quinta-feira, 20 de abril de 2023

CAFÉ A BRASILEIRA É UM DOS CAFÉS MAIS CONHECIDOS E EMBLEMÁTICOS DE LISBOA.

 


Com uma localização central, no Largo do Chiado, de estilo Art Deco, com a sua fachada dourada e verde, abriu as suas portas em 1905. Desde então se tornou uma referência aos intelectuais e à comunidade artística portuguesa.

A BRASILEIRA DO CHIADO, fundada a 19 de Novembro de 1905, na Rua Garrett nº 120-122, no Chiado, é um dos três cafés mais antigos de Lisboa, que atravessaram todo o séc. XX e se mantém aberto. O Edifício na Rua Garrett, n.º 102 a 122 - 1200-273 Lisboa, Portugal onde a Brasileira do Chiado se insere, e que aloja também a Loja David & David, a Pastelaria Bénard, a Livraria Sá da Costa e o Hotel Borges, encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1997.

HISTÓRIA DO CAFÉ

À semelhança dos propósitos originais do seu fundador, e fazendo justiça ao mote original, A Brasileira do Chiado continua a importar café, com especial predominância do Brasil, onde são produzidos alguns dos grãos mais premiados do mundo, pela excelência de todo o processo de produção – do cultivo à torra.

A ORIGEM DA «BICA»

Foi na Brasileira do Chiado que nasceu o termo «bica», que seria, entre as várias versões existentes, a abreviatura de “beba isto com açúcar”, um incentivo para tornar o café (uma novidade naquela época), mais agradável para os clientes, enquanto lhes criava o hábito e marcava um ritual.

Outra versão conta que o nome viria do fato de o café ser servido diretamente nas chávenas a partir das torneiras (ou «bicas») das máquinas onde era feito, porque os clientes consideravam que a passagem intermédia para a cafeteira lhe fazia perder sabor, tendo o termo sido adotado como sinônimo de um café, até hoje.

ADRIANO TELLES, O FUNDADOR

Adriano Teles nasceu em Alvarenga, Arouca onde, curiosamente, Fernando Pessoa, frequentador assíduo do café, também tinha raízes familiares do lado paterno. Ainda jovem, Adriano Teles emigrou para o Brasil, onde fundou um estabelecimento comercial - "Ao Preço Fixo" - que incluía uma casa de câmbios. Dedicou-se à produção agrícola, em particular de café, com o qual enriqueceu nos finais do século XIX.

Regressado a Portugal no início do século XX devido aos problemas de saúde da sua mulher, criou uma rede de pontos de venda do café que produzia e importava do Brasil: as famosas "Brasileiras".

Mas Adriano Telles foi também um homem de cultura, com interesse pela música e pela pintura. Fundou a Banda de Alvarenga, financiando a compra dos seus primeiros instrumentos, e fez da Brasileira do Chiado, o primeiro museu de arte moderna em Lisboa. No Brasil, ainda no século XIX, passou pela imprensa e pela política, tendo sido Vereador da Câmara da cidade onde casou e se estabeleceu. Em 1908, faz uma remodelação, criando, então, a cafeteria.

FERNANDO PESSOA (1888-1935)

Nascido a 13 de junho de 1888, em Lisboa, Fernando Pessoa destacou-se como o mais universal dos poetas portugueses. A sua infância foi passada na África do Sul numa escola católica, onde recebeu uma educação britânica que lhe proporcionou um profundo contacto com a língua inglesa e que lhe abriu a porta para alguns trabalhos de tradução de obras literárias como Shakespeare ou Edgar Allan Poe.

Depois de uma juventude vivida em Durban, Fernando Pessoa regressa definitivamente a Lisboa com 17 anos, isolando-se da família, e começa a contatar com artistas e escritores portugueses em encontros e tertúlias regulares nos cafés mais emblemáticos da cidade, como a Brasileira do Chiado, que viria a homenageá-lo por ocasião do centenário do seu nascimento, numa estátua da autoria do mestre Lagoa Henriques.

Em 1915 participou, com Almada Negreiros, Santa-Rita Pintor e Mário de Sá Carneiro na revista literária Orpheu, que nasceu justamente nas mesas d’A Brasileira e que lançou o movimento modernista em Portugal, causando algum escândalo e muita controvérsia numa época em que reinava o conservadorismo.

Ao longo da vida foi também filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentador político, embora nenhuma com o prazer imenso que a poesia lhe oferecia. Foi sempre um frequentador assíduo d’A Brasileira nos seus muitos heterônimos: Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.

Em vida, publicou apenas quatro das suas obras: em inglês, sendo a Mensagem a única em português, mas também a mais impressionante de todas. Morreu com 47 anos, tendo deixado um legado de incalculável valor literário e cultural da língua portuguesa. Robert Hass, poeta americano, dizia: "Outros modernistas inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente... Pessoa inventava poetas inteiros."

 

 














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