Diáfana qual sílfide singela,
Formosa mais que as flores, ela enfeita
a relva da campina onde se deita;
Parece uma pintura em aquarela.
Ao vê-la frágil, bela e tão prefeita,
Apaixonou-se o Zéfiro por ela.
E, enamorado, a escultural donzela
Segue invisível, cauteloso, espreita.
Mas eis que chega o noivo de repente,
Toca-lhe a face, aspira o seu perfume
E afaga seus cabelos mansamente...
Em doce idílio, beijam-se afinal.
E o Vento em fúria, louco de ciúme,
Transforma-se em terrível vendaval.
(1996)
Para o poeta Luna Fernandes
Livro Revelação, Neide Barros Rêgo, página 36.
A VOLTA DO ZÉFIRO
Depois de transformar-se em louco vendaval
- carrasco a percorrer desertos, montes, mares -,
Florestas devastando e destruindo lares,
buscando extravasar o ciúme infernal...
Após perder a amada, em luta desigual,
- ela que, sem saber, causou tantos pesares -,
Alma perdida e só, em mil e um lugares,
O Zéfiro, a sofrer, voltou, e mais brutal.
Mas, chegando ao castelo, e o Vento se enternece;
Esquece o ódio, a dor e tudo mais esquece,
E se comove ao ver, de sua amada, a luz,
A luz que vem do amor, de delicado brilho,
Ao fitar, com doçura, os olhos de seu filho
Como se olhasse o azul dos olhos de Jesus.
(1997)
Para o poeta Romildes de Meirelles.
Livro Revelação, Neide Barros Rêgo, Página 37.
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