Antero Tarquínio de Quental foi um verdadeiro líder intelectual do Realismo em Portugal. Líder da Geração de Coimbra, um grupo de jovens poetas associados à Universidade de Coimbra na década de 1860, que se revoltaram contra o romantismo em uma batalha pela criação de um novo ponto de vista na literatura e na sociedade. Dedicou-se à reflexão dos grandes problemas filosóficos e sociais de seu tempo, contribuindo para a implantação das ideias renovadoras da geração de 1870.
Antero Tarquínio de Quental nasceu na localidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal, no dia 18 de abril de 1842. Filho do combatente Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia iniciou seus estudos em Ponta Delgada.
Em 1858, com 16 anos, Antero de Quental ingressou no curso de Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se o líder dos acadêmicos, graças à sua marcante personalidade.
A religiosidade herdada da mãe e os exemplos do pai e do avô, que sempre se opuseram ao absolutismo, aliados a uma grande sensibilidade, fizeram com que se preocupasse desde cedo com os problemas sociais.
Em Coimbra, Antero de Quental organizou a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura. Em 1861 publicou alguns versos que lhe abriram o caminho para as glórias futuras.
Ainda estudante de Coimbra, Antero de Quental liderou um grupo de estudantes que repudiava as velhas ideias do Romantismo causando uma polêmica entre a velha e a nova geração de poetas.
Em 1864, Teófilo Braga publicou dois volumes de versos: Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras. No ano seguinte, Antero editou “Odes Modernas”.
Em “Odes Modernas”, Antero rompeu com toda a poesia tradicional portuguesa, quando foram banidos o romantismo, o sentimentalismo e a religiosidade lírica, e surgiram, com força, as ideias de liberdade e justiça.
Os poemas foram criticados pelo poeta romântico Antônio Feliciano de Castilho, que acusou Antero de exibicionismo, obscuridade e de abordar temas que nada tinham a ver com a poesia.
Antero de Quental respondeu à crítica em uma carta aberta a Castilho, intitulada Bom Senso e Bom Gosto, na qual Castilho é acusado de obscurantismo.
Antero defendeu a liberdade de pensamento e a independência dos novos escritores. Atacou o academismo e a decadente literatura romântica e pregou a renovação.
Nascia assim a “Questão Coimbrã”, como ficou conhecida essa polêmica que passou a ser o marco divisor entre o Romantismo e o Realismo.
Após intensa polêmica entre os conservadores e os que, como ele, se opunham às correntes filosóficas então em voga o determinismo e o positivismo, Antero de Quental resolveu viver como operário.
Embarcou para Paris, decidido a aprender tipografia. Trabalhou durante dois anos como tipógrafo, mas com a saúde debilitada, regressou para Lisboa em 1868 e iniciou uma fase de intensa militância.
Criou com outros literatos, entre eles Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro, o "Grupo Cenáculo". Foi um dos fundadores do "Partido Socialista Português" e aderiu à “I Internacional”. Em 1869 fundou o jornal "A República", junto com Oliveira Martins.
Em 1871, Antero de Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins e Ramalho Ortigão, organizaram uma série de "Conferências Democráticas", que foram realizadas no Cassino Lisbonense, com o intuito de realizar uma reforma na sociedade portuguesa.
Com um extenso programa, foram realizadas quatro conferências: a primeira foi feita por Antero de Quental, com o tema: “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares”.
Quando estava para ser realizada a V Conferência, o ministro do reino não permitiu a apresentação, acusando os conferencistas de terem intenções subversivas.
Apesar da crítica severa das autoridades, o grupo conquistou seu objetivo e solidificou as raízes artísticas do Realismo Português.
Em 1872 passou a editar, em colaboração com José Fontana, a revista O Pensamento Social.
Essa geração, também chamada “Geração de 70”, se dispersou após a repressão às conferências do cassino.
A carreira poética de Antero de Quental apresenta três fases, de acordo com as modificações operadas em seu espírito: Fortemente influenciadas pelo idealismo hegeliano e o socialismo de Proudhon, Antero publicou “Odes Modernas” (1865).
A obra está impregnada de realismo radical. Nela o poeta compõe poesias como reflexo da Revolução.
Entretanto, sua excessiva sentimentalidade impediu a realização de uma poética totalmente reformista. Com uma atitude paradoxal, ora se prende à tradição religiosa, ora se dedica à ação social.
Em 1871, Antero de Quental publicou “Primaveras Românticas”, na qual se encontram versos marcados pelos valores do Romantismo.
Vítima de tuberculose, entre 1873 e 1874, Antero de Quental viveu uma fase de desilusões. Entre 1879 e 1886, Antero se transferiu para a cidade do Porto, onde publicou sua melhor obra poética "Sonetos Completos", de nítido sentido autobiográfico.
Antero de Quental, sofrendo com uma
depressão, comprou um revólver e se suicidou no dia 11 de setembro de 1891, em
Ponta Delgada, Portugal.
OBRAS POÉTICAS DE ANTERO DE QUENTAL
Sonetos de Antero (1861)
Odes Modernas (1865)
Primaveras Românticas (1872)
Sonetos Completos (1886)
Raios de Extinta Luz (1892)
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