terça-feira, 18 de julho de 2023

EFEMÉRIDES: HÁ 67 ANOS, EM 18 DE JULHO DE 1956 FOI CONSTITUÍDA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN. LEMA: A ARTE, O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA, NUM MUNDO MAIS JUSTO, SUSTENTÁVEL E DIVERSO.


Uma Fundação internacional, com sede Lisboa em Portugal, que promove o desenvolvimento de pessoas e organizações, através da arte, da ciência, da educação e da beneficência, para uma sociedade mais equitativa e sustentável. A Fundação inclui um museu, um centro de artes, uma orquestra e um coro, uma biblioteca de arte e arquivo, e um instituto de investigação científica. A Fundação tem recursos financeiros e operacionais, reputação e experiência de décadas, capacidade de convocatória, independência e flexibilidade, e capacidade de inovar e apostar em iniciativas de longo prazo.

Promove um maior acesso à cultura e o poder transformacional da arte no desenvolvimento das pessoas e das sociedades. 

Contribui para reduzir desigualdades no acesso à educação e aos cuidados dos mais vulneráveis.

Promove o conhecimento, a investigação científica, e uma maior participação e envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil, na construção de comunidades mais sustentáveis. 

Uma equipe alargada de colaboradores e parceiros que contribui diariamente para assegurar a missão da Fundação.

A Fundação desenvolve também programas e projetos inovadores e apoia, através de bolsas e subsídios, instituições e organizações sociais em Portugal, no Reino Unido e em França, bem como nos países africanos de língua oficial portuguesa e nas comunidades armênias. 

A coleção reunida em vida por Calouste Gulbenkian, o perfil do Colecionador e o edifício do Museu, criado de raiz para acolher este acervo. A visita virtual 360º e a plataforma Google Arts & Culture permitem também explorar as coleções do Museu. 


O edifício do Museu Calouste Gulbenkian, projeto dos arquitetos Ruy Jervis d’Athouguia, Pedro Cid e Alberto Pessoa (1969), foi construído para integrar um acervo de cerca de seis mil peças reunidas por Calouste Sarkis Gulbenkian e encontra-se na zona norte do jardim Gulbenkian. Nas suas galerias, expõe-se um conjunto de cerca de mil peças distribuídas pelos núcleos de Arte Egípcia, Greco-Romana, Mesopotâmia, Oriente Islâmico, Armênia, Extremo Oriente e, na arte do Ocidente, Escultura, Arte do Livro, Pintura, Artes Decorativas francesas do século XVIII e obras de René Lalique.



De origem arménia, Calouste Sarkis Gulbenkian nasce em Üsküdar, na Turquia, em pleno Império Otomano. Em 1896, devido à perseguição a que estava sujeita a comunidade arménia, Gulbenkian abandona a Turquia com a família. Após uma breve passagem pelo Cairo, fixa-se em Londres e adquire a nacionalidade britânica. Posteriormente, compra um palacete localizado na Avenue d’Iéna, em Paris. Com o eclodir da Segunda Guerra Mundial, Gulbenkian fixa-se em Lisboa até à sua morte em 1955.


Retrato de família, 1952. Sentados, Calouste e sua mulher Nevarte Gulbenkian. De pé, da esquerda para a direita: Kevork e Rita Essayan (genro e filha do colecionador), Robert Gulbenkian (sobrinho), Mikhael Essayan (único neto) e o filho Nubar Gulbenkian e a sua mulher







Retrato de Sara Andriesdr. Hessix 

Frans Hals

Representa-se na tela Sara Andriesdr. (filha de Andries) Hessix, mulher de Michiel Jansz. van Middelhoven, pastor da cidade de Voorschoten, perto de Leiden, personagem igualmente retratada por Frans Hals em pintura cuja localização atual se desconhece. As duas obras constituíram um par e foram, ao que se julga, realizadas para comemorar o 40.º aniversário do seu casamento, celebrado em 1586.

A composição veio a servir de protótipo para retratos semelhantes executados posteriormente, constituindo a primeira representação do pintor de uma figura feminina sentada de tamanho natural. A obra reporta-se a uma fase em que o estilo de Frans Hals manifesta ainda um cuidado rigoroso de finalização, opção que o pintor abandonará posteriormente ao adotar uma pincelada de registo mais espontâneo. A composição integra-se na melhor tradição holandesa do género e deixa transparecer a austeridade que caracteriza o retrato burguês da época.



Autorretrato

Nicolas-Bernard Lépicié

A obra foi provavelmente exposta no Salon de Paris de 1777 como par de O Astrónomo, também pertencente à Coleção Gulbenkian. As duas pinturas, em formato oval, apresentam semelhanças evidentes do ponto de vista formal.

Para a identificação da figura contribuiu o testemunho decisivo de Gabriel de Saint-Aubin (1724-1780), artista que, em anotação à margem da entrada n.º 17 do catálogo da referida edição do Salon, fez menção a «Deux portraits sous le même numéro … dont ce lui de l’auteur». A outra obra mencionada por Saint-Aubin reporta-se à citada representação de O Astrónomo.

Lépicié esteve particularmente à vontade no retrato realista que, com as cenas de género, fez a sua reputação. O tranquilo intimismo da composição inscreve-se, por sua vez, na melhor tradição francesa da época e denota a influência de Jean-Siméon Chardin. O novo estatuto das artes e a tendência para integrar o homem no seu universo quotidiano explicam a difusão de retratos de artista «ao natural», categoria na qual esta obra se inscreve. 













«Fêtes galantes»

Paul Verlaine

Ilustração de George Barbier (1882-1932)
Encadernação assinada por Georges Cretté (1893-1969) 

A coletânea poética reunida sob o título Fêtes galantes foi publicada pela primeira vez em 1869. O seu autor, Paul Verlaine, poeta simbolista, explora temas como a sedução e a frivolidade de pendor erótico, que surgem sob o signo da musicalidade, da mascarada, da festa. Este é o cenário apropriado para o autor explorar a ambiguidade dos sentimentos amorosos, que oscilam entre a euforia e o desalento.

O volume na Coleção Gulbenkian, edição muito cuidada de bibliófilo, contém todas as aguarelas originais concebidas por George Barbier, que serviram de base às ilustrações, gravadas em duas provas de estado, uma a cores e outra a preto e branco. A gramática utilizada por Barbier, ilustrador de revistas de moda e desenhador para o teatro e o cinema, reinterpreta o tema da «festa galante», evocativo dos ambientes de WatteauBoucher ou Fragonard, atualizando-o segundo a gramática Déco, mas tendo sempre presente as palavras de Verlaine. Imbuído por uma beleza idealizada, o ilustrador não deixa de citar os aspetos mais libertinos e sedutores dos personagens, bem como o excesso e o humor característicos da Comedia dell’arte.

A Georges Cretté, sucessor de Marius-Michel, figura de relevo no âmbito da encadernação francesa do século XX, Calouste Gulbenkian encomendou que «vestisse» o livro, certamente na procura de coerência estética entre texto, ilustração e encadernação. Refira-se que a simplicidade foi a opção de Cretté, merecedora do pronto reconhecimento do colecionador.    




Palas Atena

Rembrandt Harmensz van Rijn

O tema desta obra tem sido, tal como a sua origem e cronologia, motivo de controvérsia para os especialistas. Também a autoria da pintura mereceu contestação, acreditando-se hoje, todavia, que a composição terá sido realizada por Rembrandt e um aluno. Essa possibilidade é apoiada no exame do desenho subjacente, no qual é visível a força expressiva da mão do mestre, menos evidente em algumas zonas da obra acabada. A personagem, de aparência andrógena, segura na mão direita uma lança, exibindo na esquerda um escudo decorado com a cabeça de Medusa e as suas serpentes características. Este elemento e a coruja que encima o capacete são símbolos da deusa Atena. A tela foi cortada na base e na margem esquerda. A figura lembra outras representações de Tito (n. 1641), filho do pintor, que poderá ter posado para esta obra.

Foi sugerida, entre outras, a hipótese de o artista ter sido convidado a pintar a deusa Minerva por ocasião da celebração da Festa de São Lucas, em Amesterdão, em 1654. Mais recentemente foi sustentada a tese de que a pintura poderá ter feito parte de uma trilogia clássica incluindo Vénus (Museu do Louvre, Paris)Juno (Armand Hammer Museum, Los Angeles) e esta representação de Palas Atena. O conjunto terá pertencido a Herman Becker (c. 1617-1678), negociante de arte que esteve, possivelmente, na origem da encomenda a Rembrandt. Acredita-se que o pintor se poderá ter inspirado num conjunto de gravuras realizadas em 1646 por Wenzel Hollar (1607-1677) a partir de composições da autoria de Adam Elsheimer (1578-1610), cujos títulos incorporam também denominações gregas e romanas. 





Festa Galante

Nicolas Lancret

A pintura fez parte da Coleção de Frederico o Grande, rei da Prússia (1740-1786), grande admirador de Lancret e detentor de mais 26 pinturas da sua autoria. Provavelmente executada no início da década de 1730, a obra deixa transparecer semelhanças estilísticas com Dança entre o Pavilhão e a Fonte (1732) e Dança Diante de Uma Árvore (1730-1735), ambas pertencentes ao Castelo de Charlottenburg, em Berlim. No Ackland Art Museum, na Carolina do Norte, existe o estudo para a figura masculina reclinada à esquerda da composição, de meados da década de 1720.

Introduzida em França por Claude Gillot (1673-1722), a Festa Galante, designação genérica que serve de título à obra, consiste num tipo de representação de cenas requintadas situadas ao ar livre, reunindo personagens de aparência elegante em agradável convívio mundano. As figuras encontram-se dispostas no espaço da composição de forma cenográfica, consequência da influência determinante que o teatro exerceu sobre este género de representação.


Fundação Calouste Gulbenkian, 

para toda a humanidade.

ORIGINAL CLICAR NO LINK:

https://www.youtube.com/watch?v=FveRjUaZVpI 


A paixão de Calouste Gulbenkian pela arte revela-se cedo. Como poderia ser de outro modo nesta família oriunda da Capadócia cuja cidade de origem, Cesareia, evoca naturalmente o nascimento das grandes religiões e consequentemente a paixão pelas artes? Quanto a Constantinopla, que fez também parte do cerne da educação de Calouste Gulbenkian, esta cidade era por excelência uma encruzilhada de civilizações (capital dos Romanos, depois dos Gregos e mais tarde dos Turcos Otomanos). Daí resultou uma paixão intrínseca pelas artes que se traduziu pela aquisição de uma coleção de obras de arte prodigiosa. 

É acima de tudo a beleza dos objetos que lhe interessa. Junta, ao longo da vida, ao sabor das viagens e conduzido pelo seu gosto pessoal, por vezes após longas e laboriosas negociações com os melhores peritos e comerciantes especializados, uma coleção muito eclética, única no mundo. São hoje mais de 6000 peças, desde a Antiguidade até ao princípio do século XX. O seu apego às obras que vai adquirindo é tal que as considera suas «filhas».

A coleção de pintura de Calouste Gulbenkian inclui obras de Bouts, Van der Weyden, Lochner, Cima da Conegliano, Carpaccio, Rubens, Van Dyck, Frans Hals, Rembrandt, Guardi, Gainsborough, Rommney, Lawrence, Fragonard, Corot, Renoir, Nattier, Boucher, Manet, Degas e Monet. De entre os trabalhos de escultura, figura o original em mármore da célebre Diana, de Houdon, que pertenceu a Catarina da Rússia, e que Gulbenkian adquiriu ao Museu Hermitage em 1930.


A Fundação Calouste Gulbenkian está situada junto à Praça de Espanha, no interior de um jardim com uma área de 7,5 hectares. A entrada principal localiza-se na Avenida de Berna, 45A. Lisboa - Portugal.


Calouste Sarkis Gulbenkian 





CRÉDITOS DOS TEXTOS E IMAGENS TOTALMENTE



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