Contista, ensaísta e tradutor, Monteiro Lobato nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles no livro Urupês, sua obra prima como escritor. Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis.
É bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil. Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e ideias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, o sábio sabugo de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outros personagens que fazem parte da famosa obra Sítio do Picapau Amarelo, que até hoje é lido por muitas crianças e adultos.
Escreveu ainda outras obras infantis, como A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, e A Chave do Tamanho. Fora os livros infantis, escreveu outras obras literárias, tais como O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e O Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo, no Brasil, apenas por empresas brasileiras.
José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, 18 de abril de 1882 e faleceu em São Paulo, 4 de julho de 1948. Foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções. Seguido a seu precursor Figueiredo Pimentel ("Contos da Carochinha") da literatura infantil brasileira, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária.
Escreveu um único romance, O Presidente Negro, que não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças, que entre as mais famosas destacam-se Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933) e O Picapau Amarelo (1939).
Criado em um sítio, Monteiro Lobato foi alfabetizado pela mãe Olímpia Augusta Lobato e depois por um professor particular. Aos sete anos, entrou em um colégio. Nessa idade descobrira os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé, dono de uma biblioteca imensa no interior da casa. Leu tudo o que havia para crianças em língua portuguesa. Nos primeiros anos de estudante já escrevia pequenos contos para os jornaizinhos das escolas que frequentou.
Aos onze anos, em 1893, foi transferido para o Colégio São João Evangelista. Ao receber como herança antecipada uma bengala do pai, que trazia gravada no castão as iniciais J.B.M.L., de José Bento Marcondes Lobato, mudou seu nome de José Renato para José Bento, a fim de utilizá-la. Aos 13 anos foi reprovado em português, quando já escrevia para três jornais, aos 14 já dominava o inglês e francês e nessa idade fez o texto Rabiscando, que é a sua redação mais antiga conhecida. Em dezembro de 1896 foi para São Paulo e, em janeiro de 1897, prestou exames das matérias estudadas na cidade natal, mas foi reprovado no curso preparatório e retornou a Taubaté.
Quando
retornou ao Colégio Paulista, fez as suas primeiras incursões literárias como
colaborador dos jornaizinhos Pátria, H2S e O Guarany, sob o pseudônimo de
Josben e Nhô Dito. Passou a colecionar avidamente textos e recortes que o interessavam,
e lia bastante. Em dezembro de 1897, prestou novamente os exames para o curso
preparatório e foi aprovado. Escreveu minuciosas cartas à família, descrevendo
a cidade de São Paulo. Colaborou com O Patriota e A Pátria. Então, se mudou de
vez para São Paulo, e tornou-se estudante interno do Instituto Ciências e
Letras.
No ano seguinte, a 13 de junho de 1898, perdeu o pai, vítima de congestão pulmonar. Decidiu, pela primeira vez, participar das sessões do Grêmio Literário Álvares de Azevedo do Instituto Ciências e Letras. Sua mãe, vítima de uma depressão profunda, morreu no dia 22 de junho de 1899.
Tendo forte talento para o desenho, pois desde menino retrata a Fazenda Buquira, tornou-se desenhista e caricaturista nessa época. Em busca de aproveitar as suas duas maiores paixões, decidiu ir para São Paulo após completar 17 anos.
Seu sonho era estudar belas artes, mas, por imposição do avô, que o tinha como um sucessor na administração de seus negócios, acabou ingressando na Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo de São Francisco. Mesmo assim, seguiu colaborando em diversas publicações estudantis e fundou, com os colegas de sua turma, a "Arcádia Acadêmica", em cuja sessão inaugural fez um discurso intitulado: Ontem e Hoje. Lobato, a essas alturas, já era elogiado por todos como um comentarista original e dono de um senso fino e sutil, de um "espírito à francesa" e de um "humor inglês" imbatível, que carregou pela vida afora. Dois anos depois, foi eleito presidente da Arcádia Acadêmica, e colaborou com o jornal Onze de Agosto, publicação oficial do Centro Acadêmico XI de Agosto, onde escreveu artigos sobre teatro. De tais estudos surgiu, em 1903, o grupo O Cenáculo, fundado junto com Ricardo Gonçalves, Cândido Negreiros, Godofredo Rangel, Raul de Freitas, Tito Lívio Brasil, Lino Moreira e José Antônio Nogueira.
OBRAS LIVROS INFANTIS
O primeiro livro que Lobato lançou foi "A menina do narizinho arrebitado", em 1920, nunca reeditado, exceto em uma pequena edição fac simile em 1981, e hoje considerada uma obra rara tanto a primeira edição quanto a edição fac simile. A maioria das histórias de seus livros infantis se passavam no Sítio do Picapau Amarelo, um sítio no interior do Brasil, tendo como uma das personagens a senhora dona da fazenda Dona Benta, seus netos Narizinho e Pedrinho e a empregada Tia Nastácia. Esses personagens foram complementados por entidades criadas ou animadas pela imaginação das crianças na história: a boneca irreverente Emília e o aristocrático boneco de sabugo de milho Visconde de Sabugosa, a vaca Mocha, o burro Conselheiro, o porco Rabicó e o rinoceronte Quindim.
No
entanto, as aventuras na maioria se passam em outros lugares: ou num mundo de
fantasia inventados pelas crianças, ou em histórias contadas por Dona Benta no
começo da noite. Esses dois universos são interligados para as histórias e
lendas contadas pela avó naturalmente se tornarem cenário para o faz-de-conta,
incrementado pelo dia-a-dia dos acontecimentos no sítio.
COLEÇÃO
SÍTIO DO PICAPAU AMARELO
Selo
postal de 1955 emitido em homenagem a Monteiro Lobato. Atrás dele estão Dona
Benta, Narizinho, Emília e Pedrinho.
Coleção
de obras do autor.
1921
— O Saci
1922
— Fábulas
1927
— As Aventuras de Hans Staden
1930
— Peter Pan
1931
— Reinações de Narizinho
1932
— Viagem ao céu
1933
— Caçadas de Pedrinho
1933
— História do Mundo para as Crianças
1934
— Emília no País da Gramática
1935
— Aritmética da Emília
1935
— Geografia de Dona Benta
1935
— História das Invenções
1936
— Dom Quixote das crianças
1936
— Memórias da Emília
1937
— Serões de Dona Benta
1937
— O Poço do Visconde
1937
— Histórias de Tia Nastácia
1939
— O Picapau Amarelo
1939
— O Minotauro
1941
— A Reforma da Natureza
1942
— A Chave do Tamanho
1944
— Os doze trabalhos de Hércules (dois volumes)
1947
— Histórias Diversas
Outros
livros infantis
Busto
do escritor na praça central do município Monteiro Lobato, São Paulo.
Alguns
foram incluídos, posteriormente, nos livros da série O Sítio do Picapau
Amarelo. Os primeiros foram compilados no volume Reinações de Narizinho, de
1931, em catálogo apenas como tal até os dias atuais.
1920
— A menina do narizinho arrebitado
1921
— Fábulas de Narizinho
1921
— Narizinho arrebitado (incluído em Reinações de Narizinho)
1922
— O marquês de Rabicó (incluído em Reinações de Narizinho)
1924
— A caçada da onça
1924
— Jeca Tatuzinho
1924
— O noivado de Narizinho (incluído em Reinações de Narizinho, com o nome de O
casamento de Narizinho)
1928
— Aventuras do príncipe (incluído em Reinações de Narizinho)
1928
— O Gato Félix (incluído em Reinações de Narizinho)
1928
— A cara de coruja (incluído em Reinações de Narizinho)
1929
— O irmão de Pinóquio (incluído em Reinações de Narizinho)
1929
— O circo de escavalinho (incluído em "Reinações de Narizinho, com o nome
O circo de cavalinhos)
1930
— A pena de papagaio (incluído em Reinações de Narizinho)
1931
— O pó de pirlimpimpim (incluído em Reinações de Narizinho)
1933
— Novas reinações de Narizinho
1938
— O museu da Emília (peça de teatro, incluída no livro Histórias diversas)
1941
— O espanto das gentes (incluído em A Reforma da Natureza)
Tradução
e adaptação de livros infantis
Lobato
também traduziu e adaptou os livros infantis:
Contos
de Grimm,
Novos
Contos de Grimm,
Contos
de Andersen,
Novos
Contos de Andersen,
Alice
no País das Maravilhas,
Alice
no País dos Espelhos,
Robinson
Crusoé,
Contos
de Fadas
Robin
Hood.
Livros
para adultos
O
Saci-Pererê: resultado de um inquérito (1918)
Urupês
(1918)
Problema
vital (1918)
Cidades
mortas (1919)
Ideias
de Jeca Tatu (1919)
Negrinha
(1920)
A
onda verde (1921)
O
macaco que se fez homem (1923)
Mundo
da lua (1923)
Contos
escolhidos (1923)
O
garimpeiro do Rio das Garças (1924)
O
Presidente Negro/O choque das Raças (1926)
Mr.
Slang e o Brasil (1927)
Ferro
(1931)
América
(1932)
Na
antevéspera (1933)
Contos
leves (1935)
O
escândalo do petróleo (1936)
Contos
pesados (1940)
O
espanto das gentes (1941)
Urupês,
outros contos e coisas (1943)
A
Barca de Gleyre (1944)
Zé
Brasil (1947)
Prefácios
e entrevistas (1947)
Literatura
do minarete (1948)
Conferências,
artigos e crônicas (1948)
Cartas
escolhidas (1948)
Críticas
e outras notas (1948)
Cartas
de amor (1948)
Obras
que não foram produzidas
No
decorrer de sua carreira, Monteiro Lobato planejou obras que não chegaram a ser
livros, tais como: O Paraíba, uma ficção científica do Homem sendo visto por
extraterrestre, algo com estilo Dumas ou Paulo de Kock "cheio de ação e
violência", As Aventuras de Pedro Malazartes, Abutre Negro, um romance
histórico sobre o ciclo do ouro, outro sobre Pedro I sobre a marquesa Titila,
Webster-Brasileiro, um romance cômico sobre Quatriênio Hermes e Emília no
Aconcágua, onde a boneca obrigaria o vulcão extinto a causar uma
"erupçãozinha 'própria para menores'".
FONTE:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato
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