seus versos reproduzem a revolta e o
inconformismo, manifestados através de uma verdadeira revolução poética.
Escreveu “Ode Triunfal”, “Ode Marítima” e “Tabacaria”.
FONTE
BIOGRÁFICA:
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