A
Natividade de Cristo tem sido um tema maior na arte Ocidental desde o século
IV. As representações artísticas da Natividade, ou nascimento de Jesus,
celebradas durante o Natal, são baseadas nas narrativas da Bíblia, sobretudo
nos evangelhos de Mateus e Lucas, e mais tarde desenvolvidas pela tradição
oral, escrita e artística.
A
arte Cristã compreende imensas formas de representação da Virgem Maria e do
menino Jesus. Uma parte significativa são composições que representam a Madona
e o Menino ou Virgem e o Menino, não sendo normalmente representações diretas
de cenas da Natividade, e sim objetos simbólicos que representam determinada
faceta ou atributo da Virgem Maria ou de Jesus. Pelo contrário, as cenas da
Natividade, são assumidamente ilustrativas e incorporam imensos detalhes
narrativos, sendo um elemento comum nas sequências que ilustram os temas tanto
da Vida de Cristo como da Vida da Virgem.
A
Natividade tem sido representada em diferentes suportes, tanto pictóricos como
escultóricos. Nos suportes pictóricos incluem-se murais, pintura de painel,
iluminuras, vitrais e pintura a óleo. O tema da Natividade é frequentemente
usado em retábulos, conjugando elementos de pintura com escultura. Nas
representações escultóricas incluem-se miniaturas de marfim, arte tumulária, e
elementos arquitetônicos como capitéis, entalhes de portas, e estatuária.
A
estatuária relacionada com a Natividade toma frequentemente a forma de
presépios, encenações temporárias da cena da Natividade nas igrejas,
residências, espaços públicos ou naturais. A escala das figuras pode variar
entre a miniatura até à escala real. Estas encenações têm origem provável nos
tableau vivant de Roma, embora São Francisco de Assis tenha sido o principal
impulsionador desta tradição, que se mantém até aos nossos dias, sendo comum o
comércio de figuras da Natividade em porcelana, plástico ou papel.
Mestre
de Vyšší Brod, mestre Boémio, c. 1350. A influência da pintura Bizantina
Italiana na corte de Carlos IV era notável.
História
da Natividade
O
estábulo encontra-se fora das muralhas da cidade, com os pastores na colina por
trás; Eslováquia, c.1490
O
conjunto dos temas relacionados com a Natividade têm início com a genealogia de
Jesus, conforme referida nos evangelhos de Mateus e de Lucas. Esta linhagem, ou
árvore genealógica é frequentemente representada visualmente por uma árvore de
Jessé, que floresce a partir de Jessé, pai do rei David.
Nos
evangelhos, relata-se que a Virgem Maria foi nubente de José, mas antes de ser
sua esposa de pleno direito, um anjo apareceu-lhe anunciando que daria à luz
uma criança que seria o Filho de Deus. Este evento, referido como a Anunciação
é frequentemente representado na arte. O Evangelho de Mateus relata que um anjo
desvaneceu os receios de José ao descobrir a gravidez de Maria, e instruiu-o
para dar o nome de Emmanuel ("Deus conosco") à criança e a chamar a si
a responsabilidade por ela. Esta última cena apenas ocasionalmente tem
manifestações na arte.
O
evangelho de Lucas, José e Maria viajam até Belém, cidade dos parentes de José,
de forma a serem incluídos nos censos. Esta viagem é um tema muito raro no
Ocidente, mas exibido nalguns ciclos bizantinos de grandes dimensões. Na
viagem, Maria deu à luz o infante, num estábulo, uma vez que não haveria vagas nas
estalagens. É nesta situação que aparece um anjo aos pastores nas proximidades,
indicando-lhes que "Cristo Salvador" tinha nascido. Os pastores
deslocam-se ao estábulo e observam o bebê enrolado em vestes e no comedouro dos
animais, tal como o anjo lhes havia descrito.
No
calendário litúrgico, a Natividade é sucedida pela circuncisão de Jesus no dia
1 de Janeiro, que apenas é mencionada brevemente nos evangelhos, e que se
assume ter ocorrido de acordo com a lei e costume Judaicos. A Apresentação de
Jesus no Templo é celebrada dia 2 de Fevereiro e descrita por Lucas. Ambos os
eventos têm tradição iconográfica, não coberta por este artigo.
A
narrativa é retomada no evangelho de Mateus e relata que sábios do oriente
avistaram uma estrela, tendo-a seguido, acreditando que os levaria ao novo rei.
Ao chegar a Jerusalém dirigem-se ao palácio onde o rei poderia ser encontrado,
e questionam o déspota residente, o rei Herodes, que se mostra inquieto perante
uma eventual usurpação, tendo pedido que o informassem caso encontrassem a
criança. Os magos seguem a estrela até Belém, onde oferecem à criança ouro,
incenso e mirra. São então avisados num sonho que Herodes pretendia matar a
criança, e para regressarem à sua terra por outro caminho. Embora os evangelhos
nunca cheguem a mencionar o número dos magos, a tradição narrativa extrapolou
que, uma vez oferecidas três prendas, haveria três sábios, os quais eram
tratados normalmente por "reis", daí a designação "Três Reis
Magos". É como reis que são quase sempre representados na arte a partir de
900. Há uma grande variedade de temas envolvendo estas figuras, mas a Adoração
dos Magos, no momento em que oferecem as suas prendas e, na tradição Cristã,
veneram Jesus, é de longe o mais popular.
Tanto
a Anunciação aos Pastores como a Adoração dos Pastores, que representa a
veneração dos pastores ao recém-nascido, são frequentemente conjugados com o
tema da Natividade e a visita dos Magos desde muito cedo. O primeiro representa
a divulgação da mensagem de Cristo ao povo Judeu e o último aos infiéis.
Há
também séries de obras de arte muito detalhadas, desde vitrais até ciclos de
frescos que mostram cada faceta da narrativa, e que são parte de um dos dois
temas mais populares para ciclos narrativos na história da arte: a Vida de
Cristo e a Vida da Virgem. É também uma das doze Festividades da Igreja
Ortodoxa, um ciclo popular na arte Bizantina.
A
narrativa prossegue com o Rei Herodes questionando os seus conselheiros sobre
antigas profecias que descrevam o nascimento de tal criança. Como resultado,
ordena ao exército que mate cada criança do sexo masculino mais novo que dois
anos na cidade de Jerusalém. No entanto, José teria sido avisado num sonho, e
foge com Maria e Jesus para o Egito. A cena do Massacre dos Inocentes, como é
referenciado o assassínio das crianças, foi um tema particularmente popular
durante a Alta Renascença e o Barroco. A Fuga para o Egito foi outro tema popular,
mostrando Maria com o bebê montada num burro e conduzida por José, aludindo à
iconografia bizantina mais antiga da Viagem a Belém.
A
partir dos primitivos flamengos do século XV em diante, foi mais comum a
representação dos temas não bíblicos da Sagrada Família em repouso durante a
viagem, tema designado por Repouso na Fuga para o Egito, onde são
frequentemente acompanhados por anjos, e nalguns casos, sobretudo em pinturas
mais antigas, por uma criança mais velha que pode ter representado Tiago, irmão
do Senhor, interpretado como sendo filho de José de um casamento anterior. O
fundo destas cenas, até à revisão do Concílio de Trento, é composto por vários
milagres apócrifos, e uma das primeiras manifestações do gênero da pintura de
paisagem. No Milagre do milho, os soldados interrogam os camponeses,
perguntando quando é que a sagrada Família terá passado, ao que respondem que
terá sido quando semearam o trigo. Contudo, o trigo tinha milagrosamente
crescido. No Milagre do ídolo, uma estátua pagã cai do seu pedestal quando
Jesus passa por ela, e uma fonte aparece no deserto (originalmente separados,
estes milagres passam a ser conjugados na mesma representação). Em cenas menos
frequentes, um grupo de assaltantes desiste da tentativa de assalto aos
viajantes e uma palmeira dobra-se para permitir colher os seus frutos.
Outro
tema é o encontro de Jesus infante com o seu primo, o infante João Batista que,
de acordo com o mito, foi resgatado de Belém antes do massacre pelo arcanjo
Uriel, tendo-se juntado à Sagrada Família no Egito. Este encontro das duas
crianças sagradas foi amplamente pintado durante o Renascimento, depois de ter
sido popularizado por Leonardo da Vinci e Rafael.
História
da representação
Nos
primeiros séculos da Cristandade, a festividade da Epifania, em comemoração a
visita dos Reis Magos, tinha maior importância do que o Natal. O primeiro registro
chegado até nós da celebração do Natal data de 354 e a mais antiga
representação pictórica da Natividade de Jesus são os sarcófagos de Roma e da
Gália do sul, também por volta desta data. São posteriores às primeiras cenas
da Adoração dos Magos, que aparecem já nas catacumbas de Roma, onde os cristãos
primitivos enterravam os mortos, muitas vezes decorando as paredes das
passagens subterrâneas com pinturas. Muitas delas são anteriores à legalização
do culto Cristão pelo Imperador Constantino no início do século IV. Normalmente
os magos são representados juntos, segurando as oferendas à sua frente, em direção
à Virgem que se encontra sentada com Cristo ao colo. A iconografia é muito
semelhante aos prestadores de Tributo muito frequente na arte de maior parte
das culturas do Mediterrâneo e do Médio Oriente, recuando até cerca de dois milênios
no caso do Egito. Nas arte Romana da época, os Bárbaros derrotados entregam
frequentemente grinaldas douradas ao Imperador entronado.
As
representações primitivas da Natividade são bastante simples, apenas mostrando
o infante, levemente envolto em roupagens, deitado perto do chão num cesto de
palha. A vaca e o burro estão sempre presentes, mesmo quando Maria ou qualquer
outro humano não o está. Embora os animais não sejam mencionados nos
evangelhos, a sua presença era ceite e confirmada por alguns versículos do
antigo testamento, como em Isaías 1,3.
FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Natividade_de_Cristo_na_arte
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